Dunga: O mundo precisa voltar a ver casais namorando, beijando e dançando. Você família, é um espetáculo para o mundo. Eu tenho uma história muito linda com minha esposa, Néia. Vou dar uma resumida com um trechinho da música que fiz para ela: “Dos meus sonhos você saiu em minha vida você surgiu. Foi Deus que assim o quis. Quando te vi tudo parou: Meu coração te encontrou”.
Você se lembra do momento quando o teu coração, os teus olhos percorreram todos os estilos de mulheres? Depois tudo parou em uma só? Na música vai dizer: “Quando te vi, tudo parou. Meu coração te encontrou”. Deus começou construir a sua história de amor, colocando em seu coração o desejo de encontrar outro coração. O tema deste acampamento é: “O Amor Vencerá”. Será que o amor no seu casamento já acabou? O meu desejo é vencer ao lado da Néia a vida toda e já se passaram 27 anos. O nosso destino é vencermos juntos e com os nossos filhos.
Se estamos falando de vencer, estamos falando de vitória, mas também de batalha. Se afirmamos que ‘O Amor Vencerá’, é porque estamos em uma batalha. Eu venho sendo feliz ao lado da Néia ao longo desses 27 anos. É óbvio que neste tempo houveram muitas batalhas.
“Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela” (1Cor 10,13) . Nas batalhas que enfrentei tive ao meu lado uma ajuda adequada, a minha esposa, para conseguir vencer, a partir, desta Palavra de Deus.
Néia: Quando nos casamos, não tínhamos tantas dificuldades, por éramos só nos dois. Ainda não pertencíamos à Comunidade Canção Nova, mas a nossa vida era intensa e eu já tinha me casado com um missionário. Eu pedia a Deus que não atrapalhasse o Dunga em sua caminhada. Antes de nos casarmos, tive a oportunidade de perceber que era aquele homem que eu queria. Eu estava começando a caminhar em Deus.
Temos uma história, peço que você faça recordação da sua história matrimonial. Eu me casei para ser feliz e também fazer o meu esposo feliz. Casei-me com um missionário que é músico e pregador. Sempre pedi a Deus me ensinasse a ser a harmonia na minha casa; a tocar uma música nova para Deus. Pedi também, que eu fosse uma mulher de Deus e também levasse meu marido para Ele.
Quando nos casamos já almejávamos ser uma família diferente. Tínhamos um propósito. E no início, quando não tínhamos filhos, eu ia junto com ele para as missões. quando ficava, preparava a casa e estava sempre a disposição. O Dunga viaja o mundo inteiro, mas o palco dele é a minha casa. Eu falo para os meus filhos: Seu pai viajou, quando voltar precisa ter a melhor platéia. Porque o seu melhor show precisa ser em casa. Se vocês olharem o meus joelhos eles tem marcas, porque eu dobro os meus joelhos diante de Deus pelo meu esposo.
Dunga: Quando eu me casei com a Néia a gente não tinha nada. Certo dia pensei: “Vou me casar”. Disse a ela: “Vamos nos casar?”; Ela afirmou: “Nós não temos nada!”. Respondi: “Ou esperamos ter tudo para casar, ou casamos para ter tudo”. Graças a Deus, hoje tudo o que temos e somos foi construído a dois. Há 27 anos eu venho sendo feliz ao lado desta mulher. “Felicidade não é o lugar que se chega é a forma como se vai”, gosta de dizer o Astromar Miranda. Nós não somos felizes apenas pelo fato de estarmos na Canção Nova, faz parte da nossa história o que fomos construindo juntos. E se há amor é porque tem batalha! Neste tempo em que eu estou com a Néia, o dia em que eu mais a vi sofrer, foi quando seu pai estava quase morrendo. Uma prova dura que ela estava vivendo, e quem estava ao seu lado era eu, o seu marido, assim como ela também estava ao meu lado nos momentos difíceis.
Néia: Eu vejo que a maior prova que o Dunga passou foi quando teve que deixar o seu pai na UTI e ir em missão para Natal (RN). O médico disse que talvez quando ele voltasse poderia não encontrar o seu pai vivo. Quando o Dunga recebeu a notícia do falecimento, em Natal, não tinha um avião que chegasse a tempo para ver o pai. Quando voltou o pai já havia sido enterrado. Ele não teve a oportunidade de ver o seu pai no caixão. Antes de ir para a missão, ele disse: “O senhor pediu tanto a Deus para que eu fosse em missão, e agora o senhor está internado e eu preciso ir em missão”. Ele pediu ao pai como forma de bênção para que piscasse os olhos três vezes, foi isso que o pai dele fez. Essa foi uma das provas que o Dunga passou e eu estava ao seu lado.
Passamos por muitas batalhas. Quando o nosso filho precisou fazer uma cirurgia no coração, nós esperamos muito tempo. No dia em que ele foi para a cirurgia, fomos para a capela rezar e mais uma vez, juntos pudemos vencer. Eu contei isso, para você perceber quantas provações nós já passamos e saímos vitoriosos.
Dunga: Nenhuma prova é humanamente grande que você não possa suportar! Pode chegar a prova, mas chega o êxito. Quantas vitórias e alegrias nós já experimentamos.
Néia: É importante lembrar as nossas origens para não esquecer de onde viemos.
Dunga: Na minha casa e na casa da Néia, antes de nos casarmos, o banho era de bacia. A geladeira era uma lata de gordura de banha. A roupa que cada um usava já tinha sido de todos os irmãos.
Felicidade não é o lugar onde se chega, mas a forma como você foi caminhando, entre os espinhos, as doenças físicas e espirituais. Quantas vezes, precisei deixar a Néia doente em casa para ir em missão. Você que é caminhoneiro, médico, empresário, rico ou pobre; você está construindo a sua história.
Néia: O que nos ajudou muito, neste tempo de casados, foi a cumplicidade que temos um com o outro. Quando vi que Deus me colocou ao lado do Dunga, percebi que era uma missão, ele almejava mais viver em comunidade do que eu. Pedi para Deus que se fosse da vontade Dele que colocasse esse desejo no meu coração, e se não fosse, que tirasse esse desejo do coração do meu marido.
Dunga: Nossa história foi assim, antes de ser o padre Jonas que você conhece, era o padre Jonas dos salesianos no ano de 1965. Ele celebrava Missas na fazenda em que os nossos pais moravam. Anos se passaram, em um dia de louvor o Chiquinho que era membro da comunidade disse: “Dunga, vamos tomar um café com a gente?”. E lá estava padre Jonas, Ricardo Sá e diácono Nelsinho. Chiquinho disse: “Porque você ainda não veio morar na Canção Nova com a gente?”. Eu respondi: “Eu nunca vim porque ninguém me chamou”. O Padre Jonas disse: “Eu sou Fundador desta comunidade, e estou te convidando”. Levantei daquela mesa e fui embora para a casa, chegando em casa disse a Néia que o padre Jonas havia nos convidado para morarmos em comunidade, e disse a ela que tinha respondido que sim. Ela simplesmente,respondeu: “Aonde você for, eu vou!”. Depois de cinco meses Néia e eu começamos tudo de novo. Essa mulher merece que eu a desrespeite?
Néia: Quando chegamos na comunidade, estávamos só o Felipe nosso filho e eu, porque o Dunga já estava em missão. De Pindamonhangaba (SP) à Cachoeira Paulista (SP) nunca foi tão longe, vim chorando e durante o caminho dei meu sim. Quando estava chegando perto de Aparecida (SP), fui pedindo a Nossa Senhora que me ajudasse a caminhar. Contamos tudo isso para vocês porque Deus só pode realizar em nossas vidas, quando temos a coragem de dizer ‘sim’ e vivermos juntos uma história de lutas e vitórias, mas sendo cúmplices um do outro.
Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio