Quero iniciar com uma pergunta: “Quem aqui já viveu a experiência de sentir uma grande alegria e, logo após, sentir uma enorme tristeza, um terrível vazio interior para o qual nem sabia dar nome?”
Eu, quando estava no seminário, fiz muitos julgamentos equivocados, pois, julgava que as pessoas do mundo eram mais felizes do que eu. No meu passado, eu me envolvi com realidades erradas, tudo para querer “ganhar minha vida”, mas, como afirma a Palavra de Deus, “quem quer ganhar a sua vida vai perdê-la”.
Eu tive a graça de conhecer e conversar com monsenhor Jonas Abib durante o Acampamento de Ano Novo. E vi aquele homem curvadinho. Quem aqui já viu um girassol? Pois bem, essa flor acompanha o movimento do sol do nascente ao poente. Durante esse movimento, o girassol produz um óleo – muito útil por sinal – e acaba se encurvando. É o que acontece com monsenhor Jonas: um homem encurvado, cheio do óleo da Unção, usado por Deus para iniciar esta obra chamada Canção Nova. E, hoje, estamos aqui para fazermos festa para nossa alma. Glória a Deus pela vida do monsenhor Jonas Abib!
Certa vez, ouvi de um psiquiatra que: uma das definições para tristeza e depressão é “encolhimento da alma”. Veja: não se trata de elevar a alma, mas sim de mantê-la encolhida. A pessoa em depressão encolhe a própria alma ao invés de expandi-la!
Cinco remédios para aliviar a dor e a tristeza
São Tomás de Aquino, na sua “Suma Teológica”, indica cinco remédios que ajudam a aliviar a dor e a tristeza. Esses remédios aliviam, porém, o remédio que anula a nossa tristeza chama-se Jesus Cristo. É Ele quem enxuga as nossas lágrimas!
Veja: o primeiro remédio que alivia a dor e a tristeza é fazer algo prazeroso, ou seja, fazer algo que se gosta muito.
O segundo remédio é chorar, mas não em demasia, para não cair na melancolia. Chorar é desabafar, é colocar para fora nossa dor.
O terceiro remédio se encontra na amizade, ou seja, naqueles que têm compaixão de nós, que se alegram com as nossas vitórias e também tomam sobre si as nossas dores.
O quarto remédio – segundo São Tomás de Aquino – é tomar banho quente e dormir. Meus irmãos, o sono é saudável. Uma pessoa que não dorme bem, corre o risco de passar o dia inteiro irritada.
O quinto e último remédio é contemplar a Beleza e a Verdade. Dos cinco remédios, esse é o mais importante, pois contemplar a Beleza e a Verdade é o mesmo que contemplar o próprio Deus.
Nossa alma é alimentada por aquilo que vemos
No entanto, esses remédios servem para aliviar nossa dor e tristeza, mas não podemos nos “instalar” neles. Do contrário, buscaremos o prazer o tempo todo, faremos dos nossos amigos “deuses” para nós, dormiremos em demasia etc. É preciso estarmos atentos nesse sentido.
Como disse anteriormente, no meu passado fiz escolhas erradas: o salário que eu ganhava, eu gastava com festas e farras. Eu me permiti muitas coisas erradas que só me trouxeram um vazio interior.
Recordo-me de Santo Inácio de Loyola: um santo que teve sua perna quebrada por três vezes para ter sua perna endireitada. Interessante que, aquele soldado se submeteu a isso porque estava apaixonado por uma mulher. Durante seu tratamento, ele fez algumas leituras que não eram sagradas. Ele lia tudo aquilo e sentia alegria, porém, essa alegria logo terminava. No entanto, quando Santo Inácio lia os Evangelhos e livros sobre a vida dos santos, ele sentia uma alegria que perdurava, mesmo em meio aos seus sofrimentos. Com isso, Santo Inácio concluiu que o demônio somente tem a oferecer uma alegria aparente, uma alegria que logo passa.
Quando mergulhei no vício da bebida, eu experimentei exatamente isso que Santo Inácio ensina: uma alegria aparente. Bebia e criava coragem para me aproximar das mulheres, tentava conquistá-las, mas em tudo isso só experimentava o prazer que o demônio oferecia e que jamais saciava a alma. Daí, aconteceu de buscar cada vez mais prazeres e prazeres, mas nunca estar verdadeiramente saciado na alma.
É o que ocorre no carnaval “do mundão”: a pessoa sente um prazer que volta para ela em forma de ferida. Você sente um prazer que, na verdade, só machuca o coração. Quantas pessoas deprimidas estão agora dançando nos bailes de carnaval! Não é verdade? E a pessoa nesse estado termina o carnaval pior do que quando começou. A pessoa coloca em risco a sua própria existência, pois nunca se sacia. Precisa cada vez mais de prazer. E essa busca pelo prazer do mundo só machuca. Não viva a festa da carne! Faça festa para sua alma.
No Evangelho segundo Mateus 6,22-23, encontramos o seguinte ensinamento:
“O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado. Se teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas. Se a luz que está em ti são trevas, quão espessas deverão ser as trevas!”
Cuidado com aquilo que você vê
Aqui encontramos a resposta de como fazer festa para a própria alma, pois, a nossa alma é alimentada por aquilo que vemos. Como é importante aquilo que assistimos, aquilo que vemos. Por exemplo: uma criança que cresce vendo seus pais se amando e se respeitando, ela adquire a virtude da paciência, da amabilidade porque ela teve esse exemplo concreto na sua vida. Ela aprendeu tocando nessa realidade com seus próprios olhos. A virtude, nesse caso, entrou pelos olhos e atingiu a sua vontade, ou seja, o seu coração.
Portanto, neste carnaval, tome muito cuidado com aquilo que você vê. Tome cuidado com esses noticiários que só incitam à violência e a maldizer os que praticam o mal. Cuidado com a pornografia, pois ela tem corrompido inúmeras almas. Não deixe a sua alma anêmica! Não deixe que ela fique encolhida! Você até pode buscar o prazer, mas desde que ele seja lícito.
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São Paulo nos ensina que a fé vem pela pregação da Palavra. A fé entra pelos nossos ouvidos. Nós precisamos abrir nossos ouvidos a tudo aquilo que Deus quer nos falar. Os santos realizavam milagres para isto: para que as pessoas dessem ouvidos ao que Deus queria lhes falar. Tudo o que você tem visto e ouvido, nesses dias de carnaval na Canção Nova, você deve também anunciar, pois, há mais alegria em dar do que em receber.
Deus nos chama a sermos pessoas virtuosas. Diante desse chamado, façamos festa para a nossa alma.
Transcrição e adaptação: Alexandre Oliveira