A beleza que salvará o mundo é a beleza de Deus.
Nós estamos chegando praticamente aos momentos finais do nosso Acampamento de Músicos. Queremos ser músicos, instrumentistas, cantores, compositores, no mesmo corpo, no mesmo Espírito, no mesmo acorde. Somos um só.
Deus é mais de uma nota, Ele é harmonia. Quando se diz que a beleza salvará o mundo, não significa somente uma estética externa, mas a beleza que salvará o mundo é a beleza de Deus. “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” (Gênesis 1:30-31).
O desafio para o músico é cantar desafinado. O pecado original seria como uma desafinação que entrou no acorde da vida. A beleza da harmonia de Deus salvará o mundo. Em 1999 o Papa João Paulo II escreveu uma Carta aos Artistas: “Desejo a vós, queridos artistas, que sejam abençoados com particular santidade” e “sejam uma beleza que tenha êxtase”, destacando que o mundo tem necessidade desse entusiasmo, para enfrentar e vencer os desafios todos os dias.
A beleza salvará o mundo porque nós temos a beleza original. O Espírito faz ecoar em nós a canção original de Deus. A música espiritual tem um poder restaurador, e tem poder de encher as pessoas de Deus, de animar, leva para cima. O músico é chamado a ser uma mola, que leva as pessoas para cima, que as leva para Deus, que as leva ao êxtase necessário para entender e viver o dia a dia. “A beleza é a chave do mistério”, relata João Paulo II, na Carta aos Artistas, que a beleza das coisas criadas não podem saciar.
Aqui nós não temos só a beleza, mas o riscos da beleza, ela tem suas armadilhas, por isso nós devemos estar cientes dos seus perigos, assim como Santo Agostinho que teve saudades da beleza. Posso dizer o músico Santo Agostinho, na sua vida buscou a beleza interior, buscou as perguntas para suas indagações, e conta-se que, um dia quando ele já não procurava mais a beleza exterior, na catedral de Santo Ambrósio, ele o escutou cantando e percebeu que aquela beleza se destacava das belezas que já tinha sentido. No outro dia ele pediu para Deus uma resposta, e escutou uma criança cantando: “Toma e lê!” Ele pegou a Biblía e leu: “Nada de rixa e ciúmes mais, reveste-te do coração de Cristo”. Santo Agostinho percebeu que toda a sua vida, como artista e músico, ele alcançava a beleza exterior e não a interior. Depois de um tempo, no seu livro “Confissões”, ele percebeu que perdera muito tempo de sua vida e escreveu um poema: “Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei!Eis que habitáveis dentro de mim, e eu, lá fora,a procurar-Vos! Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes. Estáveis comigo eu não estava Convosco! Retinha-me longe de Vós aquilo que não existiria, se não existisse em Vós.
Porém, chamastes-me, com uma voz tão forte, que rompestes a minha Surdez! Brilhastes,cintilastes, e logo afugentastes a minha cegueira! Exalastes Perfume: respirei-o, a plenos pulmões, suspirandopor Vós. Saboreei-Vos e, agora, tenho fome e sede de Vós. Tocastes-me e ardi, no desejo da Vossa Paz.
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Nós artistas temos uma grande sensibilidade para as harmonias, por isso devemos tomar cuidado para não nos apegarmos muito às criaturas e esquecer o Criador. É uma ilusão achar que, na nossa música, no nosso livro, na nossa arte, vamos encontrar a alegria que queremos. Todo músico vive à flor da pele, Deus nos criou assim, somos muito sensíveis, vulneráveis, por isso precisamos do Senhor. Nós todos formamos um mosaico, o mosaico de Deus, e a nossa beleza é uma beleza restaurada. É preciso restaurar a beleza natural!
Nós temos essa beleza original. E mais: não adianta ser bom, é preciso de estudo e de conhecimento, para isso é importante a catequese musical, a catequese ministerial. Quero trazer para você uma dica: Você tem que saber o que a Igreja diz! É preciso mergulhar nas águas mais profundas. Eu sei que você se reúne com seu ministério de música, mas estude uns dez minutos pelo menos antes dos ensaios.
O rio sempre encontra o caminho do mar. Você está quebrado? Desanimado? Tem uma montanha em você! O rio sempre encontra o caminho do mar!
Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio