Colocando a mão no coração, vamos acolher esta presença do Pai, que é rico em Misericórdia, rico em amor. Ele o ama profundamente! Onde quer que você esteja, agora, saiba que o Pai, que está nos céus, o ama profundamente. Se ontem eu comecei a pregação dizendo para vocês: “Não tenham medo de Deus!”, hoje eu a inicio lhes dizendo que vocês amem o Pai de amor.
O momento em que estamos vivendo é o tempo propício para fazer esta pregação, que eu farei agora, para entrar em 2008 bem.
Pegue sua Bíblia em II Coríntios 6,1. Paulo, ao escrever para aquela comunidade e hoje falando para nós, diz: “Na qualidade de colaboradores seus, exortamo-vos a que não recebais a graça de Deus em vão. Pois ele diz: 'Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da salvação' (cf. Is 49,8). Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação. Repita você também: agora é o tempo favorável, dia da salvação.
Paulo está exortando a nós que estamos aqui e aos que estão em casa a não receber a graça de Deus em vão. Ele está falando aqui do Kairós, desse “tempo de graça”. E você foi convidado por Deus para viver esse tempo favorável, esse tempo no qual o Senhor está derramando graças abundantes sobre nós, derramando amor sobre nós. Mas não é que Deus as está derramando agora porque não derramava antes. Deus sempre as derramou, nós é que "pisamos na bola".
O final do capítulo 5 de II Coríntios diz: “Aquele que não conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que Nele nós nos tornássemos Justiça de Deus!”. É tempo de graça, tempo de reconciliação, tempo de Misericórdia de Deus para conosco.
Vamos agora para o Antigo Testamento para entender o que Paulo está nos dizendo aqui. Veja Deuteronômio 15,1. Deus vai dar uma instrução para o povo dizendo: “De 7 em 7 anos vocês vão dar a remissão”, ou seja, o perdão. “Eis no que ele consistirá. Todo o credor remitirá o empréstimo que tiver feito ao seu próximo. Não exercerá contra o seu próximo ou contra o seu irmão opressão alguma quando for publicada a remissão em honra do Senhor”. Vejam, o povo ia vivendo, plantando, trabalhando, e as dívidas iam surgindo. Mas Deus dizia que no sétimo ano elas deveriam ser perdoadas. No versículo 4: “Não deverá haver pobre no meio de ti, porque o Senhor teu Deus te abençoará (…)”, e a partir do versículo 7: “Se houver no meio de ti um pobre entre os teus irmãos, em uma de tuas cidades, na terra em que te dá o Senhor teu Deus, não endurecerás o teu coração e não fecharás a mão diante do teu irmão pobre, mas abrirás a mão e emprestarás segundo as necessidades de sua indigência. Cuida que não te venha ao coração este ímpio pensamento: eis que se aproxima o sétimo ano, o ano da remissão; guarda-te de olhar o teu irmão pobre com mau olho, sem lhe dar nada, porque ele clamaria ao Senhor contra ti e isso se te tornaria um pecado”.
Veja, Deus diz que não devemos fechar o coração no sétimo ano. Se há alguém que está lhe devendo alguma coisa, não fique pensando que no próximo ano você terá de tomar alguma providência para receber seu dinheiro antes de a dívida ser perdoada. Não! Deus está dizendo para perdoá-la [dívida] de coração tranqüilo, de boa vontade. Olhe que recomendação maravilhosa! Embora os homens tenham o coração inclinado ao mal, de 7 em 7 anos isso acontecia com o povo de Israel e se ficava livre da opressão. Isso o que Deus nos está falando, Ele o está falando para nós hoje: para mim e para você. Irmãos, é para darmos perdão, porque somos todos filhos do mesmo Deus.
O profeta Isaías também proclamou esse tempo de graça, esse tempo de misericórdia e de perdão. Veja em Isaías 61: “O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor consagrou-me pela unção; enviou-me a levar a Boa Nova, curar os corações doloridos, anunciar aos cativos a redenção e aos prisioneiros a liberdade, e proclamar um ano de graças da parte do Senhor”.
Vocês viram? Um ano de graça! E o sétimo ano, de perdão para Israel. Esse versículo é muito importante para essa pregação, pois é preciso: “Proclamar um ano de graça da parte do Senhor”. Isaías está relembrando ao povo de Israel o ano da graça que acontecia anteriormente e anunciando que o Messias vem para instaurar esse tempo de perdão, de misericórdia e de amor para nós. E eles aguardavam isso, ansiosos, o coração dos israelitas vibrava esperando esse tempo. E o tempo chegou! A única forma de o tempo da graça – esperado pelos israelitas acontecer – era Deus vir no nosso meio, e Ele veio! Há uma semana nós celebramos isso no Natal.
E o tempo vai passando, Jesus vai para o Egito até o dia em que se revela. Agora, veja Lucas 4, 16: “Dirigiu-se a Nazaré onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de sábado conforme o costume e levantou-se para ler. Foi-lhe dado o livro de Isaías. Desenrolando o livro escolheu a passagem que está escrito: ‘O espírito do senhor repousa sobre mim, porque o Senhor consagrou-me pela unção; enviou-me a levar a boa nova, curar os corações doloridos, anunciar aos cativos a redenção e aos prisioneiros a liberdade, e proclamar um ano de graças da parte do Senhor’. E enrolando o livo deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Ele começou a dizer-lhes: hoje se cumpriu esse oráculo que vós acabais de ouvir”. Gente, Jesus está dizendo que, agora, este ano da graça começou a se realizar-se. Então, não vai mais existir doenças, problemas, dívidas, porque hoje se cumpre esse oráculo. Hoje se inicia esse tempo de graça com a chegada do Senhor.
Sim, cumpriu-se esse oráculo, chegou o tempo da graça; mas nós temos uma dívida para com Deus: Nós temos uma dívida de pecadores para com Ele. Como eu disse ontem, a única coisa que temos para dar ao Senhor são nossos pecados. Na Carta de Paulo aos Romanos está escrito que "o salário do pecado é a morte". E nossa dívida com Deus, então, é a morte. Esse é o salário do pecado. Nós não tínhamos opção, não tínhamos escolha. Nossa recompensa era a morte. Mas Deus é muito rico em misericórdia e não queria que nem você nem eu nos perdêssemos. Mas nós tínhamos uma dívida para com Ele e era preciso pagá-la. Mas como pagar uma dívida com Deus? Nós não temos condições de fazer isso sozinhos. Como o Pai não quer perder ninguém, Ele diz “Esqueça essa dívida, você está livre!”. Estamos livres, livres de ter que pagar tudo isso. É como naquele sétimo ano do perdão em que todos estavam perdoados. Mas alguém vai ter de pagar por isso. Não somos nós – porque fomos perdoados de nossas dívidas –, mas alguém vai pagá-la. E quem toma as nossas dívidas nas costas e as assume para si é Jesus. Ele toma essa nossa dívida imensa, a qual nós nunca teríamos condições de pagar.
Abram a Palavra agora em Lucas 23,34: “E Jesus dizia – agora ele está crucificado – Pai, perdoa-lhes!”, ou seja, Jesus diz ‘Pai, perdoa a dívida do padre José Augusto [diga seu nome] porque ele não tem como pagar. Pai, perdoa a dívida do Miguel; perdoa a dívida da Maria; perdoa a dívida de todos. Jesus vai para a cruz e pede para que o Pai perdoe a dívida de todos nós, pois nós não podíamos continuar com essa dívida e não tínhamos como pagá-la. E como se Jesus dissesse: "Se alguém não paga por eles, eles vão se perder; então, perdoa-lhes, Pai". E quando Jesus entregou o Espírito, Deus disse – “Estão perdoados!” – e as portas do infernam se fecharam, e, agora, as portas do céu foram abertas. É o tempo da graça do qual estamos falando! Tempo de Misericórdia para cada um de nós, para vocês que estão aqui, para os que estão em casa!
Nenhum filho de Deus pode dizer que Deus não o ama. Porque Ele mandou seu Filho Jesus para morrer por nós! Não importa se você está sobre uma cadeira de rodas, num presídio ou numa cama, doente, não importa. Deus derramou seu amor sobre todos, Jesus morreu por todos.
Ouça: Jesus pagou nossas dívidas
Cada um de nós precisa dizer: “Eu sou importante para Deus!” e precisa tomar consciência disso. Deus deu a vida do seu Filho por nós. E, agora, nós somos livres, a escravidão acabou! Pois Deus nos libertou. O inimigo de Deus, satanás, não tem mais como nos aprisionar, porque o Senhor já nos libertou. Deus nos deu a sua redenção! E nós pertencemos ao Senhor; mesmo aqueles, que não querem, são de Deus. Querendo ou não, são de Deus e o serão sempre porque o Sangue, que Ele derramou lá no Calvário, não foi só para alguns, foi para todos. É o tempo da graça.
Ouça: Hoje é o dia da salvação
E sabe qual o maior presente que recebemos com isso? João diz: “Agora podemos ser chamados de filhos de Deus”. Podemos ser chamados de filhos. Pare agora e pense um pouco nisso. Nós somos os filhos de Deus!
No Antigo Testamento, o sétimo ano era o tempo de dar perdão e esquecer as dívidas de todos. Agora não é mais um ano apenas. Trata-se de um tempo, um tempo favorável, um tempo de graça… E esse tempo vai do dia em que Jesus morreu por nós até o dia em que Ele voltar em sua segunda vinda gloriosa. Não é mais um ano apenas, é um tempo inteiro. São anos e anos de perdão que nós temos e já estamos com 2007 anos, passando para 2008. E é tempo de quê? Perdão, tempo de perdão. Eu devia muito e Deus me perdoou. E para nós, agora, para quem quer entrar no céu, tem de perdoar! É tempo de perdoar. Gente, filho de Deus dá perdão!
Vocês lembram que, um ano desses aí, o Papa João Paulo II levou um tiro? E vocês lembram o que ele fez? Ele foi lá ao presídio, em que o atirador estava, e disse àquele homem que lhe perdoava por ter tentado lhe tirar a vida. E por que o Papa fez isso? Porque Jesus morreu no Calvário por ele e ele não podia guardar mágoa de ninguém. O saudoso Sumo Pontífice João Paulo II não morreu sem dar o perdão àquele homem; ele soube perdoar. Então percebemos que se trata de um tempo inteiro de perdão, e não mais de um ano apenas. Esse tempo que Deus nos deu de vida, todos esses anos em que vocês e eu estamos vivos, é tempo de perdão! Temos de dar perdão, porque, no Calvário, eu merecia a morte, mas Deus foi lá e meu deu o perdão. O inimigo de Deus quer que nós guardemos rancor das pessoas, que nós tenhamos ódio delas. Mas quando sentirmos ódio, temos de olhar para a cruz e nos lembrar de que no Calvário o Pai nos perdoou em Jesus. Você não tem direito de não dar perdão! Pelo contrário, o seu direito é o de dar perdão! Quem não dá perdão, não é feliz! Não há outra forma de o homem ser feliz e realizado se não der perdão! Pode fazer de tudo, pode rezar o terço, pode ir à igreja, mas só será feliz se der perdão!
Ouça: O inimigo não pode mais escravizar você
Não sei se você está conseguindo entender tudo isso, mas pense na grandeza deste mistério. Um Deus que perdoa a humanidade inteira sem olhar para o que aconteceu antes. A expressão de tudo isso está no Evangelho de Lucas, na "Parábola do Filho Pródigo". Um pai que, sem olhar para mais nada, acolhe ao filho. Nada mais importa, só importa a presença do filho perdoado.
Vocês sabem como se dá perdão? Não tem mistério, é só dizer: "Eu te perdôo". Tenha disposição de começar tudo de novo. E se "pisarem na bola" outra vez com você, tenha coragem de dar perdão de novo. O tempo agora é para isso: para dar perdão! Esse é o momento que nós estamos vivendo. O Pai está dando perdão e nós vamos dá-lo também. É o tempo de fazer isso. Tudo foi quitado lá no Calvário, todas as dívidas.
Se você quer tirar o inferno da sua casa e levar o céu para lá, dê perdão. O diabo não pode entrar num lugar onde se dá perdão gratuitamente. Não há lugar para o demônio onde se dá perdão. Nossa vida, a partir de hoje, é só dar perdão. Enquanto Jesus não vier novamente vamos viver dando perdão. O tempo da graça é esse! Nós não podemos entrar no ano de 2008 de coração fechado. Por isso, faça o propósito de abrir o coração. Não espere o seu pai ou sua mãe agonizar para lhe dar perdão. Eles precisam recebê-lo agora. Não importa mais o que foi ou deixou de ser, não importa o que passou ou o que fizerem, é tempo de perdão! Porque o Pai que o ama muito já lhe deu o seu perdão.
Transcrição: Francis Resio Torres
Fotos: Robson Siqueira
Aúdio: Nara Cristina Bessa
(12)3186-2600
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