Estimado monsenhor Jonas, queridos sacerdotes, padre Wagner que completa dez anos de sacerdócio e padre Hamilton (quatro anos de sacerdócio). Eu não poderia deixar de fora duas pessoas, principalmente neste dia da Sagrada Família. Quero saudar os pais do padre Wagner, Sr. Antônio e Sra. Luzia, eles disseram sim a Deus e cooperaram com a obra da criação trazendo ao mundo o padre Wagner.
Nesta solenidade da Sagrada Família, somos convidados a refletir sobre um dos aspectos da humanidade do Verbo que se encarnou. Deus nasceu pobre numa manjedoura, o mundo não percebeu a entrada do Salvador, a não ser os pastores e depois os magos. Nasceu de uma mulher, sujeito a tudo o que é nosso, exceto o pecado.
O próprio Filho de Deus foi educado no seio de uma família. Como é importante a família no contexto da sociedade! A família que lamentavelmente é a instituição mais agredida em nosso mundo contemporâneo. Nela aprendemos a amar, sermos amados e a nos relacionar como irmãos.
As leituras que ouvimos, nos mostram como são importantes as primeiras experiências no convívio familiar.
A primeira leitura [Eclesiástico 3,3-7.14-17ª], aborda todo relacionamento humano que deve existir entre pais e filhos, esposo e esposa, para que a família seja verdadeiramente geradora de bons cidadãos.
De que adiantam os planos de governos e os avanços da ciência e da técnica, se os atores de tudo isso, os seres humanos, involuem em humanidade. Cresce entre nós a desagregação familiar, que tem como frutos amargos o desamor, a violência, a falta de fraternidade, de diálogo, o desrespeito da dignidade da pessoa e o desrespeito à vida.
A família de Nazaré está aí para nos mostrar o que significa crescer como gente. Não basta desejar a paz e a concórdia, é preciso semear estes valores aprendidos no seio de uma família onde são vividos.
Padre Wagner e padre Hamilton são frutos de uma família, e hoje como sacerdotes, pais espirituais, vão transmitindo essas experiências que aprenderam com seus familiares para construírem grandes famílias formadas por comunidades para onde são enviados. Os padres, bispos, não aprendem a viverem em sociedade e amar os irmãos somente no seminário. Tudo isso aprendemos primeiramente no convívio com nossos pais e irmãos.
O texto de Lucas [Lucas 2,41-52] mostra a apreensão da Maria, ela que ouviu a profecia de Simeão sobre a criança que trazia em seus braços e também sobre a espada de dor que transpassaria seu coração. Quando sentiu a perda do Menino que estava no Templo entre os doutores, certamente pensou: “é agora Senhor?” (que vai se cumprir a profecia?). E interroga o filho querido: “por que fizeste isso?” E o Menino responde à mãe e ao pai adotivo não como uma criança qualquer, mas como Filho de Deus: “acaso não devo estar cuidando das coisas de meu Pai?” Muitas vezes Maria ouvia todas aquelas coisas e guardava em seu coração, porque sabia que um dia suas interrogações seriam respondidas. E diz o texto que Jesus acompanhou seus pais e lhes era obediente. Como entender a grandeza desse mistério que começa na encarnação e na cruz e ressurreição encontra o seu ápice? Meus irmãos e irmãs, cabe a nós dobrarmos os joelhos em oração, pois jamais teremos condições de esgotar a compreensão desse mistério de um Deus que armou a Sua tenda entre nós. Nossa atitude será de adoração orante.
Um dia, nós Sacerdotes, deixamos nossos lares, nossos irmãos de sangue, para seguir o chamado que Jesus nos fez, um chamado que traz germinalmente a promessa: “E todo aquele que por minha causa deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna” (Mateus 19,29). Isso é uma verdade. Monsenhor Jonas quantos filhos o senhor com seu testemunho sacerdotal, deve ter gerado para Cristo? Certamente muitos milhares!
Nós Sacerdotes, temos o carinho, o amor de tantas famílias que ajudamos a caminhar em meio aos desafios de nosso tempo e que também nos ajudam a perseverar. Nós contamos muito com o apoio das famílias. Deixamos nossas famílias para abraçarmos uma multidão de famílias. Não merecemos a graça de participar do sacerdócio de Cristo, é dom de Deus, e o nosso agradecimento se manifesta quando correspondemos servindo aos irmãos.
Os padres são embaixadores do amor misericordioso de Deus. O agradecimento pelo dom da vocação é diário, acontece todos os dias quando elevam os olhos e o coração ao céu no santo sacrifício da Missa.
Não podemos só viver o sacerdócio, temos que ter a alegria e manifestar o regozijo que trazemos em nosso coração. Que um dia, todos os que esperamos em Deus, possamos ouvir do Senhor Jesus: “Vinde benditos de meu Pai, para o Reino que vos foi preparado desde o início, e também, servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor”.