“Depois disso, tornou Jesus a manifestar-se aos seus discípulos junto ao lago de Tiberíades. Manifestou-se deste modo: Estavam juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (que era de Caná da Galiléia), os filhos de Zebedeu e outros dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Responderam-lhe eles: Também nós vamos contigo. Partiram e entraram na barca. Naquela noite, porém, nada apanharam. Chegada a manhã, Jesus estava na praia. Todavia, os discípulos não o reconheceram. Perguntou-lhes Jesus: Amigos, não tendes acaso alguma coisa para comer? Não, responderam-lhe. Disse-lhes ele: Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis. Lançaram-na, e já não podiam arrastá-la por causa da grande quantidade de peixes. Então aquele discípulo, que Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor!” (Jo 21, 1-7)
É interessante percebermos a experiência que estes discípulos estavam vivendo logo após a Morte de Jesus. Vocês sabem que, antes de ser chamados por Jesus, a maioria de Seus discípulos eram pescadores. Vocês se recordam que, quando Jesus os encontrou, disse a eles que, a partir daquele momento, seriam “pescadores de homens”. No entanto, essa passagem bíblica mostra que os discípulos voltaram a ser pescadores de peixes, ou seja, perderam a esperança e voltaram à vida antiga.
Vale a pena lembrar que esses homens viveram experiências fantásticas com Jesus Cristo por três anos, a ponto de João dizer que: “Se fossem escritas uma por uma [das obras de Jesus], penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever” (Jo 21, 25). Eles viram ressurreições, milagres, curas, cegos que voltaram a enxergar, surdos que voltaram a escutar, eles viram os demônios que não suportavam nem escutar a voz de Jesus. Aqueles homens contemplaram a tempestade acalmada, eles experimentaram os ensinamentos de Jesus por três anos.
O Senhor já havia anunciado a eles que Ele iria passar pela Paixão e que, ao terceiro dia, ressuscitaria. Nós hoje compreendemos o mistério pascal, mas aqueles homens ainda não o compreendiam. Como eles poderiam dizer “é o Senhor” quando viram o Senhor sendo crucificado e viram também o Corpo d’Ele sendo retirado da cruz? Assim também ocorre conosco muitas vezes: como reconhecer Jesus diante do sofrimento? Diante da crise no matrimônio? Diante de seu filho nas drogas? Como entender que Ele é o Senhor diante do silêncio do sepulcro? É fácil dizer “é o Senhor” diante dessas situações? É fácil para nós Igreja dizer: “É o Senhor” diante da perseguição? Dizer que Ele é o Senhor diante do secularismo da nossa sociedade?
Aqueles discípulos estavam experimentando o silêncio de Deus. Eu não sei se você já viveu este silêncio, aquela situação que Deus não responde… Diante destas situações eu tenho atitude de desespero ou esperança? Saiba você que o silêncio de Deus sempre esconde uma manifestação de Sua glória. Depois do silêncio de Jesus sempre vem o milagre.
Diante deste mistério do Sábado Santo, do silêncio deste sepulcro, nós só podemos esperar o barulho do milagre da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Eu digo para você, hoje, que diante do silêncio de Deus na sua vida, quando Ele silenciar, quando você não obtiver resposta, eu lhe digo: espere, aguente, porque o Senhor vai realizar o milagre depois desse silêncio! No silêncio deste dia está contida uma profissão de fé, a profissão de que Jesus desceu aos infernos.
Hoje nós vemos um fenômeno na sociedade: quando Deus não responde aos nossos pedidos, então trocamos de Igreja, trocamos de religião, ficamos “pulando de galho em galho”, como se Deus estivesse a nosso serviço. Não é isso que essa doutrina diabólica da “teologia da prosperidade” tem pregado? Um Deus que está a nosso serviço e não nós a serviço de Deus. Este silêncio serve para dizer que quem está no comando é Deus Todo-poderoso e não você.
Só quando descobrirmos o silêncio de Deus é que vamos entender o mistério de Seu amor. Se você descobrir esse silêncio, e ainda mais: esperar no silêncio, o Altíssimo vai manifestar o barulho do milagre da Sua manifestação gloriosa em sua vida.
No silêncio existe um medo, uma insegurança que nos leva à solidão. Mas este medo é logo solucionado quando Deus Pai estende a Sua Mão para nós, pois Ele é um Deus que se aproxima de nós quando nós estamos na solidão e no medo, como estavam aqueles discípulos. No entanto, este medo e esta solidão são dissipados quando Jesus se coloca no meio deles, o que também ocorre quando Ele está no meio de nós.
Transcrição e adaptação: Daniel Machado