Aquilo que mais nos faz semelhantes a Deus é o Seu amor. E Deus é tão grande que nos toma pela mão e nos eleva até Ele.
Eu vim de uma família espírita. E, quando jovem, eu seguia a doutrina da minha família. Até que um dia eu encontrei a Raquel. E fiquei perdidamente apaixonado por ela. No entanto, ela disse que só aceitaria namorar comigo se eu me tornasse católico – pois ela era de família católica. Fui então me confessar com um padre e, após isso, eu a convidei para ir comigo à Santa Missa no domingo.
Então namoramos, noivamos e casamos. Vivemos felizes por um tempo. A Raquel ficou grávida, mas, infelizmente, perdeu a criança e, depois de um tempo, ela também veio a falecer.
Então pensei: “Deus me chamou por intermédio da Raquel. E agora que ela já não está mais aqui ao meu lado, talvez Ele me queira exclusivamente para Ele”. Então eu decidi ser monge. Ingressei no mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro e nunca mais saí dele.
A partir disso, houve todo um caminho que fiz através da RCC (Renovação Carismática Católica), com inúmeros livros publicados e palestras que fiz durante todos estes anos.
É interessante perceber que Deus faz a obra d'Ele em nós e através de nós. Ao estudarmos as Sagradas Escrituras e a vida de Jesus, percebemos que Ele usou um método de treinamento com os seus discípulos em que Ele mostrava aos discípulos o que estava acontecendo, explicava para eles as razões de determinada coisa, fazia os discípulos praticarem e os supervisionava. Ou seja, Jesus mostrava, explicava, praticava e, então, supervisionava.
Depois que Jesus viu que seus discípulos já haviam sido treinados o suficiente, Ele então os enviou para fazer as mesmas coisas que Ele fazia.
Os resultados deste treinamento dos apóstolos nós vemos no livro dos Atos. Se vocês lerem o livro dos Atos dos Apóstolos, vão perceber que os apóstolos – que aprenderem a evangelizar com o Mestre – começaram a ensinar uma nova geração de evangelizadores.
Eu procurei fazer o mesmo em minha comunidade: primeiro eu comecei a rezar pelas pessoas enfermas – mesmo não conhecendo muita coisa sobre o assunto – eu rezava e perguntava para a pessoa como ela se sentia, e observava o que acontecia durante as orações. Depois fui para os Estados Unidos e para a França para aprender mais sobre Cura Interior e também praticá-la.
Sempre fui aprendendo e praticando. E perguntava ao Senhor como poderia ensinar aos mais novos o que fui aprendendo sobre a Cura Interior. Apareceu então algumas pessoas interessadas em aprender comigo. E fui ensinando a elas através de Seminários de Cura Interior. Posso afirmar que, durante estes seminários, não aprendemos a rezar apenas “para curar de uma dor de cabeça”. Não. Mas sim pela cura total do ser humano em todas as suas dimensões: espírito, alma e corpo.
O que é que nos autoriza a rezar pelos outros? Estava aqui observando as construções na Canção Nova. Existem princípios dentro da construção civil: primeiro é construído os alicerces, depois as paredes, os encanamentos e assim por diante. A primeira tarefa de quem vai construir uma casa é cavar para lançar os alicerces. O tamanho e a profundidade da escavação é que vai determinar a largura e o comprimento do prédio. Quanto mais profundo os alicerces, mais seguros eles serão e, portanto, mais alto será o edifício. São princípios. E estes princípios da construção também se aplicam ao modelo de cura.
O primeiro princípio que se tem que guardar – e que é o “alicerce” de tudo – é este: Deus quer curar os doentes hoje em dia. É da natureza de Deus curar. E Ele nos chamou a refletir Sua natureza. Muitos cristãos nunca ouviram falar que Deus quer curar hoje. E uma vez que a gente aprende que Deus quer curar hoje, a gente se abre para aprender a orar pelos doentes. É assim que Deus quer curar.
Segundo princípio: a importância do ministério em equipe. Deus quer que coloquemos à disposição os dons que recebemos. Muitas pessoas querem aprender a rezar pela Cura Interior em vista dos outros. Mas vocês podem rezar também pela própria cura. Cada um recebeu dons especiais de Deus. Só é preciso colocá-los em prática.
Terceiro princípio: a nossa confiança em Deus é demonstrada em ação. Cada um de nós temos essa capacidade que o Espírito Santo dá para rezarmos pela cura das outras pessoas. Quem será curado é Deus quem determina. Mas, se você confia em n'Ele, você precisa rezar pelos doentes. Mas, e se a pessoa não for curada? Isto então é “problema” de Deus! Eu não tenho nada com isso, se não foi curada é problema dela com Deus. Mas eu oro pela cura dela porque o Senhor ordenou. A nós compete rezar, a Deus compete curar. E se a pessoa foi curada não é porque eu sou “alguém formidável”, mas sim porque Deus é formidável!
Quarto princípio: a razão pela qual todos nós podemos rezar com eficácia pelos doentes, se deve ao fato de recebermos o poder do Espírito Santo para isto. O poder de Deus que está em nós – e não o nosso próprio poder – é a fonte da cura divina para nossos irmãos. Cabe a nós, abrimo-nos à ação do Espírito Santo e confiar n'Ele. Honrar a Sua presença em nós e receber o Seu poder no nosso meio. Deus nos quer como seus parceiros neste mundo.
Quinto princípio: a importância do relacionamento de amor com nossos irmãos e irmãs. Esses relacionamentos de amor com os irmãos em Cristo são tanto a finalidade da cura – pois somos curados para amar – como também formam o ambiente propício para esta cura acontecer.
Sexto princípio: Deus quer curar a pessoa por inteiro: espírito, alma e corpo. Ele não quer curar a pessoa apenas de sua “dor de cabeça”, ou do “calo no dedo do pé”. Não. Ele quer curar a pessoa em sua plenitude. No Novo Testamento, “saúde” é pensada em termos de inteireza, ou seja, bem-estar total: vida, força e salvação. Tudo isto significa saúde e não apenas o bem-estar físico. Somente quando o ser do homem é sadio e seus relacionamentos são corretos, é que ele pode ser verdadeiramente descrito como um homem “são”, como “sadio”.
Certa vez, alguém disse que é mais importante saber qual o tipo da pessoa que tem a doença do que saber qual é a doença que a pessoa tem. Quando rezamos pelos outros, é mais importante termos informação do relacionamento daquela pessoa com Deus e com os outros, do que detalhes técnicos sobre sua doença, pois rezamos por pessoas e não somente pelas condições de saúde delas.
Estes princípios são os alicerces. E o que são as paredes deste nosso “edifício de cura”? São os valores. Os valores determinam a direção de nossos recursos. E o primeiro valor é um ambiente de cura.
Em nossa comunidade, quando vamos rezar pela cura dos nossos irmãos, sempre procuramos criar este ambiente de fé, este ambiente de cura permeado de esperança. Procuramos criar nos doentes esta expectativa de fé e de esperança. Precisamos estar atentos em formar este ambiente propício para a cura acontecer.
É importante também fazer a pessoa “desacelerar”. As pessoas chegam muito agitadas quando vão receber uma oração de cura. Uma atmosfera emocionalmente “carregada” é prejudicial.
Quando entramos em adoração ao Senhor, nós nos abrimos à ação do Espírito Santo. O louvor cura, ele nos integra no plano de Deus. É preciso ter tempo para orar pela cura interior. Na oração de cura é preciso dedicar tempo e espaço para isto.
É preciso treino. Os líderes bem treinados, treinarão outros. É preciso treinar outros visando a unidade dentro do ministério. Esta unidade é aquilo que Deus quer, pois somos o corpo de Cristo aqui na Terra.
Transcrição e adaptação: Alexandre de Oliveira
Assista a um trecho desta pregação: