Queridos irmãos e irmãs, estamos vivendo a Oitava de Natal. Oito dias após o Natal, ainda celebramos com a mesma solenidade, com a mesma festa, o mesmo júbilo do Natal, o dia em que o Verbo se encarnou no meio de nós. E veja como a Igreja é sábia, pois, além do Natal, a Páscoa também trás a Oitava de Páscoa, a nossa festa mais sublime, a Ressurreição do Senhor, solenidades celebradas também oito dias depois, para mostrar a importância e a grandeza desses acontecimentos.
No Natal sentimos o amor grandioso de Deus
A Igreja faz isso, pois ela bem sabe que nós nos demoramos naquilo que é importante para nós. Você sabe também, na sua vida, nos seus relacionamentos, aquilo que é importante para você. Se você realmente ama, você dedica tempo. Aquilo que não nos interessa nós passamos de maneira rápida e nos dedicamos e nos demoramos naquilo que, para nós, é importante. Então, entendemos que, na demora, habita um grande amor. Quando se ama, se demora na presença da pessoa amada.
Nós experimentamos isso nas nossas relações, nas nossas amizades, na nossa família, no namoro, no casamento, pois quando se está perto de quem amamos, demorar é quase que uma obrigação. Inclusive temos a impressão de que, quando vivemos esses momentos, o tempo para ou passa muito rápido. Uma expressão muito conhecida: “O que é bom dura pouco”. Porque justamente o que é bom tem a capacidade de nos extasiar de uma maneira tão grande que temos a impressão de que o tempo para.
Quem ama de maneira madura também sabe que o amor só é amor quando experimentamos também a dor e o sacrifício
Neste encontro aqui, na Canção Nova, experimentamos a presença de Deus, a sua graça. Quando peregrinamos num lugar como este, temos a impressão: “Nossa, já acabou; passou rápido demais”. Não é que passou rápido, e sim que a experiência do amor, de ser amado, sobretudo por Deus, nos tira do tempo. Por isso, nós queremos nos demorar, um pouco mais, naquilo que é importante para nós.
Quando amamos uma pessoa, temos duas maneiras de expressar o amor. A primeira delas, e a mais primitiva de todas, é dando presentes, porque ele, de certa forma, materializa o amor que está no coração. Quando fazemos um ato de amor presenteando a quem amamos, estamos dizendo: “Eu amo você”. Esse é um jeito de amar.
Porém, existe um jeito ainda mais nobre e mais belo, mais alto e mais maduro de amar: o sofrer pela pessoa amada. Um grande amor, um amor maduro, segundo o amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, é o amor que vai além dos presentes, ele se sacrifica pelo outro. Um bom exemplo disso são aquelas mães que, pelas circunstâncias da vida, tem de passar a noite com um filho no hospital, sacrificando o sono, se alimentando mal, não querendo sair de perto do filho, pois, naquele coração de mãe, tem um grande amor, ela nem se importa com o sacrifício.
Quem ama de maneira madura também sabe que o amor só é amor quando experimentamos também a dor e o sacrifício. No Natal nós somos amados, Jesus é Deus, e Ele quis se esvaziar da sua condição divina, assumindo toda a nossa condição humana por amor. Deus, meus irmãos, quis assumir uma natureza como a nossa: sentir fome, sede, dor, medo, angústia; Ele chorou, sentiu cansaço; Ele se esvaziou e se submeteu ao sofrimento humano, para nos provar um grande amor, para nos dar as provas de um amor que vem nos resgatar das condições do pecado. É esse o amor grandioso que nós contemplamos no Natal.
Assista à homilia na íntegra da Santa Missa do Acampamento de Ano Novo, presidida por padre Willian Guimarães: