O ânimo que vem de Deus se dá por meio da certeza da salvação e da vida eterna
Em Isaías 40,27-31, Deus nos diz que é Ele quem nos dá ânimo; não somos nós que o criamos por si só. Nimo, em latim, quer dizer alma, vida, mas, em grego, também quer dizer vento, respiração. Então, o desanimado, que é o contrário de tudo isso, vem de alguém que não está com vida, que está em uma tristeza profunda e, muitas vezes, pode nos influenciar.
Tantas situações podem nos levar ao desânimo! Uma delas é não ter fé. No entanto, o desânimo também pode acontecer quando temos fé, mas esta está em algo passageiro, em coisas terrenas. Isso pode causar desânimo, desesperança, não sonhamos mais, desacreditamos das pessoas, ficamos decepcionados com tudo. Principalmente, a dor da perda pode nos levar a uma desolação espiritual.
Até mesmo aqueles que estão dentro da Igreja, que já encontraram sua vocação, podem entrar na desolação espiritual. Papa Francisco nos diz que, no momento em que encontramos uma pessoa que está desolada espiritualmente, a única coisa que temos de fazer é manter o silêncio e a oração por ela. Ela precisa de apoio, mas não de palavras; precisa que estejamos juntos, em oração, pois esses são momentos muito sombrios da alma e que até alguns santos passaram por isso.
Cedo ou tarde, todos nós podemos viver uma desolação espiritual, pois é uma condição dessa alma obscura, sem esperança e que pode nos levar à doença, como a depressão. O Catecismo da Igreja diz que a enfermidade e o sofrimento sempre estiveram presentes entre os problemas mais graves da vida humana. Na doença, tocamos na nossa limitação, experimentamos nossa impotência e pensamos na morte, questionamo-nos sobre ela.
O Catecismo vem dizer que Cristo tem preferência por esses doentes, pois Ele veio pelos doentes do corpo e também da alma. Suas inúmeras curas nos mostram que Ele veio para curar o homem por inteiro, de alma e corpo. Jesus não curou todos os enfermos, mas suas curas eram os sinais da vinda do Reino de Deus.
Jesus anunciava uma cura mais radical, mais profunda e física. Anunciava a vitória sobre o pecado pela Sua morte. Na cruz, Cristo tomou sobre si o peso do mal e tirou o pecado do mundo, dando assim um novo sentido ao sofrimento. Se acreditarmos n’Ele, não sofreremos por sofrer, mas teremos um sentido e uma direção, que é a nossa salvação.
Papa Francisco nos dá a dica, a fórmula, para sairmos da desolação espiritual: a oração. Quando estamos desanimados, não temos vontade de rezar, mesmo sendo quando mais precisamos. Santa Tereza ia para a capela, muitas vezes, sem vontade de rezar, mas na fidelidade e o seu esforço em fazer suas orações, na sua constância. Com certeza, Deus já estava fazendo milagres, mesmo ela não sentindo. Mas quando entendemos que nosso sofrimento não é em vão, descobrimos por que Jesus morreu na cruz por nós.
Quando Ele morreu na cruz por nós, Ele nos deu uma novo esperança, forças para enfrentar o nosso tempo presente, que é difícil, custoso. Mas mesmo sendo custoso, pode ser vivido e aceito se levarmos uma meta, e essa meta é a nossa salvação. Quando temos essa certeza, mesmo que o caminho seja difícil, criamos ânimo, retomamos e continuamos.
A partir da redenção de Cristo, começamos a ver a morte com outros olhos; ela não é mais o fim, e quando passarmos por ela, não existirá mais cansaço, dor. Isso é que nos difere, pois nós cristãos sabemos que temos um futuro, mesmo que não saibamos os detalhes, mas temos essa certeza. Os que esperam no Senhor renovam suas forças, não cansam, e tudo isso pelo dom da fé, pelo Espírito Santo.
Transcrição e adaptação João Paulo dos Santos
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