Hoje celebramos a Epifania do Senhor. No Natal, celebramos a entrada de Nosso Senhor Jesus na história da humanidade, a vinda d’Ele para as nações. Cristo veio para os judeus, mas não foi acolhido por eles. O projeto de Deus é para todas as nações; Ele não faz acepção de pessoas. A liturgia de hoje afirma que o Senhor foi enviado às nações. A manifestação de um Menino, que nasceu em Belém, não foi para um povo separado, mas para todas as nações.
Na Epifania do Senhor vemos a presença dos magos. Mas quem são esses magos? São sábios que estavam vindo da Pérsia, homens que estudavam os astros, as estrelas, os planetas e a lua. Esses três homens são de outra nação, não são judeus. São de um povo pagão. O estudo deles estava ligado à religião. Diferentemente de hoje, que a pessoa entra na universidade e esquece que tem religião, como se gente religiosa tivesse que ser burra, o que não é verdade. As universidades nasceram dentro da Igreja Católica, mas hoje muitas delas negam esse fato.
Esta homilia terá três passos: os reis magos que encontram Herodes; os reis que seguem a estrela e, depois, encontram uma mulher com o Menino Jesus no colo:
1º passo: Esses três homens vão nos levar para encontrar o rei Herodes. Eles não sabiam onde o Menino iria nascer, então foram procurar a autoridade daquele lugar, que era Herodes. Esses pagãos sabiam a quem procuravam. O Evangelho diz: “Onde está o menino que acabou de nascer? Nós vimos sua estrela e viemos adorá-lo”. O rei Herodes ficou perturbado por causa de uma Criancinha, isso não é vergonhoso? Assim como é vergonhoso gente que, por medo de uma criancinha, faz aborto, usa camisinha, toma pílula do dia seguinte. A “síndrome de Herodes” persiste ainda hoje, só mudou de jeito e de nome.
Herodes, como não sabia dar uma resposta a eles, reuniu os sumos sacerdotes e lhes perguntou onde é que esse Menino iria nascer. Os profetas falaram que seria em Belém. Herodes, por causa do medo de uma Criança, perturbou uma cidade inteira. Cuidado, porque talvez você esteja com problemas em seu casamento por ter medo de assumir os filhos que Deus está lhe mandando. Lembra no altar quando você disse “sim” quando o padre lhes perguntou se estavam dispostos a se abrirem aos filhos que Deus lhes mandasse?
A “síndrome de Herodes” continua em nosso meio e, se não percebermos isso, correremos o risco de ter o mesmo fim de Herodes. Temos aqui outra manifestação no lugar da Epifania, a “Herodesfania”: me perturbou, sai de baixo! Não estou falando que temos que ser masoquistas e nunca lutar contra o que nos perturba. Porém, cuidado, porque, por detrás daquilo que nos perturba, pode estar a voz de Deus nos convidando a mudar algo em nós.
Se começamos a eliminar tudo o que nos perturba corremos o risco de eliminar os filhos, o pai, a mãe, o padre, o Papa de nossa vida! Se Herodes tivesse entendido aquele “incômodo” em vez de tentar eliminá-lo, talvez tivéssemos hoje um Santo Herodes. Mas não, ele chamou os magos, em segredo, e lhes falou cuidadosamente: quando vocês souberem onde Ele está, mandem me avisar porque eu quero ir adorá-lo. Perdeu a oportunidade de se tornar um santo, pois agiu como uma cobra e deu o bote.
Quanto de Herodes temos em nós? Ficamos só aguardando o momento de dar o bote. Pai e mãe, se um dia vocês sonharam em ter uma família sem nunca ser incomodados, saibam que isso é pura ilusão. Família traz incômodos, criança adoece, esposa adoece, engorda, aquele bonitão de terno e gravata no altar cria barriga, ronca, incomoda… Autoridades incomodam, mudanças incomodam… E quando estamos envolvidos na “síndrome de Herodes” perdemos a oportunidade de ser melhores e de nos santificar.
2º passo: Com esses três magos agora vamos conhecer quem é essa estrela, a qual eles conheceram lá no Oriente, começaram a segui-la e vieram de longe para adorar o Menino Jesus. Depois de escutar Herodes eles partiram e a estrela ia adiante deles até parar sobre o lugar onde estava o Menino. Eles vinham guiados pela estrela, pararam para falar com Herodes e onde estava a estrela? Desapareceu, porque ali havia alguém que se achava “a estrela”. Quando Herodes apareceu, desviou a estrela de verdade. Nas nossas casas também temos “as estrelas”, aquelas pessoas que se acham melhores do que as demais e só desviam o nosso olhar da verdadeira Estrela, que é Jesus.
Quando os magos seguem em direção a Belém a estrela reaparece e os leva até o Menino Jesus. A estrela era um sinal de que estavam no caminho certo. Para quem gosta de tecnologia, os três magos tinham um “GPS” que funcionava muito bem, foi o primeiro “GPS” da história.
No entanto, a estrela era só um sinal. Muitas vezes, não entendemos o que é o sinal e nos perdemos pelo caminho. Você esquece que tem um destino e fica parado no sinal. Se aqueles magos se tornassem adoradores da estrela não teriam conhecido o Menino Deus. Quantos de nós paramos no sinal e não chegamos a Jesus? Quantas pessoas param no padre, tiram fotos, conversam com ele, tocam nele e quando se decepcionam com ele decidem mudar de Igreja. Não se esqueçam de que o padre é só o sinal que nos leva a Jesus.
O sinal é importante, mas não é tudo. Quantos de nós estamos parados nos sinais da vida, apegados a eles! Nós nos apegamos à pessoa que era só uma indicação, que estava só nos mostrando o caminho, mas não é o caminho, a verdade e a vida. Precisamos aprender com os magos que seguiram o sinal, mas não pararam nele.
A estrela sabia que era um sinal. Depois que ela cumpre sua missão ela precisa desaparecer. Quem é movido pela “síndrome de Herodes” não aceita não ser o primeiro. É aquele marido que não aceita ver a esposa feliz e vice-versa. Essa ”síndrome” [de Herodes] nos impede de perceber o tempo de desaparecer.
Quando a Estrela maior chega precisamos desaparecer. Não podemos disputar uns com os outros. Esse é um sintoma de Herodes. Saber desaparecer é sabedoria de vida. Pai, mãe, padre, precisam saber aparecer na hora certa, mas precisam saber desaparecer também. Quem não desaparece acaba sendo eliminado. Os pais não podem ser controladores. Mãe é mãe, pai é pai, não há aposentadoria, mas eles precisam “desaparecer” para que os filhos cresçam. Precisam ocupar bem o lugar que lhes cabe hoje e deixá-los livres no futuro para que cresçam.
3º passo: Os magos e o Menino. Ao chegar em casa você vai se comportar como Herodes ou como os reis magos, que entraram e presentearam o Menino? Uma longa caminhada e quando chegaram encontraram uma Mãe com um Menino no colo. Deus Todo-poderoso se manifestou às nações na simplicidade de uma Mãe com um Filho no colo. O mundo não suporta a manifestação de Deus, mas, suportando ou não, o Menino Deus já se manifestou. Ele chegou na minha e na sua vida!
Vamos aprender com os magos que se encontraram com Herodes, conversaram com ele, mas não se ajoelharam diante dele, nem o adoraram nem o presentearam, porque quem tem sabedoria sabe reconhecer quem é Deus e diante d’Ele deposita os seus tesouros.
Diante de um Menino simples, discreto, o que eles fazem? Eles se ajoelham. Para ajoelhar diante de alguém é preciso reconhecer que Ele é Senhor. E depois, diz a Palavra, eles O adoraram. E o Menino Jesus ganhou ouro, incenso e mirra deles. Da mesma forma, os tesouros que nós trazemos no nosso coração, aquilo que para nós é valioso, só são entregues a quem amamos e abrimos coração.
Será que não tenho me ajoelhado diante da televisão, da internet, de um copo de cachaça? Diante de quem você tem aberto o cofre dos seus tesouros? Os magos só fizeram isso diante de Jesus. Depois de encontrarem o Menino eles foram avisados de que deveriam voltar para casa, mas por outro caminho. Eles vieram para nos ensinar a adorar a Deus e que nossos joelhos dobrados são sinal de que somente Jesus Cristo é Rei e Senhor.
Os três reis magos encontraram o Menino, mas não acamparam ali, não se mudaram para Belém. Não! Não fuja da sua realidade e da sua terra! Você gostou do acampamento, foi bom? Volte outras vezes! As nações precisam conhecer o Menino Deus, mas como vão conhecê-Lo se você ficar por aqui? Só o estou alertando sobre o fato de que lá na sua terra você tem uma missão a cumprir. Você precisa voltar, mãe, pai, jovem! Volte, mas não volte como Herodes, volte como os reis magos, com a coragem de dobrar o joelho diante do Senhor para O adorar e para ofertar os seus tesouros a Ele.
Transcrição e adaptação: Thaisy Santos