O amor de Deus é fonte da verdadeira alegria

Padre Adriano Zandoná

O amor de Deus é fonte da verdadeira alegria

Pe.Adriano Zandoná.Foto: Wesley Almeida:cancaonova.com

Eu escolhi este tema, porque, de fato, fora desse amor e das realidades que o englobam, dificilmente encontraremos a verdadeira alegria.

No dia 15 de dezembro de 2013, Papa Francisco disse, no Ângelus, que a fonte da alegria cristã é a certeza de que somos amados gratuitamente por Deus. Quem não assume essa certeza e essa verdade, de que é gratuitamente amado e querido pelo Senhor, não pode experimentar esse amor.

Todo homem que bate à porta de um bordel é um ser humano em busca de Deus, mas ainda não sabe disso. Ele ainda não sabe que o amor que ele procura só o Senhor pode lhe dar, pode preencher o vazio mais profundo que há no vazio da sua alma.

Nós precisamos, irmãos e irmãs, com muita seriedade e intensidade, fazer essa diferenciação: qual é a verdadeira e a falsa alegria? Em primeiro lugar, eliminamos uma questão: a verdadeira alegria é aquela que vem de Deus, que vem do céu. E qual é a característica dela? Em primeiro lugar, é aquela que não passa, que traz contentamento interior para que sejamos capazes de enfrentar a vida e o que ela nos apresenta.

E qual é a falsa alegria? Em sua encíclica Evangelii Gaudium, no número 7, o Papa diz que a tentação, para muitos, é acreditar que a alegria exige muitas condições para acontecer. “Eu vou ser feliz e alegre quando eu tiver aquele dinheiro, aquela casa, aquela ‘barriga tanquinho’, aquele namorado, aquela roupa da moda…” Mas o Papa está dizendo que temos de ter cuidado, pois a verdadeira alegria não exige condições externas, porque ela vem de dentro de nós. É claro que, quando conseguimos uma promoção no emprego, quando estamos bem no matrimônio, quando vemos um filho liberto de um vício, certamente isso contribui para a nossa felicidade. Mas quando a nossa alegria está enraizada em Deus, ela não depende dessas coisas.

Nós precisamos aprender a lidar com a tristeza, porque, em alguns momentos da nossa vida, ela nos visitará. E eu preciso ser honesto com você: não é com uma oração que vamos acabar com os problemas. Por isso, precisamos aprender a lidar com a tristeza.

Li algo que um psiquiatra escreveu sobre a tristeza. Ele dizia que quando você vive um momento de tristeza, esta está lhe avisando que há algo dentro de você que precisa ser resolvido, melhorado, solucionado, seja algo que você despreze, algo de sua infância que não foi resolvido. Como dizia padre Léo: “A cura interior é necessária para a nossa salvação!”.

Peregrinos

Peregrinos acompanham pregação no Acampamento de Carnaval. Foto: Wesley Almeida.cancaonova.com

O psiquiatra ainda relata que temos de prestar atenção ao que a tristeza quer nos falar, porque se a abafarmos, uma hora vamos “estourar”, ficar confusos. A tristeza também nos revela que algo dentro de nós precisa ser resolvido por nós ou pelo Espírito Santo, por meio da oração. Quem não aprende a integrar as próprias tristezas não sabe viver uma perfeita alegria.

Deus nos criou como seres humanos e quer que trabalhemos com as realidades da nossa história. Pode ser que existam coisas dentro de nós que estejam dando sinais de alerta, pode ser que não sejamos tão fortes como imaginávamos, por isso precisamos cultivar a humildade, identificar nossos próprios limites.

Precisamos aprender que a tristeza também que faz parte da nossa vida, pois nos ajudar a construir a alegria. Com ela aprendemos, em primeiro lugar, a mudar algumas atitudes; em segundo, conseguimos, de maneira muito madura, eliminar as vozes interiores de autocondenação.

Se buscarmos em Deus sabedoria para reagir e aprender com as nossas dores, nós a transformaremos em aprendizado.

Abre a sua Bíblia em 2Cor 13,11: “Enfim irmãos alegrai-vos, trabalhai no vosso aperfeiçoamento, encorajai-vos, tende um mesmo sentir e pensar. Vivei em paz e o Deus do amor e da paz estará convosco”.

Preste atenção nessa leitura, que nos traz quatro ordens de Deus: alegrai-vos; trabalhai no vosso aperfeiçoamento; encorajai-vos e tende o mesmo sentir e pensar. Só assim o Deus da paz estará com você.

O Senhor está nos dando um roteiro claro e concreto, Ele quer que sejamos alegres. A segunda ordem d’Ele é que trabalhemos o nosso aperfeiçoamento. Eu confesso que, às vezes, fico com uma “santa raiva” de São Paulo, porque ele tem umas palavras que nos tocam na alma. Trabalhar é “colocar a mão na massa”. Mexa-se! Você será mais alegre quando aprender a sair da sua zona de conforto para ser uma pessoa melhor. Viva um processo de cura interior, procure uma direção espiritual, alguém para rezar por você, uma boa terapia, um psicólogo. Deus quer vê-lo feliz, quer que você caminhe e dê passos em direção à alegria.

Terceira ordem do Senhor: “tende um mesmo sentir, um mesmo pensar, encorajai-vos mutuamente”. Aprenda a dividir a repartir o que você é. A felicidade é o único bem que se multiplica enquanto você a divide. Busque a comunhão e a superação. Supere as mágoas, os rancores e sentimentos. Tenha um mesmo modo de sentir e pensar.

A última ordem de Deus: “só assim o Deus da paz estará com você”, ou seja, só seguindo essas ordens você terá essa paz, que é o próprio Deus.

Transcrição e adaptação: Fernanda Soares

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