Hoje a Canção Nova está promovendo este Kairós Sertanejo com o tema: “Pai, presença do amor de Deus”. Na oração da coleta de hoje, ouvimos: Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos um dia a herança que prometestes”. Deus é nosso Pai e nós somos filhos d’Ele. Sendo assim, se o Pai está no céu, onde é o nosso lugar? O céu. Por que não estamos lá ainda? Porque ainda não chegou a hora.
Gostaria imensamente que você compreendesse que Deus é nosso Pai. E se você pegar as Sagradas Escrituras poderá ver o relacionamento de Pai e filho de Deus com o Seu povo. Precisamos tratar algumas mazelas em nosso coração que nos impedem de nos relacionarmos com Deus como um Pai. Há pessoas que têm dificuldade de ver isso porque o coração delas está magoado e rancoroso. É preciso que se deixem ser curadas por Deus Pai.
No Evangelho de hoje, Jesus despediu as multidões e ficou sozinho para orar com o Pai, mais tarde ele foi ao encontro dos discípulos andando sobre as águas, às três da manhã, e o vento era contrário. Os discípulos se assustaram por pensarem que era um fantasma. Jesus lhes diz: “Coragem, sou eu. Não tenhais medo!” Pedro estava na barca e, em sua ousadia, pede a Jesus que o mande ir até Ele caminhando sobre as águas; o apóstolo vai, mas, no caminho, começa a afundar. Qual foi a atitude de Pedro? Gritar por socorro. Jesus estendeu-lhe a mão e o puxou de volta. Quando a fé se torna pequena os problemas agigantam-se dentro de nós. As ondas pequenas tornam-se tsunamis e começamos a afundar.
“Desse modo, cercados como estamos de uma tal nuvem de testemunhas, desvencilhemo-nos das cadeias do pecado. Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus” (Hebreus 12,1). Não tire o olhar de Jesus. Você está carregando uma cruz? Não tire os olhos do Senhor. Se você tirar os olhos de Cristo, como fez Pedro, você se afogará. Mas se mantiver o olhar n’Ele, verá que, em Cristo, você será mais que vencedor.
Diante da perda, da dor e da morte geralmente tiramos o olhar de Jesus e afundamos. Lembre-se de que Jesus está sempre com os braços estendidos esperando para o puxar de volta; aconteça o que for, Jesus o chama de volta. Segure firme nas mãos d’Ele e não tire os olhos do olhar d’Ele, é isso que pode segurar você.
Como diz a música: “Se as águas do mar da vida quiserem te afogar, segura na mão de Deus e vai. Se as tristezas dessa vida quiserem te sufocar, segura nas mãos de Deus e vai“. Vou contar um segredo a vocês, meu pai amava quando eu cantava essa música. Ele achava bonita a letra. E é verdade: se vierem as tristezas, as angústias da vida, segure, segure firme nas mãos de Deus e vá, continue a caminhar.
Lembrei-me de duas figuras paternas enquanto refletia sobre a homilia de hoje. A primeira foi a do pai que fora até Jesus para pedir a cura do filho, que sofria de ataques epilépticos e era jogado pelo demônio de um lado para o outro. Jesus vai ao menino e este fica curado. A segunda é a figura daquele pai que vai ao encontro de Jesus, pois sua filha estava doente, e depois morreu, e o Senhor também vai ao encontro dela e a ressuscita.
Pai, você já foi ao encontro de Jesus para pedir por seu filho? Seu filho dá trabalho e não o escuta mais? Sua filha dá trabalho? Ore por eles, vá a Jesus pelos seus, a função de rezar não é só da esposa, é do esposo também. Família que reza unida permanece unida.
“Aquele que ama seu filho, castiga-o com freqüência, para que se alegre com isso mais tarde, e não tenha de bater à porta dos vizinhos. Aquele que dá ensinamentos a seu filho será louvado por causa dele, e nele mesmo se gloriará entre seus amigos. Aquele que educa o filho torna o seu inimigo invejoso, e entre seus amigos será honrado por causa dele. O pai morre, e é como se não morresse, pois deixa depois de si um seu semelhante. Durante sua vida viu seu filho e nele se alegrou; quando morrer, não ficará aflito; não terá de que se envergonhar perante seus adversários, pois deixou em sua casa um defensor contra os inimigos, alguém que manifestará gratidão aos seus amigos.” (Eclesiástico 30, 1- 6).
Pai, deixe um legado para seu filho, e o maior exemplo que você pode dar a ele é o seu exemplo de vida. Não deixe para ele uma poupança gorda, deixe seu exemplo.
Para você que é filho, a Palavra de Deus diz: “Honra teu pai por teus atos, tuas palavras, tua paciência, a fim de que ele te dê sua bênção, e que esta permaneça em ti até o teu último dia. A bênção paterna fortalece a casa de seus filhos, a maldição de uma mãe a arrasa até os alicerces. Não te glories do que desonra teu pai, pois a vergonha dele não poderia ser glória para ti, pois um homem adquire glória com a honra de seu pai, e um pai sem honra é a vergonha do filho. Meu filho, ajuda a velhice de teu pai, não o desgostes durante a sua vida. Se seu espírito desfalecer, sê indulgente, não o desprezes porque te sentes forte, pois tua caridade para com teu pai não será esquecida, e, por teres suportado os defeitos de tua mãe, ser-te-á dada uma recompensa; tua casa tornar-se-á próspera na justiça. Lembrar-se-ão de ti no dia da aflição, e teus pecados dissolver-se-ão como o gelo ao sol forte.” (Eclesiástico 3, 9-17).
Qual foi a última frase que você ouviu do seu pai hoje? Você se lembra dela? Algumas pessoas vão se lembrar do xingamento, da acusação e do que é negativo, mas algumas vão se lembrar: “Filho, Deus te abençoe”. A última vez que vi meu pai, sua última frase foi: “Filho, o pai está morrendo, mas quando eu chegar ao céu vou pedir a Jesus para tomar conta de você”. Qual foi a última frase que você ouviu do seu pai?
Meu pai faleceu em 1983 e, no ano 2000, eu estava assistindo à Canção Nova com uma dor tão grande pela falta dele. Ao olhar o monsenhor Jonas pregando, veio ao meu coração uma voz forte que me dizia: “Adote o padre Jonas como seu pai espiritual”, Deus quis assim confortar o meu coração devido ao vazio que havia ficado pela falta do meu pai. O vazio que está em seu coração, seja por seu pai vivo ou morto, Deus quer curá-lo.
Pai, se você nunca disse ao seu filho que você o ama, diga isso hoje, pode ser a última palavra que ele vai ouvir de sua boca. E você que é filho, se nunca disse ao seu pai que o ama, também o diga hoje, não espere seu pai morrer para querer dizer isso a ele.
Transcrição e adaptação: Rogéria Nair