O que o motiva a querer passar o ano na presença de Deus?
Eu cheguei à mesma conclusão de Santo Agostinho: “Senhor, criaste-me para ti e o meu coração vivi inquieto enquanto não repousar em Ti”. Esta é uma grande verdade que trago no fundo da alma.
Quando Jesus disse para Pedro: “Você também quer me abandonar?”, o apóstolo respondeu: “A quem iríamos, se só tu tens Palavras de vida eterna!”. Nós somos como Pedro e Santo Agostinho, e talvez isso explique as pessoas que tem tudo na vida, mas para as quais ainda falta alguma coisa.
Quem é esse Deus que nos encanta e nos faz seguir em frente, a cada dia e a cada novo ano? Talvez possamos responder como aquela mulher pagã: “Cura a minha filha, Senhor”. E Jesus talvez nos responda até de uma forma estranha: “Não convém tirar o pão dos filhos e dar aos cachorrinhos”.
Que sede é essa que você tem de vir aos acampamentos da Canção Nova, de acompanhar os encontros pela TV, rádio e internet? O seu coração tem sede de Deus, o seu coração se encontra num um vazio tão grande, que só Ele pode preencher. Não existe nada, nesta terra, que pode preencher a nossa vida, a não ser o Senhor.
O projeto de Deus para nós é muito maior que aquilo que o mundo nos oferecer. Talvez, você vá à Missa, busque o Senhor, mas ainda sinta a alma inquieta, porque só será totalmente preenchido quando encontrar com o Pai no céu.
Você tem sede de algo novo na nossa vida, mas muitos não sabem que essa sede tem um nome: Jesus Cristo. Você que descobriu isso é privilegiado.
Só teremos um ano novo se tivermos uma vida nova. Mas muitos não entendem isso e querem uma vida diferente sem renovar a fé. Querem uma mágica, querem que, num piscar de olhos, 2014 mude para 2015 e tudo se transforme. Mas amanhã vai ser igual a hoje se você não fizer a diferença. Faça um projeto novo para 2015 em Deus.
A sua alma está inquieta, porque você não foi feito para o “mais ou menos”. Assim como o pastor não se conforma com a ovelha perdida, você também não pode se conformar em ficar longe do Senhor.
“Chegaram a Jericó. Ao sair dali Jesus, seus discípulos e numerosa multidão, estava sentado à beira do caminho, mendigando, Bartimeu, que era cego, filho de Timeu. Sabendo que era Jesus de Nazaré, começou a gritar: ‘Jesus, filho de Davi, em compaixão de mim!’ Muitos o repreendiam, para que se calasse, mas ele gritava ainda mais alto: ‘Filho de Davi, tem compaixão de mim!’ Jesus parou e disse: ‘Chamai-o’. Chamaram o cego, dizendo-lhe: ‘Coragem! Levanta-te, ele te chama’. Lançando fora a capa, o cego ergueu-se dum salto e foi ter com ele. Jesus, tomando a palavra, perguntou-lhe: ‘Que queres que te faça?’. Rabôni, respondeu-lhe o cego, que eu veja! Jesus disse-lhe: ‘Vai, a tua fé te salvou’. No mesmo instante, ele recuperou a vista e foi seguindo Jesus pelo caminho.” (Mc 10,46)
O cego já conhecia Jesus, até mesmo as Suas virtudes, por isso Lhe pediu que curasse sua cegueira. Esse cego tinha uma expectativa para encontrar o Senhor.
Jesus encantava por onde passava. O menino dos cinco pais e dois peixes não entregou seu alimento porque mandaram, mas porque ele tinha se encantado com Jesus. Ele é encantador! O Senhor é aquele que se sentou com os pecadores e com os leprosos, que curou os paralíticos. Veja, então, a sede de Jesus que tinha o cego de Jericó! E quanto mais ele gritava, mais as pessoas falavam para ele parar e mais alto ele gritava.
Santo Agostinho dizia: “Eu tenho uma graça que passa e não volta mais”. Provavelmente, esse cego via aquele momento como único, porque não saberia quando Jesus voltaria novamente. Jesus parou e disse: “Chamai-o!”. E disseram ao cego: “Coragem, levanta-te, Ele te chama”. A atitude do cego foi também a mais surpreendente, porque ele se ergueu de um salto e foi até Jesus.
Para quem é cego, ouvir é tudo. Tudo o que se sabe, se conhece é pelo ouvido. Jesus lhe perguntou: “O que queres que eu te faça?”. E ele disse: “Que eu possa enxergar”. Nós, que temos a visão perfeita, não sabemos a dimensão do que é não poder enxergar.
Deus curou a cegueira daquele homem e ele saiu louvando pelo caminho. O grande milagre não foi a cura da sua cegueira física, mas o seguimento ao Mestre. Pena que muitos cristãos ainda não entenderam isso e pararam na visão de que Jesus é apenas médico. Não é essa fé madura e verdadeira que Deus quer para nós. Ele vai curar? Vai. Mas, muito mais que isso, Ele quer nos dar a salvação, quer nos curar por inteiro. Ele não quer apenas que viremos de um ano para o outro, mas que comecemos uma vida nova.
Há momentos em que só queremos entregar metade da nossa vida ao Senhor, mas Ele quer que entreguemos tudo, até mesmo aquilo que não compreendemos. Santo Agostinho também dizia: “Ó, feliz culpa que nos fez merecer tão grande Salvador! Ó, sofrimento que O fez chegar até aqui!”. Nós não temos dimensão daquilo que Deus pode usar para que nos aproximemos d’Ele.
Na nossa vida de fé, Deus exige tudo de nós. Mas, como eu escutei outro dia, “não existe melhor travesseiro do que uma vida honesta”. Nada paga a tranquilidade de uma vida dígna e honrosa.
Talvez aquele homem só esperasse a cura dos seus olhos, mas Deus disse: “Vai, a tua fé te salvou!”. Por isso não pense que é perda de tempo se dedicar às coisas do Senhor.
Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio.