Hoje, nós queremos consagrar esta nossa manhã, nesse Acampamento PHN, de uma maneira muito especial a Nossa Senhora. Queremos que Ela esteja presente em cada palavra, em cada oração.
Quem tem um amigo tem um anjo. Durante todos esses dias vimos caminhando nessa trilha. Quem é "O Amigo"? Jesus Cristo. É dele que brota toda amizade.
Ouça: "O mundo quer deformar a verdade da castidade"
Ontem, nós dizíamos que uma verdadeira amizade em Cristo não é governada pelos instintos, não é motivada por interesses, mas é uma escolha mútua, que tem valor por si mesma. Os amigos em Cristo se unem no amor recíproco em favor dos outros. Não são fechados em si mesmos.
Vimos também os defeitos. Toda a amizade precisa ser purificada. Vimos também o que pode destruir uma amizade: injúria, calúnia, arrogância (que impede a correção) e a traição. Mas vimos também que se isso ocorrer, o que Nosso Senhor diz a nós.
Um santo diz o seguinte: "Se depois que você escolheu a amizade, acontece de ser agredido, suportai até que o possa. Assim tu rendes honra á velha amizade. A amizade verdadeira, de fato, é eterna. Quem é amigo sempre ama. Preocupa-te com o bom nome do amigo e não reveles jamais os segredos dele, mesmo que ele tenha revelado os teus".
Hoje, eu gostaria de falar de um assunto diferente, ainda dentro do plano da amizade. Que é fundamental para todas as idades. Queria falar de um tema que é muito importante no mundo de hoje. Queria falar de uma amizade a um fruto do Espírito Santo. Queria falar com Ela (Maria) da amizade à castidade.
Vocês topam conversar sobre esse assunto? Não podemos pensar num mundo novo sem a castidade. Esse mundo que está aí está desmoronando. E um dos sinais é que ele está perdendo o sentido dele, que é Deus e o amor. E qual é a coroa do amor? A castidade. Aquela pedra de toque que dá potência ao amor e o leva à plenitude.
Ouça: "O mundo quer separar o corpo da essência da pessoa"
Vamos abrir nossa Bíblia em Romanos 12, 1-2: "Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito".
O que é bom, o que é agradável a Deus? Filipenses 4,8: "Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos".
De uma maneira muito particular, queria dizer: é a castidade a coroa do amor. A castidade é um escudo para os nossos relacionamentos. Mais que um escudo é uma expressão do verdadeiro amor. Ela nutre e potencializa o amor. Quando falta a castidade, o amor perde a força em nós e nos tornamos presas fáceis do desamor, da violência e da degradação.
A castidade é um segredo que os jovens cristãos têm para a sua vida. Vocês vêem como o mundo de hoje despreza a castidade. O mundo de hoje perdeu a beleza da castidade. A castidade é vista como um tabu, moralismo, preceito, obrigação.
Quem é casto ama por inteiro, não se dá por partes. Sabe por que o mundo perdeu o sentido da castidade? Porque o mundo perdeu o sentido de quem é Deus e quem é o amor.
Como o mundo não sabe quem é Deus – e Deus é amor – não sabe o que é amor. E como não sabe quem é Deus, não sabe quem é o homem. Porque só Deus pode revelar quem é verdadeiramente o homem.
Uma das críticas injustas que se fazia ao cristianismo era de que ele não valorizava o corpo. "O Verbo se fez carne". Tornou-se corpo humano por amor e para o amor. O cristianismo nunca desprezou o corpo a ponto que Jesus Cristo desposou o corpo. Essa carne e esses ossos que compõem o seu corpo também Jesus Cristo assumiu. E Ele mostrou toda a beleza do homem.
O homem não é separado. É isso que o mundo faz hoje. Começa a usar o corpo com um princípio utilitarista, como se meu corpo não fosse eu. "Aí eu posso usar meu corpo para me auto-satisfazer egoisticamente, que é o pecado da masturbação, como se aquilo não ferisse o que sou por inteiro. Aí eu posso também usar o corpo dos outros para o meu bel prazer, posso ficar com quantas meninas eu quiser numa noite. E vice-versa, as meninas também. Meu corpo é apenas algo que eu uso como uma borracha, um lápis".
Ouça: A castidade revela o olhar de Cristo
Parece que a gente se engana. Cada união íntima de corpos é como um pedaço de você dado ao outro, porque seu corpo está intimamente ligado à sua alma. Em cada relação sexual que é feita fora do matrimônio, não pense que você está dando e recebendo prazer. Engano. Em cada relação sexual você está dando um pedaço de você para sempre àquela pessoa.
A castidade é um grande dom, que faz com que compreendamos a unicidade do nosso ser. Esse abraço, essa boca e esse beijo sou eu. Se eu vivo no pecado, eu me destruo e destruo os outros.
Por isso, meu irmão, o meu, o seu corpo não foi criado para um prazer egoísta, para a sensualidade que fere o seu ser. Lá na Comunidade Shalom, como na Canção Nova, a gente senta, conversa e escuta os jovens. E quando a gente senta com eles, o que é que a gente ouve, o que é que a gente vê?
A minha geração já é uma geração muito ferida, mas quando a gente fala hoje com um jovem hoje de 15, 16 anos parece que a gente está falando com uma pessoa de 50 anos, que já viveu tudo, que já foi ultrajado e ultrajou. Quando a castidade é ferida gera prazer no ato, mas gera dor na vida. Como descem lágrimas nos olhos dos jovens feridos na castidade.
A presença da castidade gera felicidade, dignidade, uma capacidade para amar, para se doar não por pedaços, mas para se doar por inteiro, como Jesus se deu na cruz. Hoje, vemos um mundo que despreza a beleza da castidade. Por isso, as conseqüências são tão graves.
A castidade gera olhos transparentes, revela o próprio Cristo e aquela que é "toda bela", a Virgem Maria. Mas a ausência da castidade vai enfeando o homem. Aí a mulher precisa produzir-se cada vez mais e vai tornando a vida feia, vazia e infeliz.
O "fica" não deixa de ser um tipo, um certo nível de prostituição. Nos namoros avançados a gente valoriza mais a relação física. Sem uma relação profunda de amizade no namoro não existe matrimônio verdadeiro e feliz. E aí como a gente não prioriza no namoro a amizade, a gente vai ter matrimônios imaturos, inseguros, muitas vezes gerados por relações sexuais pré-matrimoniais. A gente vai vendo os frutos na nossa casa, na nossa família. Vai vendo uma sociedade que reivindica a regularização e aceitação do adultério.
A sociedade vai dizendo que esse negócio e homem e mulher já era, que você é que escolhe e vai negando a natureza, o dado inicial que Deus lhe deu. Deus lhe fez homem, não lhe fez outra coisa e você vai ser feliz sendo homem.
Rapazes, vocês são verdadeiramente homens. O mundo precisa de testemunho de virilidade, com a sua capacidade, com os seus dons que complementam uma mulher. A masculinidade de vocês é um dom de Deus. Vocês são verdadeiramente homens, inteiramente homens.
Pode ser que vocês tragam algumas feridas com vocês, mas não se deixem enganar pelo mundo. Não se arraste pelas modas que arrasam a masculinidade, a virilidade. Sejam homens por inteiro, como Cristo foi. Se há feridas, deixem que Ele, o Homem que é Cristo, pela sua graça, pela castidade os harmonizem e os cure. Vocês serão felizes sendo quem vocês são. Quando em Cristo deixamos ser aquilo que Deus nos criou, somos felizes.
Ouça: Testemunhar a beleza da castidade
Minhas queridas irmãs, quero lhes pedir em nome de Cristo, da Igreja e do mundo que vocês não percam o dom maior que Deus lhes deu: a feminilidade. A feminilidade de vocês nos torna mais homens. A feminilidade – não a sensualidade – torna seus esposos, seus filhos mais homens. A sensibilidade de vocês, que é capaz de notar até quando um rosto muda. Vocês são capazes de fazer com que o mundo seja mais humano.
Não deixem ser como Deus as fez: mulher por inteira, toda bela. Não caiam nas falácias do mundo de hoje, que querem que vocês compitam com o homem. Não se deixem enganar com a sensualidade, com negação da sua sexualidade como mulher, como se pudesse ser outra coisa sem ser mulher. Mulher que complementa o homem, que faz o mundo mais humano. Em vocês vejo minha mãe, minhas irmãs, minha co-fundadora. Não deixem de ser o que vocês são pelas mentiras do mundo.
Onde começa essa deformação do mundo? Quando se despreza a castidade.
Como podemos ser amigos da humanidade, de uma sociedade que despreza a castidade? Como amigos de Deus e como amigo dos homens, eu sou chamado a testemunhar e a proclamar a beleza da castidade.
Como é que nós podemos testemunhar e proclamar a beleza da castidade. Em primeiro lugar com matrimônios castos, abertos para a vida; precisamos de jovens que se disponham a viver namoros castos. Onde estão os namoros castos, a juventude casta? Precisamos de celibatários, jovens inflamados pelo amor que digam: "Deus me chama ao celibato consagrado em favor da humanidade". Sou celibatário e sou um homem plenamente feliz.
Precisamos de sacerdotes castos. Onde estão os jovens dispostos a darem o Corpo de Cristo com o seu corpo? Para que haja vocações castas, matrimônios, celibatários, sacerdotes castos: "Maria, me ajuda". Precisamos pedir a graça a Deus.
Aqueles jovens que estão aqui, que vivem uma luta desigual em relação à castidade, a vir ao encontro dela (Maria), que é toda bela. Ela deu Jesus ao mundo pela sua virgindade. Ela pode fazer você jovem casto, virgem, puro, dando Jesus ao mundo pelo olhar, pelas mãos, pela Palavra. Se você quer ser um jovem casto, venha até aqui serenamente, até os pés dela.
"Maria, santa e fiel, ensina-nos a viver como escolhidos".
Transcrição: Maurício Rebouças
Fotos: Fernando Fantini
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