O homem moderno perdeu esse contato com a natureza. A ausência de contato com a natureza provoca uma insensibilidade no homem contemporâneo, fazendo com que não consiga perceber e encontrar a presença de Deus nas coisas criadas. Com isso, não queremos cair no panteísmo. Queremos apenas, despertar a atenção para as belezas da criação. Embora aceitemos a evolução, afirmamos a intervenção de Deus nessa evolução. Negar a mão de Deus na criação é o mesmo que afirmar o acaso. A perfeição relativa do mundo não pode ser fruto do acaso.
Se as coisas criadas são um caminho para Deus, são também um convite para a entrega total. O próprio Cristo usou da natureza para nos evangelizar. Ao apontar para as aves do céu e os lírios do campo, Ele não quis fazer poesia, mas indicar um caminho para Deus.
Diante da natureza, podemos questionar nossa confiança em Deus. Nós nos abandonamos nas mãos de Deus? “Olhai as aves que voam no céu; não semeiam o grão nem colhem, nem acumulam a colheita nos celeiros; pois o vosso Pai celeste lhes dá de comer. Acaso não valeis muito mais do que elas?” (Mt 6,26).
É claro que valemos muito mais do que as aves, porque somos filhos de Deus; só que, infelizmente, nos deixamos levar por vãs preocupações, pelo consumismo e não percebemos esse amor imenso.
Com tantos problemas para resolver, como parar para observar flores? Tantos homens no mundo morrendo de fome, tantas guerras; o petróleo que está acabando; a inflação cada vez subindo mais; o governo cada vez mais corrupto; a poluição sonora e ambiental; as doenças contagiosas; as favelas sempre maiores… E nós ainda perdendo tempo para olhar os lírios? Não seria alienação?
O que devemos aprender é olhar o mundo com os olhos de Deus. Jesus quando esteve entre nós, como homem, conhecia perfeitamente os graves problemas da humanidade. No entanto, Ele quis nos ensinar que é preciso aprender com as flores. Elas, como os pássaros, nos ensinam a confiar em Deus. Infelizmente, não aprendemos a amar a natureza, assim como não aprendemos a amar os homens, criados por Deus à sua imagem e semelhança.
Como encontrar Deus nos desencontros do mundo?
Aquele que faz uma experiência de Deus em sua vida, procura olhar o mundo a partir dessa ótica divina. Percebe a mão do Pai em cada criatura, em cada acontecimento, mesmo que corriqueiro de sua vida. É preciso escutar o Senhor que nos fala através das coisas mais simples que nos acontecem. A doença, por exemplo, pode muitas vezes ser um caminho para Deus. Ela não vem de Deus (Deus não é doença, mas pode nos conduzir a Ele se nos abrirmos e nos entregarmos ao seu amor).
Quando experimentamos Deus como um Pai que nos ama, então, torna-se fácil perceber sua ação em nossa vida. O homem moderno não se contenta mais com uma idéia a respeito de Deus. Ele quer tocá-lo. Como tocá-lo, senão através de cada um de nós? Quando o experimentamos, nos tornamos canais do seu amor para os outros homens. Tornamo-nos “torneiras” de Deus para a sede de amor que os homens de hoje tanto sentem. Para isso, é preciso escutar o que Ele tem a nos dizer através da sua Palavra, mas também através dos acontecimentos do dia-a-dia, da natureza, das coisas criadas… É preciso experimentá-lo!
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