Quando Ricardo e eu estávamos morando na missão do Rio de Janeiro ficamos amigos de dois padres: Antônio Aguiar e Alexandre Paciolli. O padre Antônio disse para mim: “Você está indo para Cachoeira Paulista, realiza lá o Acampamento da Divina Misericórdia”.
Padre José Augusto abraçou essa causa comigo. Um dia, eu estava na capela da Sagrada Família adorando a Jesus Sacramentado. E olhei para o Santíssimo e disse: “Jesus, o padre me incentivou a fazer a Festa da Misericórdia, mas a festa é Sua. Convide as pessoas para a Sua festa”. E na hora veio ao meu coração: “Eu sou o Deus do padre Léo; Eu sou o Deus do monsenhor Jonas Abib e Eu vou atrair uma multidão para a minha festa”. E eu corri para o padre José Augusto e disse a ele: “Vai vir uma multidão!”.
No sábado que antecedia à primeira festa, no último dia da novena, eu via muitos ônibus chegando. Eu confiava no que Jesus havia falado, mas, ao mesmo tempo, eu usava a minha lógica, e achava que não era possível virem tantas pessoas. Então comecei a ver o povo de Deus chegando. E liguei para a Luzia e disse que havia nove ônibus. Ela me respondeu: “Bem, se não vier muita gente não se preocupe”. Mas quando eu acordei, no domingo de manhã, eu vi muitos ônibus chegando.
No domingo começou a Festa da Misericórdia e havia muita gente. Mas a festa começou no lado aberto do coração de Jesus, no Calvário. A Festa da Misericórdia começou no Calvário!
É preciso ter gratidão. São quatorze anos que eu luto contra a depressão. Eu sou uma pessoa que diz como Santa Terezinha: “Só por hoje eu vou acordar, só por hoje eu vou sorrir, só por hoje eu vou fazer uma comida gostosa para o meu esposo”.
Nessa madrugada eu acordei, rezei o terço, e depois mais tarde, sem sono, eu despertei de novo e fui ver os e-mails. Vi quantas pessoas que estão no vale de lágrimas. Deus quis que a nossa geração vivesse esse tempo de Misericórdia. Nós precisamos demolir os altares no nosso coração que construímos para os ídolos da ingratidão. Você tem gratidão pelas pessoas que passaram na sua vida e o convidaram para ir a Jesus? Nós temos um altar dentro de nós de mágoas. Talvez tenhams um temperamento forte, mas eu quero dizer a você que está aqui e que criou um altar de mágoas no seu coração: em nome de Jesus, liberte-se das suas mágoas! Não vivamos do passado, querendo justificá-lo. Temos também o altar das novelas, que nos tira o tempo para rezar, e nos prende à televisão.
Nós precisamos demolir do nosso coração os ídolos! Pais, vocês precisam estar por inteiros em casa. Não é a quantidade, mas a qualidade do tempo que vai contar. É preciso deixar o deus do dinheiro para estar com a família.
Sabe qual deus que muitas vezes também está no nosso coração? A cultura de morte. As pessoas não querem ter filhos. O demônio colocou na cabeça das pessoas, e até dos cristãos, que basta ter um filho. Mas isso não é verdade. Como diz a música “Utopia” do padre Zezinho: ‘Faltava tudo, mas a gente não ligava, o importante não faltava‘. Para quem se abre à vida não falta nada. Quanto mais filhos tivermos, tanto mais vamos povoar este mundo de fé. O príncipe deste mundo é o autor da morte. Vamos demolir o ídolo da morte e do apego ao dinheiro!
O Papa Francisco fala de um mal que assolou e assola a Igreja, que é a lepra do “carreirismo”. Nós vamos à igreja, rezamos, mas não dizemos ao Senhor: ‘Muito obrigada’. A mentalidade mundana e os desejos mundanos têm entrado em nosso coração. Com a mentalidade mundana nós queremos fugir da cruz. É preciso buscar, antes de tudo, a salvação para os nossos familiares, não apenas a mudança, mas a salvação deles. Sem a cruz não tem como chegar ao céu.
“A mundanidade espiritual mata! Mata a alma, as pessoas e a Igreja”, disse Papa Francisco.
Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio