O compromisso fixa a nossa liberdade – de um modo estável – no bem
Para iniciar nossas reflexões, neste Acampamento de Cura e Libertação, convido você a ler na sua Bíblia a seguinte passagem:
“Acaso não sabeis que os injustos não hão de possuir o Reino de Deus? Não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes hão de possuir o Reino de Deus. Ao menos alguns de vós têm sido isso. Mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus. Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma” (I Cor 6,9-12).
Quero trazer a vocês um fenômeno terrível que tem escravizado, sobretudo, aos jovens. E que fenômeno é esse? O fenômeno de fugir dos compromissos estáveis.
Comprometer-se, para muitos, é o mesmo que atar as próprias mãos. As pessoas têm fugido do compromisso, seja ele qual for.
Um dos motivos para isso acontecer é que tudo tem mudado rápido demais em nossas vidas. Tudo tornou-se muito imprevisível na vida das pessoas. Muitos não querem comprometerem-se, por exemplo, com a aquisição de um imóvel, porque não sabem se no futuro permanecerão naquele lugar.
O exemplo citado é um fator externo, social, mas existem, também, outros dois fatores que são de ordem espiritual para isso estar acontecendo.
Prepare seu filho para as lutas da vida
O primeiro – e tem acontecido muito na Europa – é que as crianças nascem num ambiente de muita abundância material. Hoje, as crianças crescem tendo coisas que os seus pais nunca tiveram e isso tem feito as novas gerações serem muito caprichosas. Dessa forma, os pais não ajudam seus filhos a crescerem como homens e mulheres maduros. Quando você dá tudo para o seu filho, você não o prepara para as lutas da vida, não o forma para lidar com os compromissos diante dos obstáculos que surgem ao longo do caminho.
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Ao receber essa educação que não é a mais adequada, nossos jovens acabam não sendo preparados para a vida, pois neles não crescem as virtudes, e sim os vícios. Uma boa educação faz com que o filho não cresça sendo um preguiçoso, e sim alguém responsável e sem medo de encarar os sacrifícios. O filho cresce na fortaleza, sabendo lidar com o peso próprio da vida. Ele não fugirá dos compromissos ao seu redor, como trabalho, relacionamento conjugal etc.
Liberdade para fazer o bem
A segunda causa é a de que existe uma ideia de liberdade muito difundida em nosso meio e que é um tanto deformada. Paulo vai ensinar que “tudo me é permitido, mas nem tudo me convém” (cf. I Cor 6,12). Eu não posso acreditar que a minha liberdade me dá o direito de fazer o que eu bem quiser. A nossa liberdade nos foi dada para fazer o bem. É isso que nos torna verdadeiramente felizes! Quando usamos nossa liberdade para pecar, acabamos experimentando a infelicidade e a escravidão interior.
O mundo tenta nos convencer de que ser livre é fazer o que bem nos apetece. E, com isso, o mundo nos mostra que assumir um compromisso é perder a própria liberdade. Se eu me comprometo com algo ou alguém, isso significa que já não poderei escolher outras coisas fora desse compromisso. E isso, aos olhos do mundo, significa abrir mão da própria liberdade.
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O que o mundo nos ensina? Que eu não preciso me casar com aquela pessoa, porque se eu casar já não poderei mais optar por outras escolhas que me dão prazer. E esse pensamento mundano, infelizmente, só tem levado a um aumento do número de divórcios na nossa sociedade.
Por que é bom comprometer-se?
Mas, por que é bom comprometer-se? Primeiro, quero frisar que só vale a pena comprometer-se com aquilo que é bom, aquilo que me leva ao bem. Veja: eu e você fomos criados à imagem e semelhança de Deus que é Amor. Fomos criados para estarmos em comunhão com Deus e com os irmãos. Portanto, todo compromisso que nos leva a assumir essa realidade de comunhão com Deus e com o próximo nos é conveniente. A grande vantagem desses compromissos é que eles fixam a nossa liberdade – de um modo estável – no bem, naquilo que me convém.
Existem alguns compromissos dos quais decorrem alguns deveres. O casamento é um deles, pois gera direitos e deveres de estado. Por meio desses deveres de estado nós também servimos a Deus e aos irmãos. Precisamos entender que a nossa santidade passa por esses deveres do estado de vida que assumimos. E isso deve nos levar a sempre refletirmos se estamos sendo fiéis ou não a esses mesmos deveres.
Você quer ser santo, meu irmão? Então, seja fiel no cumprimento dos deveres do estado de vida que você assumiu.
Os santos nos ensinam a cumprir bem os nossos deveres. Certa vez, um jornalista perguntou a São João Paulo II como era sua rotina diária. Após o Santo Padre contar toda sua rotina diária tão exigente, o repórter perguntou: “Mas, Santo Padre, o que o senhor faz nos tempos livres?”; e recebeu a seguinte resposta própria das almas santas: “Todo meu tempo é livre”.
Entender isso é entender que o compromisso assumido com amor nos leva à santidade.
Transcrição e adaptação: Alexandre Oliveira