Meus queridos irmãos e irmãs a liturgia da Palavra de hoje nos propõe algo sobre nossa missão de paz na família, paz na Igreja . Vou tentar explicar como tirar as lições destas leituras. Na primeira leitura do livro de Neemias acontece algo muito importante. O povo de Israel ficou algum tempo exilado na Babilônia e lá eles foram perdendo sua identidade como povo.
O povo de Israel estava perdendo sua identidade nestes 70 anos que ficaram exilados. Os netos daqueles que foram exilados foram os que voltaram para Jerusalém. Neemias, que ficou perplexo quando viu a cidade que estava completamente desolada e destruída. A primeira preocupação de Neemias era reerguer as muralhas, pois eram elas que defendiam as cidades dos inimigos.
Depois que Neemias reergue as muralhas, Esdras aparece na história e traz o Livro da Lei, a Palavra de Deus, e ele lê a Palavra em hebraíco e alguém traduz para aramaíco para que o povo compreenda e o povo reecontra a sua identidade. Nos podemos tirar desta primeira leitura uma grande lição a respeito da nossa Igreja. A Igreja no Brasil se encontra como a situação de Jerusalém, pois nossos muros foram derrubados.
Há alguns anos atrás nos tivemos o Concilio Vaticano II, onde foram feitos muitos documentos preciosissimos, documentos que deram um novo impulso para a Igreja. O Papa João XXIII quando convocou o Concílio Vaticano II pedia que se abrisse uma janela para o mundo, pois a Igreja não podia ficar fechada e o Papa quis que se abrisse esta janela para o mundo moderno. Isto foi bom, mas aconteceu algumas coisas erradas.
Teve gente que pegou a desculpa da abertura da janela e pôs abaixo as muralhas da Igreja, entenderam errado. Não foi uma Igreja nova que começou a 50 anos atrás, é a mesma Igreja de sempre, a mesma Igreja de Cristo de dois mil anos atrás. E o Papa Bento XVI nos diz que precisamos ler o Concilio Vaticano II em sintonia com a mesma tradição de dois mil anos atrás.
E aconteceu que uma enchorrada de pessoas trazendo filosofias mundanas para dentro da Igreja. Nós abrimos uma grande brecha, de tal forma que o Papa na década de 70 disse: “A fumaça de satanás entrou dentro da Igreja.” Nós precisamos ter clareza do que é ser católico, ter clareza da nossa identidade, pois o povo que não tem clareza de sua identidade se perde.
Certa vez lá em Cuiabá, quando eu ainda era padre jovem, eu era conservador, cabeça quadrada e eu cresci vendo foto do meu de batina, pois ele foi seminarista. Graças a Deus fui educado em uma familia cristã. Chegando em Cuiabá, na porta da catedral um rapaz me pediu para que eu o atendesse em confissão e me disse que era amigo de uma padre que andava de moto pela cidade, bebia cerveja com ele e eu lhe disse porque você não se confessa com ele e ele me respondeu: “Não padre eu quero um padre para me confessar”. Quando o padre é padre com a identidade de padre ele faz um bem maior, assim também você quando você é católico, você também estará fazendo um bem maior para o mundo.
Quando você se veste de forma comportada, quando você não tem medo de defender a sua fé, não tem medo de crer em Deus, mesmo sendo minoria onde você estiver você estará fazendo um bem ao mundo, pois a luz de Cristo brilhará em você. Você não precisa ser igual ao mundo, você precisa ser diferente, não tenha medo!
Desta forma estaremos reconstruindo os muros da Igreja, como fez Neemias, a porta se abre, mas também se fecha para que não entre o inimigo. A função do sacerdote é recordar ao povo a sua identidade, a identidade de nossos pais, a identidade que temos. O povo católico quer que seus padres se identifiquem como padres, que não percam sua identidade.
Um dia perguntaram para o padre se ele não sentia calor com aquela batina e ele respondeu, eu não tenho problema nenhum com a batina, pois sempre eu quis ser padre.
Quem foram nossos heróis? O mundo foi diminuindo todos os nossos heróis e depois como o povo brasileiro vai amar a sua pátria? Nós precisamos como povo nos orgulhar de nossos heróis, pois assim também um povo mantém a sua identidade. Estão destruindo a nossa língua, o português está sendo destruído.
Outro ponto que faz um povo ser povo é a religião. Nossa história está ligada a evangelização, de homens como padre Anchieta, padre Manoel da Nóbrega e os nossos professores estão ensinando que estes evangelizadores da nossa história oprimiam os índios.
Nós precismaos ter a nossa identidade e não podemos ter medo de conservar a nossa identidade católica, nós precisamos ter veneração pela história de nosso país por aquilo que tem de bom, claro que o que há de ruim precisamos denúnciar, mas precisamos ter amor a nossa língua, amor a pátria, a nossa religião.
Por isso neste acampamento para as famílias deixo a mensagem que vem da primeira leitura, precisamos transmitir aos nossos filhos o amor a nossa pátria, o amor a nossa língua e a nossa religião.
Transcrição e adaptação: Elcka Torres
(12) 3186 2600
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