Foi bom nós começarmos com esta música, pois ela diz: “Eu quero ter um coração de criança para amar o meu Pai".
Este acampamento de fim de ano nos fala da misericórdia de Deus. Eu quero dizer para você: não tenha medo de Deus! Infelizmente, há muitas pessoas que, pelo fato de não terem o coração de criança que deveriam ter, acabam tendo medo de Deus, fugindo d'Ele. Diga comigo: ”Eu não posso ter medo de Deus.”
Para você entender o por que não devemos ter medo de Deus, vamos ler o Salmo 102 (103), 13:
“Como um pai tem piedade de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem, porque ele sabe de que é que somos feitos, e não se esquece de que somos pó.”
Ouça: Eu quero ter um coração de criança
Nesta palavra "compaixão" você pode colocar também "misericórdia". Veja, quando o salmo diz que Deus sabe que somos feitos de pó, significa que Ele sabe que nós erramos, que falhamos, que temos tendências em nosso coração não muito boas. Como o Senhor sabe que somos pó, Ele tem misericórdia de nós. Nós achamos que Ele tem misericórdia somente com os perfeitos e que vai julgar os que eram. Mas não é assim. Ele tem misericórdia de todos nós porque sabe que erramos.
Miquéias 7,18: “Qual é o Deus que, como vós, apaga a iniqüidade e perdoa o pecado do resto de seu povo, que não se ira para sempre porque prefere a misericórdia?” Este profeta está impressionado porque existe um Deus, um Pai assim. E prossegue: "Uma vez mais, tende piedade de nós! Esquecei as nossas faltas e jogai nossos pecados nas profundezas do mar!” (cf. 19).
A misericórdia de Deus se manifesta quando nós pecamos. Deus só tem duas opções: Ou Ele nos destrói ou nos pega nos braços. Graças a Deus, Ele fica com a segunda opção. existem pessoas que não entendem isso. Sabe por que é difícil o entendimento delas? Porque quando, por exemplo, alguém nos calunia e nos faz algum mal, em nosso humano queremos acabar com essa pessoa. Portanto, achamos que Deus fará isso também. Achamos que, como o Senhor é Todo-Poderoso, Ele também vai querer acabar conosco quando erramos. Mas dentro do coração de Deus não existe maldade. Ele só tem a capacidade de amar.
Depois que Adão e Eva quiseram ser como Deus só aconteceram fragilidades. Nós tentamos, mas, de repente, caímos novamente, por exemplo: percebemos que estamos julgando alguém, então vamos nos confessar fazendo o propósito de não o julgarmos mais. Mas, mal saímos do confessionário e já julgamos o outro de novo. Quem não tem um coração de criança vai começar a pensar que Deus vai condená-lo. É isso que o tentador coloca em nós. Há pessoas que, sabendo que são frágeis, já pensam em não se confessar porque sabem que vão cair de novo. Esse aí está "frito".
Mas se eu peco e me confesso, admitindo que "pisei na bola", o Senhor me perdoa. Deus é paciente. Eu não quero cair [pecar], mas se caio de novo, devo me confessar. Isso é santidade.
Ouça: O pecado do filho pródigo
Olhamos para a imagem de Santo Antônio, com lírios nas mãos, ou da Santa Teresinha, com uma cruz e rosas nas mãos, olhando para cima, e achamos que é impossível ser assim como eles. Você não precisa tentar conquistar Deus com "olharzinho" de piedade, imitando as imagens de santos. Você pode dizer para Deus: "Tenha piedade de mim, Senhor, pois pequei".
Veja Timóteo 1, 12: “Dou graças àquele que me deu forças, Jesus Cristo, Nosso Senhor, porque me julgou digno de confiança e me chamou ao ministério, a mim que outrora era blasfemo, perseguidor e injuriador”. Ele está dizendo que o Senhor o chamou, não porque ele era "santinho". Há quem acha que para se seguir uma vocação, tem de ser alguém santinho, só pode ser padre quem já nasceu com um terço na mão rezando, que nunca "pisou na bola". Mas quem aqui nunca "pisou na bola"? O grande apóstolo São Paulo "pisou na bola", era blasfemo, soltou injúrias contra Nosso Senhor Jesus Cristo, matou cristãos e instigava outros a matá-los também. Nessa hora, era para Deus acabar com ele, mas o Senhor o pegou no colo. Paulo continua: “Mas alcancei misericórdia, porque ainda não tinha recebido a fé e o fazia por ignorância”. Ele alcançou misericórdia de Deus quando estava blasfemando. Vamos ver o que diz em Atos 9,1: "Enquanto isso, Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Apresentou-se ao príncipe dos sacerdotes, e pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, com o fim de levar presos a Jerusalém todos os homens e mulheres que achasse seguindo essa doutrina”.
Se você é cristão e estivesse naquele tempo, Paulo teria feito isso com você também. Ele mandou uma carta para acabar com todos os cristãos.
“Durante a viagem, estando já perto de Damasco, subitamente o cercou uma luz resplandecente vinda do céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?”
Na hora em que ele estava mandando perseguir e matar todo o mundo, Jesus lhe diz: "Saulo, Saulo , por que me persegues?" (Atos 9, 4b)
Se fosse eu [no lugar de Jesus], eu teria lhe dado um sopro e teria acabado com ele. Assim todos diriam: "Gente, estamos livres! Saulo morreu". Mas não foi isso que Jesus fez com ele. O Senhor diz: “Saulo, Saulo, por que me persegues? Saulo disse: Quem és, Senhor? Respondeu Ele: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. [Duro te é recalcitrar contra o aguilhão. Então, trêmulo e atônito, disse ele: Senhor, que queres que eu faça? Respondeu-lhe o Senhor:] 'Levanta-te, entra na cidade. Aí te será dito o que deves fazer'” (Atos 9, 5-6).
Nesse momento, Jesus mostra a misericórdia para Paulo. Este O reconhece e diz: “Senhor, o que queres que eu faça?” Jesus tinha duas opções: ou acabava com ele ou o acolhia. É por isso que ele disse em Timóteo: “Dou graças àquele que me deu forças, Jesus Cristo, nosso Senhor, porque me julgou digno de confiança e me chamou ao ministério, a mim que outrora era blasfemo, perseguidor e injuriador.”
Todos nós somos pecadores, não existe nenhum santinho. Ninguém pode se vangloriar achando que é melhor do que os outros. Estamos todos no mesmo patamar. Você é da descendência de Adão, e todos os que são da descendência de Adão, são pecadores. Entenda: não pense que você vai conquistar o Senhor sendo irrepreensível. Se conquista o Senhor dizendo a Ele: ”Tem misericórdia de mim, Senhor!”
Do Natal até o dia 28 eu me confessei duas vezes. Passou um momento e eu pequei de novo, voltei lá e me confessei novamente. Ao falar: "Pequei, Senhor" caem graças sobre mim, por reconhecer que sou pecador.
Eu tenho 22 anos de Renovação Carismática Católica [RCC] e ainda não criei vergonha na cara. Eu não tenho de ser perfeito para falar de Jesus; ao contrário, quanto mais eu falo d'Ele, mais eu tenho de criar vergonha na cara. O eu que não posso deixar de fazer é deixar de me confessar, de reconhecer os meus pecados. Os parentes de Jesus não são convertidos, quero que vocês saibam disso. Porque enquanto Ele estava pregando eles queria "pegá-Lo". Nós somos parentes de Jesus. Estamos todos no mesmo nível.
Deus vem e tem misericórdia de nós. Mas como é que Ele manifestou a sua graça? Vamos ler João 3, 16: “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado; por que não crê no nome do Filho único de Deus.”
Esta é a maior notícia que você pode dar neste ano de 2008! Ele poderia ter mandado uma foice para matar todo o mundo, mas O Senhor disse a Jesus para anunciar o seu amor. E Jesus morreu na cruz anunciando o amor de Deus, derramando o seu sangue por todo pecador.
Por isso, você não tem de "dar uma de santo" para chegar perto de Jesus. Claro, enquanto que não se reconhece o pecado, a misericórdia e a graça não se manifestam, mas quando se reconhece, a misericórdia acontece.
Você sabe qual foi o pecado do filho pródigo? Foi ter se afastado do pai. Mesmo que ele tivesse se dado muito bem com todo o dinheiro que ele tinha, tivesse se casado e constituído uma linda família, ele continuaria em pecado, pois estaria longe do pai. No momento em que ele estava comendo até mesmo comida de porco, o pai o acolheu.
Quando o pecador vem e grita: ”Tem piedade de mim, eu sou um miserável!” aí Deus derrama a sua graça, manifesta seu poder e o acolhe. Jesus nos diz que se estivermos com Ele, não vamos cair de novo nesta porcaria de pecado. Muitas vezes, nós pensamos que só podemos chegar perto de Jesus quando estamos sem pecado nenhum; mas, na verdade, Ele quer que venham a Ele todos aqueles que estão no "fundo do poço". A Igreja precisa estar cheia de pecadores, daqueles que estão no "fundo do poço" porque o Senhor não quer perder ninguém.
Com o passar dos tempos, eu percebo que tenho piorado, porque os pecados têm aumentado. Mas quem vai me livrar disto, meu Deus? Somente o Senhor. Por isso eu não vou desistir. Quando o tentador me disser que eu não vou conseguir, eu vou dizer que vou continuar lutando e lutando. Somente o Senhor é perfeito. É tempo de reconhecer a minha imperfeição. Porque quando nós julgamos determinada pessoa, no fundo, estamos afirmando que nós não somos como ela. Não fique se considerando melhor que os outros, porque estamos todos na mesma altura, no mesmo patamar.
Por isso, esposa, que você tenha paciência com o seu esposo. Por isso, esposo, que você tenha paciência com a sua esposa. Por isso, filhos, que vocês tenham paciência com os seus pais, e estes com os filhos.
Por isso na Carta aos Coríntios, Paulo fala que ele tem um "espinho na carne", o qual não permitia que se orgulhasse e se achasse melhor do que os outros. Então, Ele pede ao Senhor que retire isso dele, mas o Senhor lhe diz que a graça d'Ele lhe basta. Quem é que não tem um "espinho na carne?" O Senhor permite isso porque somente a graça d'Ele nos basta.
Vamos pegar essa passagem em II Coríntios 12, 7: “Demais, para que a grandeza das revelações não me levasse ao orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me esbofetear e me livrar do perigo da vaidade. Três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim. Mas ele me disse: Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força.”
Três vezes ele pediu a Deus que tirasse esse espinho dele. Assim também, quantas vezes, você caiu e o tentador lhe disse que você nunca iria ser santo. A maior humilhação para o carismático é quando alguém diz que ele pecou e é orgulhoso. Na verdade, temos de agradecer quando isso acontece e procurar logo nos confessar.
Sabe como é que os santos faziam? Eles procuravam os amigos mais próximos e perguntavam em que é que eles mais pecavam, onde é que eles estavam errando.
Mas nós dificilmente admitimos quando erramos, achamos que somos mais santos do que os outros.
Quando nós morrermos, se Deus nos levar para o céu – aí Ele e somente Ele – poderá dizer se somos santos. Mas até que isso aconteça, nós vamos caminhando e caminhando, pedindo perdão e recebendo a misericórdia de Deus.
Por isso, eu sou apaixonado por Jesus, porque nunca vi um Deus igual a Ele. E Ele faz tudo isso de graça. Existem pessoas que querem retribuir a Deus, mas a única coisa que podemos oferecer ao Senhor são os nossos pecados. Então, Ele derrama sobre nós o seu sangue e, aí sim, estaremos na graça. Deus que é misericordioso e nos perdoa. Diante desta infinita misericórdia divina, nós somos gratos a Ele.
Transcrição: Maria Eduarda N.V. da Cunha
Fotos: Robson Siqueira
Aúdio: Elcka Torres
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