Meu nome é Marcos, sou missionário e professor na Canção Nova. Tudo o que a comunidade possui foi construído com o objetivo de evangelizar. Por isso, eu me pergunto sempre: “Como eu percebo a voz de Deus na minha razão?”. Refletindo sobre isso, trago como exemplo os meus filhos. Eles conseguem distinguir que sou o pai deles, reconhecem-me, porque convivem comigo; e essa convivência lhes dá a capacidade de reconhecer a voz do pai.
Na sexta-feira passada, fui dar aula na faculdade e os alunos me perguntaram se eu estava doente. O interessante foi o fato de eles perceberem que eu não estava bem. Mas por que estou dando esses exemplos? Porque precisamos entender que tudo, na Canção Nova, foi feito para o nosso bem”. Tudo na comunidade – um pedacinho do céu, como muitos dizem – foi criado pelo monsenhor Jonas Abib para o nosso bem!
Para refletirmos sobre isso, eu lhes proponho a seguinte Palavra: “Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por ele” (I Corintios 8, 3).
Como amar alguém que não vemos? Os meus filhos poderiam me amar se não me vissem? Toda a Canção Nova foi construída, porque o monsenhor Jonas entendeu tudo o que Deus dizia para ele. Ao mesmo tempo que conseguimos perceber a voz de Deus falando conosco, Ele também percebe que conseguimos entender a Sua voz.
Estar nesse processo de conhecimento de Deus é complicado, mas eu gostaria de partilhar com vocês quatro processos que eu uso para distinguir a voz do Senhor em minha vida.
“Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mateus 16, 24).
Primeiro passo: “Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mateus 16, 24). É um desafio, e não é para muitos, pois indica um número reduzido de pessoas que escolheram viver como Cristo, tornar-se um novo Cristo. Muitos são chamados, mas são poucos os que querem segui-Lo!
“Ninguém te despreze por seres jovem. Ao contrário, torna-te modelo para os fiéis, no modo de falar e de viver, na caridade, na fé, na castidade” (I Timóteo 4,12).
Nessa passagem – “torna-te modelo” –, não é um modelo de pessoa; muito pelo contrário, é ser modelo para a Igreja. Essa é a missão dos jovens, uma revolução para aqueles que querem buscar o Senhor nas palavras, na pureza. A Palavra está sendo clara para os jovens!
Como eu disse, o primeiro elemento está na firme vontade de tornar-se santo, mas é uma decisão particular! O ciclo de Deus para nós está em amá-Lo e ser conhecido por Ele nessa busca firme de ser santo. Mas isso desperta em nós algumas perguntas: “Você se sente escolhido por Deus?”. Muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos! No chamado que o Senhor lhe faz, você se sente escolhido?
O segundo passo é a conversão. Se você ama Deus, você é conhecido por Ele; então, voltando para o Evangelho de Mateus, percebemos que não é uma via fácil ser o último. Nós vamos buscando comportamentos, porque, como diz a Palavra: “Se alguém lhe der a face direita, você lhe dará a face esquerda”. Quando eu vejo uma carteira no chão, cheia de dinheiro, eu procuro os documentos para entregá-la ao dono? É possível viver com Deus, mas precisamos de pessoas que queiram ser santos de uma forma serena.
Terceiro passo: uma vida de mortificação. Qual é o tamanho da sua cruz? Olhando para o Papa Bento XVI, vemos que ele teve a coragem de dizer que, pela sua saúde, não queria mais prosseguir. Ele foi um homem justo e conseguiu enxergar o tamanho da sua cruz.
Então, assumindo a sua cruz, você se torna um baluarte do amor de Deus. Quem ama o Senhor é conhecido por Ele. Que o seu sofrimento possa ser um baluarte do reflexo de Deus para a nossa vida! No lugar onde você está, as pessoas não irão olhar para você e lhe dizer: é católico. Não! Elas vão olhar e experimentar da sua graça! Nós precisamos buscar a luz da cruz de Cristo.
O último passo: siga-me! Aguente firme, meu filho! São as palavras do monsenhor Jonas para cada um de nós. Se você ainda não viveu bem a sua Quaresma, siga esses quatro passos. Primeiro, decidir-se pela santidade; segundo, viver a conversão, renegar a si mesmo e a sua prepotência. Terceiro ponto: tomar a sua cruz; e a última: seguir o Senhor e tornar-se um novo Cristo.
Quando você olha para o fundo do seu coração, percebe que é amado por Deus? Deus ama a todos!
Há muito sofrimento onde nós perdemos a oportunidade de testemunhar, porque não tocamos em nossa cruz. A messe é grande, mas os operários são poucos. Nessa época de Quaresma, precisamos refletir o que está acontecendo em nossa vida.
Transcrição e adaptação: Karina Aparecida