Cristo, que é o modelo de todo o sacerdote, entende o coração humano porque Ele tem coração
Vamos refletir sobre o chamado sobrenatural: Deus chama pessoas que são vocacionadas a serem pais para o exercício da paternidade, mas essas pessoas precisam renunciar a essa vocação natural (do matrimônio) por terem escutado Deus as chamando para uma outra, a vocação sacerdotal.
Reflexão da Palavra: Marcos 3,13-19
“Depois, subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram a ele. Designou doze dentre eles para ficar em sua companhia. Ele os enviaria a pregar, com o poder de expulsar os demônios. Escolheu estes doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais pôs o nome de Boanerges, que quer dizer Filhos do Trovão. Ele escolheu também André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Tadeu, Simão, o Zelador; e Judas Iscariotes, que o entregou.”
Para falar da vocação do padre, a primeira coisa que precisamos ter guardada em nosso coração, para que essa palavra produza frutos em nós, é que todos os padres têm um modelo: Cristo. E, na vida da Igreja, nós vemos muitos padres santos que imitaram a Jesus profundamente e tornaram-se exemplos para nós.
Ressalto: o modelo é Jesus, devemos imitar sempre. Porém, temos homens que conseguiram imitar tão bem o Cristo, que podemos imitá-los também, como São João paulo II, São João Maria Vianney, São Josemaria Escrivá, São João Bosco, São José de Anchieta. O segredo é simples: imitar o Cristo. Quem imita Jesus, não erra. Quem imita esses padres que são exemplos de Cristo, também não erra.
Todos já fizemos a experiência com padres que imitam tão bem o Cristo, que só a presença deles já é suficiente. A palavra de Cristo se direciona a nós por meio do padre. Sua palavra deve ser de consolo no dia a dia, no convívio diário com as pessoas. Você precisa procurar o padre para se confessar, para trabalhos pastorais também, então, precisa entender essa vocação sacerdotal. Imitar a Jesus Cristo é a verdadeira referência do padre.
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Esse Cristo, que é o modelo de todo o sacerdote, entende o coração humano porque Ele tem coração. Ele viveu a experiência da encarnação, então, entende de afetos, relacionamentos, se aproximava de quem precisava. Ele é um homem de encontro e nos ensina isso. É nessa proximidade de Cristo com os discípulos, citada na passagem acima, que depois de aprenderem, foram enviados para pregarem. Ele é o modelo, a referência, sem Ele nada existe. As pessoas sentiam-se tocadas por Ele e decidiam mudar, ir para o caminho certo por causa d’Ele.
E o padre tendo essa experiência com Cristo, terá o encontro certo providenciado por Deus. Não são relacionamentos forçados, aproximação forçada, mas fica atento aos sinais de que aquela pessoa precisa de Deus. Deus providencia as pessoas. Não precisa viver desesperado em relação a isso, e só se vive, de fato, se está próximo de Jesus, se tem Ele como modelo. O padre é o homem dos relacionamentos providenciados por Deus. Não é o relacionamento pelo relacionamento, e sim para conduzir à salvação, às realidades do Céu. Por isso, devemos sempre seguir os passos de Jesus.
O que devo imitar na vida de Cristo? Que passo dar para imitar Ele?
Seja o padre, o fiel, o leigo, o casado… Se preciso agir constantemente como a vida de Cristo, devo observar a vida de Jesus, porque, como é possível imitar alguém a quem eu não conheça Como saber se algum sofrimento que eu vivo é parte do mistério redentor de Cristo? Se o próprio Deus quis nos dar a salvação passando por sofrimento, então, existe algo de redentor no sofrimento.
No que consiste a vocação do padre?
Consiste em pertencer a Deus, e não a si mesmo. Ou seja, pertencer unicamente a Deus.
Imagine um rapaz que, quando criança, nutriu o desejo natural de constituir uma família, ter filhos, morar fora do país; só que, em determinado momento, se depara com alguma experiência e se sente chamado a ser padre. Ele já tinha a vocação natural ao matrimônio, a de ser pai; pois todos nós a temos. Mas por uma experiência divina, ele escuta uma voz o chamando para ser padre, para pertencer a Deus inteiramente.
A vocação sacerdotal consiste em responder positivamente a essa voz, na renúncia de ter filhos, esposa, entre outras realidades, por conta de um amor maior que a pessoa correspondeu; porque escutou, responde e dá passos. O renunciar é constante, não é apenas de um momento, de um dia; é uma vida de renúncia. Isso é pertencer inteiramente a Deus.
Quando isso pertence à sua própria vontade, significa que, mesmo sentindo-se chamado a renunciar, não se corresponde positivamente, não está vivendo totalmente para Deus.
Isso para quem é chamado à vocação sacerdotal, que vive essa renúncia constante. Não é renúncia por renunciar, mas por amor a Deus que nos chama e nos escolhe. A vocação sacerdotal é bela por conta disso. Constantemente é preciso renovar a experiência da primeira renúncia. E, quem sabe assim, imitando a Cristo, possamos nos tornar também um exemplo.
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Todo padre também precisa responder à paternidade espiritual. Por graça, Deus faz dos padres, pais espirituais, mesmo alguns sendo mais novo do que muitos filhos. Não é uma paternidade espiritual por conta da idade, e sim pela maturidade que Deus coloca em cada um. Deus nos faz pais por graça. Por conta da resposta àquela voz que nos chamou e, por amor, dissemos sim.
Eu prefiro a Sua vontade do que a minha, porque sei que é a melhor. E se não vou ser pai de cinco filhos, serei pai de uma multidão por graça. Deus torna cada padre um pai.
Quantas vezes você procurou um padre para pedir conselho? É a graça da vocação sacerdotal, porque o modelo é Cristo, e o padre age in Persona Christi. É o Cristo que age direcionando aquele que procura ao padre. Por isso, o padre pode direcionar. Quem age na vida das pessoas atendidas, que gera a conversão, é Jesus.
Toda a existência de Jesus deve ser modelo para o cristão. Em tudo Jesus fez a vontade de Deus. A vontade de Deus é o que conduz para a vida, para a salvação.
Transcrição e adaptação: Rebeca Astuti.