No tempo de Jesus, a cidade de Jerusalém tinha mais ou menos 50 mil habitantes, e em época de festas, chegava a ser 150 mil pessoas. Os peregrinos que chegavam a Jerusalém traziam os seus animais, mercadorias e produtos agrícolas que eles produziam durante o ano e entregavam aquilo como oferta para Deus. E a crítica que Jesus faz no Evangelho [Lucas 19, 45-48] de hoje, é que muitas pessoas deixaram que seus corações se corrompesse, e o que era para ser sagrado e celebrado diante de Deus, passou a ser um grande comércio.
Jesus quer dizer a nós que Ele não permite que comercializemos a grande graça que nós possuímos, que é de sermos filhos de Deus. Hoje Ele quer expulsar do nosso coração todas as vezes que comercializamos a Sua graça e que achávamos que poderíamos comprar a graça divina.
“A minha casa é casa de oração.” Jesus transforma a palavra templo de espaço físico, em casa, e casa fala de intimidade de interioridade. Nosso coração será chamado casa de oração onde Deus quer fazer a sua morada e permanecer, Ele quer entrar definitivamente na nossa vida e estabelecer uma intimidade conosco.
Muitas vezes transformamos a nossa casa, que era para ser um lugar de amor, fraternidade, perdão e reconciliação, em um campo de guerra. É pai que briga com o filho, é filho que briga com os pais e sai de casa batendo a porta, é a esposa esposa que abandona o seu lar e quer viver no adultério. Nós transformamos o lugar sagrado em um lugar de comércio por causa dos nossos interesses.
Quando não abrimos mão da nossa vontade para fazer feliz as pessoas que vivem conosco, nós nos aprisionamos em nós mesmo e comercializamos o grande dom de Deus. Nós temos que fazer da nossa casa, uma casa de oração, e fazer do nosso relacionamento com Deus um relacionamento de filiação.
Queremos muitas vezes comercializar o dom de Deus e não temos coragem de dar no domingo, nem uma hora do nosso dia, para o Senhor. Ficamos agarrados o dia inteiro na frente da televisão, fazemos muitas coisas e não damos uma hora do nosso dia no domingo para celebrarmos a Eucaristia.
O grande risco que Jesus nos fala hoje é de mudarmos a espiritualidade da nossa relação com Deus e acabarmos identificando a religiosidade cristã católica no chamado cinco passos: Quando batizamos, a primeira Eucaristia, a Crisma, o matrimônio e depois o funeral quando alguém nos "empurra". Resumimos a nossa comunhão com Deus nesses cinco passos, pois tem pessoas que só vão à Igreja cinco vezes na vida.
Alguns dizem: “Para que ir à Igreja? Eu rezo aqui em casa mesmo, eu rezo no meu quarto". Transformam até os objetos de piedade em uma falsa religiosidade. Às vezes, desfiguramos a religiosidade sendo católicos de IBGE, e muitas vezes transferimos a nossa relação com Deus para outras pessoas: 'Rezar é para as mulheres'. Meu filho, você também é querido por Deus, assuma que a sua casa, sua família é uma casa de oração.
O Senhor nos chama a atenção nesse Evangelho para fazermos da nossa vida, do nosso coração esse lugar de oração, de intimidade com Deus, fazer do nosso lugar onde habitamos um recorte do céu.
A essência desta espiritualidade do templo como casa de oração é eu e você fazermos de cada lugar da nossa vida um recorte de céu. É fazer do momento em que você está na roça, do curral onde você tira o leite, um lugar de oração e convívio fraterno com seus irmãos. Faça da sua capelinha na zona rural um lugar de oração, da sua casa, da sua família um lugar de oração, um recorte do céu, e que as pessoas que convivem com você possam experimentar o céu através de cada um de nós.
Transcrição e adaptação: Célia Grego
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