A Igreja se alegra por não estar orfã. Nós católicos temos um pai, temos o Papa Francisco. E, em julho de 2013, teremos a alegria de nos encontrar com o Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude.
Durante os oito anos do pontificado de Bento XVI, ele não teve receio de nos alertar sobre os caminhos que não poderíamos seguir para alcançar a felicidade. Tal como um pai, Bento XVI fez o mesmo pela Igreja.
O Papa emérito não foi um Pontífice que passou a mão sobre as nossas cabeças, mas apontava para todos o caminho de uma vida plena. Muitas pessoas criticaram a atitude dele ao renunciar, comparando-o a Joao Paulo II, o qual levou seu pontificado até o fim. Ouvimos as pessoas dizerem que ele desceu da cruz, mas, sem receio de abrir mão de tudo aquilo que, aparentemente, estava sob o seu domínio, ele nos deu uma lição de humildade ao entregar algo para alcancar um bem maior.
A atitude de Bento XVI não foi uma desistência da cruz ou do Crucificado, pois ele continua unido a Cristo, mas, agora, de outra maneira, a qual, uma grande maioria não conseguirá entender. Precisamos lembrar que cada pessoa é única e, por isso, não podemos criticá-las.
Com este Conclave, podemos perceber que o Espírito Santo driblou todas as expectativas do povo. Falando sobre o Papa Francisco, já na sua primeira aparição mostrou-se um homem humilde, simples. Assumindo o nome de Francisco, percebemos semelhanças suas às características de São Francisco de Assis e São Francisco Xavier; e porque não também São Francisco de Salles, um santo marcado pela docilidade.
Papa Francisco nos encanta pelo sorriso. Ele, em apenas um dia, já tem mostrado para a Igreja a necessidade de voltar para aquilo que é essencial. Logo após o Conclave, na sua primeira aparição pública, o Papa nos ensinou que, antes de iniciar um projeto, precisamos comecar pela oração. Pelo testemunho de Papa Francisco precisamos acolher e ver como agimos, pois, muitas vezes, só lembramos de rezar quando as coisas não estão dando certo.
O que o Espírito Santo quer de cada um de nós neste novo tempo que a Igreja está vivendo? Por um lado, temos a atitude de Bento XVI, o qual abriu mão de seu pontificado; por outro lado, temos a simplicidade de Francisco que se mostra necessitado da graça. Muitas vezes, não queremos abrir mão daquilo que achamos ter de direito. Ficamos presos naquilo que achamos que é do nosso direito. Mas com a atitude de Francisco fomos ensinados que, antes de ser, precisamos nos reconhecer necessitados da graca, antes mesmo do nosso agir.
Estamos alegres com tudo o que vivemos nesse Conclave, mas nos atentemos àquilo que precisamos aprender com todas essas mudanças. Falamos da necessidade da mudanca da Igreja, mas, como cristãos, esquecemos que nós somos essa Igreja, e ela se faz com cada um de nós. Se a Igreja precisa ser mudada, logo eu e você, como membro dela, precisamos viver, primeiramente, a conversão pessoal.
Em nossa Quaresma, se não fazemos o exercício de nos aproximarmos de Jesus, em nada vale a nossa penitência. A nossa espiritualidade não pode ser vivida apenas cumprindo as práticas como alguém que marca cartão.
Há necessidade de mostrarmos com a vida que somos felizes por sermos cristãos. Não podemos apenas "maquiar" a felicidade com um sorriso “plástico”. Hoje, somos convidados a aprender que nosso caminho pascal não pode ser estéril, e também saber que ele inclui a cruz. Podemos ter problemas e dificuldades, mas é possível que tudo seja diferente, porque Deus continua rico em Sua misericórdia e sempre disposto a perdoar.
Esse Deus nos anima a continuar uma ou mais vezes. Mas, às vezes, falta para mim e você a motivação. Falta-nos a fé que nos impulsiona a buscar a felicidade, a fazer diferente. Precisamos olhar para a nossa vida e reconhecer aquilo que não caminha tão bem como gostaríamos. Somos normalmente conduzidos a dizer que tudo vai bem. Tudo nos parece muito normal como crimes e drogas, mas não basta apenas olhar o que não vai bem. Da mesma forma, na nossa vida, precisamos fazer o gesto de conversão, assumir a mudança na nossa vida. Nesse tempo especial de Quaresma, é importante reconhecer aquilo que temos vivido. Com isso, podemos nos surpreender com aquilo que estávamos vivendo, pois está apenas na superficialidade. Podemos também perceber que perdemos a consciência de que somos amados por Deus de maneira pessoal.
Transcrição e adaptação: Dado Moura