Hoje é um dia muito importante para a Comunidade Jesus Menino, porque estamos comemorando 25 anos de comunidade. A nossa missão é carregar Jesus no colo, dar-Lhe comida, casa e ser pai e mãe para todas as crianças, que são “Jesus” para nós.
Madre Tereza contou a sua história e já foi. Padre Pio contou a sua história e já foi. Por isso estou aqui, para contar as minhas experiências com Jesus por meio desses meninos que nós cuidamos, os quais representam Jesus para nós.
“É como o grão de mostarda que, quando é semeado, é a menor de todas as sementes. Mas, depois de semeado, cresce, torna-se maior que todas as hortaliças e estende de tal modo os seus ramos, que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra” (Marcos 4,31).
A comunidade Jesus Menino é como esse grão de mostarda, que é luz no mundo que ilumina a sociedade. Os meninos da nossa comunidade já se encontraram com os Papas: João Paulo II, Bento XVI e Papa Francisco.
Antes de iniciar a comunidade, eu fui fazer uma festa com a juventude da diocese. Disseram-me: “Toni, se você for à Clínica Girassol, você vai ter um controle sobre esses jovens e vai atraí-los, porque você tem jeito com os jovens”. Fui à clínica só para fazer a festa, porque eu não sabia como lidar com deficientes. Mas quando eu cheguei lá, um dos meninos me disse: “Você não quer ser meu pai?”. Eu trabalhava com tantas coisas na Igreja e não sabia de nada.
Muitas vezes, nós somos da Igreja, estamos à frente de movimentos, mas não amamos nem ficamos com o essencial. Por meio do convite daquele menino, eu comecei a comunidade. Comecei as atividades com aulas e, logo, eu estava morando com eles. Sem querer, eu me tornei parte da vida deles. É o que o Papa Francisco fala para nós: “Vemos as dores das pessoas, mas não as enxergamos”.
Em certo momento, eu disse para Deus: “Se o Senhor existisse, não os deixaria morrer como eles estão morrendo aqui”. Em 1978, o Senhor falou ao meu coração: “Fica aqui com eles! Dá a vida por eles”. Eu dormi com aquelas crianças e vi o sofrimento delas. Jesus disse para mim: “Vai, fica com esse povo e cuida dele”. Falei com o bispo e ele disse para fazer um retiro de dois anos, primeiramente, porque pobres sempre tereis, e primeiro eu precisava ouvir a vontade de Deus.
No dia 20 de junho de 1990, o bispo me disse: “Você quer fazer uma experiência de vida?”. Um padre salesiano disse que eu precisava experimentar o Evangelho. Então, fomos viver o carisma de São José, celibatários, mas casados com o Espírito Santo. Assim nasceu Jesus Menino e ali nasceu o carisma da vida e do amor. Onde homens e mulheres celibatários doam a vida para esses meninos que ninguém quer.
Nós tivemos um filho que faleceu há seis anos. Ele era uma criança hiperativa, que comia tijolo. Quando o acolhemos, tínhamos de ter uma babá para cuidar dele 24 horas por dia, mas ele foi crescendo e sendo transformado. Um dia, na cozinha, ele pegou uma batata, colocou na boca e ficou entalado. Eu o peguei e saí correndo. Os bombeiros ajudaram na respiração e disseram: “Seu filho está morrendo”. Ele ficou no CTI por dez dias. Todos os dias eu ia visitá-lo e o médico me dizia: “Está tudo perfeito, mas ele não acorda”. Eu lhe disse: “Eutanásia não!”.
Hoje, já se passaram vinte e cinco anos, a obra já está em muitos lugares. É a história da nossa vida que vai se completando a cada dia. Uma delas é a arte de cuidar . Na casa Jesus Menino, nós trabalhamos aquilo que é a pessoa humana. Damos a mão, o colo e o coração.
Certo dia, eu estava no CTI e me recordei que a mãe dele havia tentado matá-lo de todas as formas no útero. Então, eu o abracei, tirei o tubo da boca dele e disse: “Deives, morra, não sofra mais. Se uma mulher que quis que você morresse, eu digo agora para você viver. Acorde nos braços do Pai e você vai renascer!”. Ele deu um respiro tão forte, que os enfermeiros não sabiam o que havia acontecido. Conversei com ele, porque quem está na CTI está vivo. Mas a enfermeira me disse: “O Deives morreu já faz uma hora”. O que Deus faz é perfeito, e aquile menino lindo que sepultamos foi para o colo do Pai.
Veja a apresentação de alguns filhos da Comunidade Jesus Menino:
Nós, muitas vezes, ficamos na nossa zona de conforto e não fazemos nada. O Marcelo não anda direito, o Antônio é cadeirante, mas antes da doença, eles são pessoas. Nós precisamos defender o que é vida.
É difícil ter uma pessoa com deficiência em casa, porque ela precisa de muitos cuidados. Graças a Deus, nós temos um Papa Francisco para nos sensibilizar. Eu gostaria de ter muitas mãos e muitos braços para acolher todos, mas somos apenas um sinal. O Brasil está passando por uma crise, não somos só nós; mas, muitas vezes, fazemos a experiência de não ter nada.
É muito bom experimentar a liberdade de não ter nada. Eu não tenho nada, mas a riqueza de morar com esses meus filhos, que são “príncipes”, nada paga. Já entramos em tantos lugares do mundo para servir e ser a Palavra de Deus. É muito bom falar de Deus sem nada ter, é muito bom ser livre! E Deus sempre nos dá o essencial.
Eu queria falar de um filho que nós adotamos na UTI, o Cleyton. Ele estava desacordado há vinte dias e não tinha ninguém na vida; nós o adotamos. Ele estava com morte cerebral e o médico disse: “Cuidado com a sua esperança!”. Mas eu falei para o Cleyton: “Se for da vontade de Deus, acorde, Cleyton!”. Ele acordou e mexeu com a mão. O médico disse que aquilo era apenas um reflexo, mas hoje ele está sentando lá em casa, assistindo à Canção Nova. Ele é alimentado pelo estômago, não pode comungar, mas toma o Sangue de Jesus na espécie do vinho. Isso é um milagre!
A palavra aborto significa matar. Podemos matar crianças? Podemos criar lei para matar? O grão de mostarda, que é a Comunidade Jesus Menino, quer ser sinal para a sociedade. Posso contar com vocês para me ajudar a divulgar a vida? Essas crianças deficientes são pessoas iguais a todos e não podemos abortá-las.
Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio.
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