“É Cristo que vive em mim”. Vamos falar da experiência de Paulo com Jesus no caminho de Damasco. São Paulo estava indo para perseguir os cristãos. Nós cristãos não entendemos o porquê de ele odiar Jesus naquela época.
É evidente que os cristãos tratam Jesus como Filho de Deus, mas para um judeu que vivia naquela época, de repente, chegar um homem e dizer que é Filho de Deus era uma afronta para eles, ainda mais com muitas pessoas seguindo-O. Nós acharíamos o mesmo que o apóstolo dos gentios achou e combateríamos Cristo e os cristãos como ele combateu.
Para entendermos melhor este ódio de Paulo, vou falar um pouco sobre Santa Tereza Benedita da Cruz, que era de família judia e por ter estudado muito foi se afastando do judaísmo e se tornou atéia. A sua família era muito religiosa, ia ao templo e praticava o judaísmo. Mas um dia os amigos saíram para uma festa e ela ficou sozinha em casa. Ela, que era doutora e estudante, de repente, pegou um livro de Santa Tereza D’Ávila e ficou empolgada com a experiência e o leu durante a noite toda. Assim que terminou, fechou o livro e disse: “Aqui está a verdade” e decidiu ser carmelita. Assim Santa Tereza Benedita da Cruz se tornou católica.
A família dela se sentia traída, porque ela deveria se voltar para Isaac ou Jacó e não para Jesus. Um dia, ela acompanhou sua mãe à sinagoga e voltando para casa a genitora lhe perguntou o que ela tinha achado e esta disse que tinha gostado e observou que os judeus não eram tão ruins assim. Mas então a jovem diz que tinha se tornado cristã porque acreditava na verdadeira promessa: que Jesus é o Filho de Deus. Sua mãe indagou-lhe que se Jesus era bom e piedoso, então por que se fizera Deus? Achando tudo isso um absurdo e um escândalo.
Devemos sempre crer que Deus é Onipotente e se fez Homem, frágil como nós, e ressuscitou ao terceiro dia. No entanto, isso era um escândalo para os judeus. Era algo inaceitável. Nós cristãos estamos acostumados com isso, mas Paulo odiava essa idéia porque não era algo normal para os judeus. Ele realizava em sua vida a profecia que Jesus falava; achando que estava prestando culto a Deus. São Paulo mudou porque teve esse encontro maravilhoso com o Cristo ressuscitado.
No início de “Deus caritas est”, a Encíclica do Papa Bento XVI, nos diz que há um acontecimento, o qual é o encontro com Jesus vivo e ressuscitado. Esse é o amor do Senhor. Jesus vivo em nosso meio. São Paulo não se converte por meio de um lento processo de convencimento, mas de um encontro pessoal com o Filho de Deus, ele foi literalmente “atropelado” por Jesus. O apóstolo é iluminado por um amor que vem do céu, ouvindo o Senhor lhe dizer: “Saulo, Saulo por que me persegues?”
Jesus já havia subido aos céus e ainda era perseguido por ele [Paulo]. No início dessa conversão, São Paulo se sente profundamente amado por Deus no momento em que ele odiava Jesus. Essa experiência mudou sua vida.
A palavra “conversão” não é a palavra exata, pois ela quer dizer que a pessoa foi mudando aos poucos a maneira de pensar, e o Papa nos diz que o que aconteceu com o Apóstolo dos gentios foi uma experiência de morte e ressurreição. E nessa forma de morrer e ressuscitar: “É Cristo que vive em mim”. Experimentamos uma morte para ressuscitar Cristo em nós. Se não houver uma morte do nosso “eu”, então não haverá a verdadeira conversão.
“Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2, 19-20).
A cegueira, como doença física, expressa a realidade que Paulo estava vivendo espiritualmente, porque já estava cego, pois não enxergava Deus em Jesus. Estava cego de ódio e de raiva. Estava cego de raiva e achava que, sendo perseguidor, estava fazendo o bem para Deus. Era a cegueira da alma. Do que você anda sentindo raiva? Você enxerga que você está certo e as outras pessoas estão erradas assim como Paulo?
São Paulo estava no caminho da morte, pois nessa sua cegueira, pecou e foi morrendo por dentro, pois “O salário do pecado é a morte”. E então foi “atropelado” por Jesus. Ele não teve a sensação de estar mergulhado no amor de Cristo, mas sim, de morte, que foi a cegueira. Porque é preciso primeiro morrer para o “homem velho” para depois ressuscitar. Paulo tinha uma idéia racional de Deus e essa razão o fazia ficar cego, por isso não conseguia enxergar Deus presente em Jesus Cristo.
O amor de Deus não cabe em nossa cabeça. Deus é amor.
Será que sabemos o melhor para nós mesmos? Quem sabe disso somente é o Senhor! Nós estamos neste mundo para ir para o céu. O bem maior é o céu. Esta é a nossa esperança! Os milagres nos apontam para o céu. Nossas vidas estão escondidas com Cristo no céu. Precisamos crer nisso, senão não seremos verdadeiros cristãos. Contamos com Jesus para o bem nesta vida, mas a felicidade perfeita é só no céu. Aqui é a preparação para o céu, por essa razão, se quisermos ser felizes temos de passar pela experiência de morte e perder esta vida e encontrar a verdadeira vida em Jesus Cristo.
O amor de Deus não entra em nossos esquemas. Deus não cabe em nossa cabeça, Ele não se deixar “domesticar” em nossa cabeça, pois não merecemos. São Paulo tinha Deus “esquadrinhado” em sua cabeça e achava que o Senhor não podia se fazer homem, mas “Jesus derruba São Paulo do cavalo”. Parece até um castigo aquela cegueira, mas essa doença é para a glória de Deus. Jesus disse isso da morte de Lázaro e podemos dizer isso das doenças que temos, elas não são para nossa morte, mas para a nossa ressurreição.
Por tudo aquilo que ele mais lutou e mais verdadeiro, tinha sido colocado a baixo. Ele viveu aqueles dias de cegueira como dias de morte e de angústia. Pois Deus quer que a “mulher e o homem velhos” sejam mortos. Essa angústia que você está sofrendo hoje é para você ir para o céu. Somente quando Paulo disse “sim” para o batismo do Espírito ele parou de sofrer. Quando Ananias impôs as mãos sobre ele, ele pôde enxergar. A doença foi uma graça por ele aceitar morrer com Cristo na cruz porque aí ele ressuscitou. “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2, 19).
Nós precisamos matar “o homem velho” em nós. São Paulo viu Jesus na experiência de Igreja, pois Cristo ressuscitado se encontra com ele. E não é só a experiência de Jesus ressuscitado, mas também crucificado. A experiência pascal e total com Deus.
Para dizer que Cristo vive em mim preciso dizer “não para mim mesmo”. Deus age de forma absurda para nós humanos. Conhecemos Cristo de forma espiritual: no Espírito Santo, porque na forma humana e carnal o caminho que Deus escolheu é um absurdo para nós. Quem de nós, sendo Deus, escolheria esse caminho? No fundo achamos um absurdo. No entanto, Deus escolheu o caminho da cruz.
São Paulo nos diz: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”. Quando ele mais odiou Jesus foi quando mais O amou. Você precisa realizar isso de uma forma bem concreta dizendo ‘sim’ ao amor de Deus mesmo na miséria e na tempestade.
Creia neste amor! Crer no amor de Deus é crer no invisível e mesmo que não sintamos Deus nos ama.
Transcrição e adaptação: Eliziane Alves
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