Os Fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Esta é uma pergunta que geralmente fazemos. Mas o que representa esse Reino? Significa que o Senhor reinará sobre a terra. Todos nós, crentes ou ateus, esperamos por este dia em que estaremos todos realizados, satisfeitos na presença d’Ele. A pergunta deles é a mesma pergunta que fazemos: “Quando é que, verdadeiramente, o Senhor reinará?
O homem sempre quis algo que o preenchesse positivamente, mas nem sempre encontrou as melhores situações. Chegamos até a nos perguntar: “Onde está Deus? Quando Ele vai intervir?”
Se a Palavra nos diz que o Reino do Senhor há de vir, significa que há outro reino que não é o de Deus. Por isso é importante que nos perguntemos: “Quem eu sigo? O Reino de Deus ou o reino do mundo?”. Corremos o risco de deixar o Senhor de lado e começar a seguir o reino do mundo.
Para sabermos a qual reino servir, devemos compreender a carta de São Paulo a Filemon. Segundo ela, Onésimo era escravo de Filemon, mas São Paulo recomendou a este que não o visse mais como escravo, mas como irmão. Para entendermos o reino deste mundo e verificarmos se o estamos construindo ou não, esta carta nos ajudará.
O Reino deste mundo é egoísta, não é caridoso. Centraliza-se em si mesmo e faz com que outros trabalhem somente ao seu bel prazer. Por exemplo: um casal casado que não está construindo o reino do mundo casa-se para ser feliz, não para ajudar o processo do outro.
“Grande consolo tive por causa de sua caridade.” O mundo tem ficado cada vez menos caridoso. Estamos voltados para nós mesmos e nem temos coragem de olhar para as pessoas caídas ao nosso lado. No mundo de hoje, falta solidariedade, porque este reino é egoísta.
Se você é do tipo que trabalha para ter suas “coisas”, faz “um favor” para alguém a fim de obter algo em troca ou para tirar o peso da sua consciência, desculpe-me, mas você está construindo o reino deste mundo e não o reino de Deus.
Devemos olhar para o outro como irmão e não como algo qualquer. Perceba que o Reino dos céus é construído tijolinho por tijolinho. Quando olho para o outro com ganância, como se fosse meu escravo e não como irmão, estou contribuindo algo para o mundo, não para o Senhor.
Será que consigo olhar para a pessoa que me fez sofrer como irmão? Quantos melindres! Queremos sempre que os outros nos sirvam. Comece a olhar para o outro tirando os olhos de você mesmo e verá que o outro também sofre.
Você que é empresário, tem a coragem de olhar para os seus empregados como irmãos e não como escravos? Essa é a maior caridade!
Estamos inflamados com a cultura do descartável, diante da qual não vemos o outro como pessoa, mas como “algo” que nos pode ser útil. Como nas redes sociais, as pessoas que não nos importunam, nós simplesmente as bloqueamos.
A construção do reino deste mundo é fácil, mas a construção do Reino de Deus é difícil. É mais fácil descartar as pessoas que nos fazem mal do que viver um processo de acolhê-las para a construção do Reino de Deus. Quem eu tenho descartado?
Deus escuta muito mais a sua oração quando ela é feita numa comunidade que ora junto. Não podemos viver uma fé individualista, não podemos fazer um divórcio entre a fé e a vida que levamos.
Vejam o exemplo de irmã Dulce. Não bastariam as belas palavras daquela mulher se não houvesse caridade em seus atos. Independente do livro que você tenha escrito, o mais bonito será o livro escrito com a sua vida. Hoje, bastam as palavras para nos enganar.
Sobre a pergunta dos fariseus a Jesus, de “quando chegará o Reino de Deus”, o Senhor lhes responde querendo saber se estão dispostos a construir esse Reino; e este não é ostensivo, não é cheio de brilho nem de riquezas.
Há muitas pessoas criando necessidades, querendo consumir e consumir, ter um monte de “luxo”, mas não ter Deus. O Senhor não pode ser comprado com dinheiro, Ele quer o seu coração. O essencial não são coisas materiais, o essencial é Deus.
Um só dia na presença de Deus vale mais do que muitos dias neste mundo. O Reino do Senhor não é dividido nem tem pacto nenhum com este mundo. Se estivermos divididos entre o que vemos e fazemos, não conseguiremos chegar ao que Jesus nos convida neste Evangelho.
Transcrição e adaptação: Rogéria Nair