Durante o Advento, a liturgia, pouco a pouco, foi construindo diante de nós um presépio vivo. Já bem perto do Natal aparece a figura de José, um homem justo, e Maria, a mulher que foi escolhida para ser Mãe do Filho de Deus. Na quarta semana do Advento, este presépio vivo está quase completo, só falta Alguém, cujo nascimento iremos celebrar no Natal.
Sofonias foi contemporâneo de Jeremias; no tempo de Sofonias a cidade de Jerusalém estava ocupada por uma potência estrangeira e o povo estava no pecado. Então esse profeta quer trazer de novo o povo para Deus. E anuncia a este a vinda do Senhor. A alegria anunciada pelo profeta vem sempre acompanhada pela esperança. Não é uma alegria só pela visita de Deus a Jerusalém, é uma alegria profunda que brota do coração e transborda. É a alegria daquele que tem a certeza de que é amado por Deus. Essa alegria profunda é possível até mesmo em meio ao sofrimento e às provações. O povo, como disse, havia perdido a confiança no Senhor e havia multiplicado seus pecados e o profeta [Sofonias] quer colocar ordem e levar a todos para o caminho do Senhor (cf. Sofonias 1.2.3).
O Papa Bento XVI fez reflexão sobre o Espírito Santo dizendo que “Deus é o fundamento não só do universo, mas também da nossa vida”. E quando esse fundamento está desordenado as coisas do nosso coração também ficam desordenadas. Quando o coração se fecha para o Todo-poderoso, tudo perde o sentido. A teologia define pecado como um voltar as costas para Deus, um voltar-se de modo desordenado para as coisas. Precisamos, antes de tudo, colocar em ordem nossa relação com o Senhor para que nossa vida fique ordenada. É essa mensagem que o profeta Sofonias procura passar ao povo de Israel.
“Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (São Lucas 1,39-42).
Quando Cristo chega existe sempre a alegria, porque Cristo corresponde àquele anseio profundo que existe no ser humano. Como trouxe alegria à casa de Isabel, a traz também por onde Ele passa. Esse encontro de duas mulheres tem ainda um outro sentido importante: Isabel representa o Antigo Testamento e Nossa Senhora, o Novo Testamento. Porque o Novo está escondido no Antigo e é só a partir de Jesus Cristo que podemos entender o sentido do Antigo Testamento. Essa viagem de Maria à casa de Isabel nós mostra que a Santíssima Virgem é a estrela e a pedagoga da evangelização. Maria mostra que evangelizar não é só anunciar Cristo, é estar com Cristo.
Eu creio que a Palavra de Deus, que acabamos de ouvir, nos ajuda a entender o mistério do Natal que estamos prestes a viver.
“Exultai no Senhor, ó justos, pois aos retos convém o louvor. Celebrai o Senhor com a cítara, entoai-lhe hinos na harpa de dez cordas. Cantai-lhe um cântico novo, acompanhado de instrumentos de música, porque a palavra do Senhor é reta, em todas as suas obras resplandece a fidelidade: ele ama a justiça e o direito, da bondade do Senhor está cheia a terra. Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e pelo sopro de sua boca todo o seu exército” (Salmo 32, 1-6).
Deus criou o céu e a terra e guia os povos com a sabedoria da Sua Palavra. Santo Agostinho, comentando esse salmo, fala que o canto novo é canto nascido a partir do batismo. Essa grande homem de Deus também afirma que nós devemos entoá-lo [este canto novo] com os lábios, com o coração e com a vida.
Querido monsenhor, a sua vida tem sido um canto novo de evangelização! Estamos reunidos para agradecer a Deus o dom da vida, que Ele lhe concedeu. Hoje você, olhando para trás, pode louvar a Deus com os seus lábios e seu coração um canto novo. Neste dia você pode levar a Deus uma “canção nova”!