Quero propor a vocês que façamos uma bonita experiência: nos arremetermos a essa situação, na qual Jesus, olhando para a multidão, sente compaixão. Quero convidá-los a colocarem-se no meio dessa multidão e experimentarem a compaixão do Senhor, a qual vai além das aparências, pois vê o coração.
Permitir que a compaixão do Senhor nos acalce é deixar que Ele nos retire da acomodação, porque, muitas vezes, somos acomodados na nossa experiência de fé, na nossa vida de cristãos católicos.
Jesus não quer que Seus discípulos sejam acomodados e Seu ensinamento de hoje nos ajuda a sair dessa situação.
O Salmista nos diz: “O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma. Felicidade e todo bem hão de seguir-me, por toda a minha vida; e, na casa do Senhor, habitarei pelos tempos infinitos” (Salmo 22).
Para entendermos esse Salmo, temos de entender que quem o compôs foi o rei Davi, o qual, durante muitos anos, trabalhou cuidando das ovelhas de seu pai. Ele experimentou a realidade do pastoreio e conhecia as ovelhas muito bem; provavelmente, chamava-as pelo nome. Qual é o seu nome? O seu nome está gravado no coração de Jesus, porque Ele o conhece e o chama pelo nome. O Senhor sabe dos seus problemas e quer o seu bem. Se nos deixarmos guiar, permitindo que Deus nos conduza, nada vai nos faltar.
Bento XVI, na homilia de início de seu pontificado, nos disse: Não tenhais medo do Pastor”. E a Palavra nos ensina:
“Eu sou o bom pastor. O bom pastor expõe a sua vida pelas ovelhas. O mercenário, porém, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, quando vê que o lobo vem vindo, abandona as ovelhas e foge; o lobo rouba e dispersa as ovelhas. O mercenário, porém, foge, porque é mercenário e não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim, como meu Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor. O Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir. Tal é a ordem que recebi de meu Pai.” (João 10,11-18)
Eu posso lhes dizer uma coisa, porque vivi do outro lado. Sei o que foram, pelo menos, uns seis carnavais que vivi lá fora, atrás do trio. Sei que, no último Carnaval que eu vivi assim, onde muitos hoje estão, quase tive uma overdose de cocaína. Num dia, estava tão louco, que fui a um posto de gasolina, caí no buraco de um lava-rápido. Não sei como me quebrei todo! Quando saí de lá com uns amigos, encontramos com a polícia. Que coisa triste! Levamos solavancos, palavrões “na cabeça”. Vivíamos uma falsa alegria, porque não existe felicidade no pecado, apenas experiência de abismo.
Hoje, precisamos seguir a voz do Bom Pastor e eu tenho me esforçado para ser também um bom pastor, seguir a voz do Senhor doa a quem doer. Nós padres temos de ser comprometidos com a verdade, mesmo que ela nos comprometa. O povo precisa aprender a viver a verdade.
Os bons pastores são ministros da verdade do Evangelho. A verdade dói; a mentira massageia o ego.
“Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce! Ai daqueles que são sábios aos próprios olhos, e prudentes em seu próprio juízo!” (Isaías 5,20)
Todas as vezes que realidades forem propostas a você, é preciso passá-las, primeiro, pela verdade de Jesus Cristo, porque aquilo que é mau é nos apresentado como bom. Por isso é preciso que tenhamos discernimento.
O chamado que Deus nos faz é para que caminhemos na verdade. Precisamos deixar cair as nossas máscaras.