É muito fácil para nós vivermos a vida quando tudo nos convém, mas quando precisamos renunciar a algumas coisas, corremos.
Hoje, “Quinta-feira de Adoração”, é um dia em que todos nós nos colocamos diante de Deus. Hoje vamos nos debruçar sobre a realidade da oração, mas a oração de um jeito diferente. Corremos um grande risco de transformar os nossos momentos de oração em momentos mecânicos; e desperdiçar essa grande possibilidade que temos de nos encontrar com Deus.
Já parou para pensar que, para falar com Aquele que tudo criou, é só rezar e esperar n’Ele? Deus Pai está sempre disposto a ouvir o nosso clamor! Qual a maior dificuldade que temos para estabelecer uma oração fecunda com o Senhor? Somos nós que, muitas vezes, não sabemos como nos dirigir a Ele!
Não digamos que o problema da nossa falta de fé está em Deus, pois somos nós mesmos os responsáveis por isso. O maior desejo do coração do Pai é nos ter cada vez mais perto d’Ele!
A Palavra meditada hoje está em Lucas 11, 1-8: “Um dia, num certo lugar, estava Jesus a rezar. Terminando a oração, disse-lhe um de seus discípulos: Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos. Disse-lhes ele, então: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso Reino; dai-nos hoje o pão necessário ao nosso sustento; perdoai-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos àqueles que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação. Em seguida, ele continuou: Se alguém de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois um amigo meu acaba de chegar à minha casa, de uma viagem, e não tenho nada para lhe oferecer; e se ele responder lá de dentro: Não me incomodes; a porta já está fechada, meus filhos e eu estamos deitados; não posso levantar-me para te dar os pães; eu vos digo: no caso de não se levantar para lhe dar os pães por ser seu amigo, certamente por causa da sua importunação se levantará e lhe dará quantos pães necessitar”.
Quem caminha com Jesus vai aprendendo, no dia a dia, como devem ser as coisas. E deste modo era com os discípulos, quando Jesus sumia, todos sabiam que Ele estava no Seu momento de oração com o Pai. A maneira como o Senhor rezava era diferente. O primeiro exemplo que Jesus nos deu foi a Sua própria vida.
A cultura judaica é muito bonita, e os judeus não sabem rezar se não for com o corpo todo. Não só a boca proclama as maravilhas do Senhor, mas o corpo todo. Assim Jesus rezava, estava em contato com o Pai, por isso chamou a atenção dos discípulos e estes disseram a Ele: “Mestre, ensina-nos a rezar”.
Corta-me o coração quando me perguntam: “Padre, é pecado não ir à Missa aos domingos?”. Não é uma obrigação, não é uma coisa mecânica, não é assim que a nossa oração deve ser. Jesus é exemplo de oração porque Ele não cumpria preceitos simplesmente, fazia tudo porque amava o Pai!
Existem muitas pessoas interesseiras, que só buscam a Deus esperando algo em troca. Chega desse Cristianismo vivido de modo raso! Chegou a hora de o vivermos de modo mais profundo! Muitos podem dizer: “Padre, mas eu rezo e nada acontece!”. Quem está ao lado de Deus não pensa assim! A oração perfeita vai ocorrer à medida que o nosso coração se aproximar mais de Deus!
Jesus orava de todo o Seu coração, não o fazia apenas “de boca” nem por interesse. Há algumas características da oração do Senhor, a primeira delas: estabelecer relacionamento na conversa. O amor entre duas pessoas gera relacionamento, é como aquela linguagem própria de um esposo olhar para sua esposa e saber o que ela está dizendo apenas pelo olhar.
Muitos não conseguem escutar Jesus porque não se aproximam d’Ele, nem se deixam conhecer por Ele. Um coração que está próximo ao Senhor, qualquer sussurro é suficiente para que possa entender o que Ele quer lhe dizer.
A segunda grande característica da oração do Senhor é a seguinte: ter intimidade na conversa. Como está sua intimidade com o Senhor? Ele precisa gritar ou qualquer sussurro já é suficiente para que você O ouça? O Senhor é muito concreto, Ele quer ter intimidade com você, quer permear toda a nossa vida.
O Senhor sabe quando estamos passando por dificuldades, não adianta esconder isso d’Ele. Com tudo pelo que estamos passando, se ainda continuamos ao lado do Pai, essa sim é uma prova de amor!
O dia mais difícil para Jesus orar se deu no Horto das Oliveiras, mas mesmo assim Ele se prostrou diante do Pai. Queremos sempre dar palpites; Jesus não deu palpites, Ele se abandonou no Pai. Quando Cristo pede que tenhamos um coração pequeno, Ele quer que confiemos n’Ele. A vontade de Deus foi a melhor pois, ao dar Seu “sim”, Jesus salvou a todos nós!
A nossa oração precisa ser cheia de fé e de expectativas. O que Deus tem preparado para nós olhos nenhum viram, mas basta que confiemos. Sozinhos não conseguimos nada, mas, cheios do Espírito Santo, sim! A oração verdadeira vem de um coração que se deixa levar por Deus. O desejo do Pai é que o nosso coração seja repleto do Seu Espírito Santo!
Transcrição e adaptação: Karina Aparecida