Passar valores para os filhos

Mazinho e Celiane

Nós começamos a namorar com 18 anos e nos casamos com 22. Meus pais nunca foram de ficar pegando no colo, de beijar, mas nos ensinaram a buscar os caminhos de Deus. Eu pude aprender na minha casa a não guardar rancor no meu coração, e a viver o perdão. Minha mãe sempre nos ensinou a viver na esperança de que Deus tem o poder de mudar todas as coisas.

Mazinho: Na minha família tivemos uma infância muito pobre, muito sofrida, mas acima de tudo, ali foi o berço da minha formação. Meu pai era um homem trabalhador, ele sabia fazer de tudo, eu o chamava de ‘MacGyver’. Minha mãe sofreu muito por meu pai ser alcoólatra, e para sairmos do aluguel conseguimos construir uma casinha, mas passamos muito tempo com as paredes da casa sem rebocar e com lamparina.

Quero agradecer a Deus pela minha mãe, uma gigante de um metro e meio, uma guerreira, muito carinhosa. Minha mãe trabalhava um período, e no outro ela estava sempre presente em casa, nos corrigindo, nos educando. Não tínhamos brinquedos e por não podermos comprá-los, era minha mãe quem fazia as pipas para nós, jogava bolinha de “gude” comigo e com meus irmãos.

Bendigo a Deus por tudo o que Ele fez na nossa história, pela seriedade com que nossos pais conduziram a nossa família, e por terem nos conduzido nos caminhos de Deus.

Celiane: Quando nós perdemos tudo, minha mãe também teve que ajudar. Meu pai era bancário, mas ao perder tudo, trabalhou até mesmo de servente de pedreiro para que não nos faltasse nada. Minha mãe me criou dizendo: ‘minha filha você é uma pessoa diferente, e você não pode ser como aqueles que são maus, porque eu te criei para ser diferente’.

Tudo o que recebemos de nossos pais, nós fazemos o possível para passar aos nossos filhos.

Mazinho: Tudo começou no dia em que eu vi esta ‘criança’, Celiane (esposa), que tinha dezessete anos. Para me aproximar dela, eu tive que me aproximar da Igreja, e assim Deus me fez voltar, porque eu estava afastado. No ano em que conheci a Celiane, eu parei um ano de estudar, porque já estava cansado da minha vida de bebedeiras. Mas quando a conheci, pude ter a minha experiência com Deus.

Quando começamos a namorar, nós já tínhamos os planos de criar os nossos filhos em Deus. Eu tocava no ministério de música e ela cantava, e quando nos casamos, aonde íamos, nossas filham iam junto conosco. Não nos preocupávamos em darmos o sustento material somente, mas em dar Deus para elas.

Íamos sempre juntos à Santa Missa, nunca sozinhos em horários diferentes. Muitos pais não querem levar as crianças para que não façam barulho na Missa. Nós fazíamos questão de levar as crianças. E tínhamos uma convivência muito sadia com as nossas filhas, a Celiane ficava em casa e as ajudava com as tarefas de escola.

Celiane: Eu só fui ajudar o Mazinho no trabalho com a seguinte certeza: de que era somente para não faltar o que comermos. O trabalho da casa é muito exigente, e eu ensino as minhas meninas. Precisamos aprender a limpar a casa. Eu sempre exigi que tudo estivesse no lugar, organizado e limpinho. Aprendemos que o nosso externo mostra como estamos no nosso interior. Então eu sempre exigi que as crianças aprendessem isso, é ensinar com as coisas simples.

Na minha família, minha mãe sempre nos ensinou a cuidarmos dos nossos irmãos e de não querermos um ter mais que o outro, mas de partilharmos, porque se você não cuida do seu irmão de sangue, como você vai cuidar dos outros? Então, na minha família nós juntávamos o nosso salário, porque não poderia um irmão ser rico e o outro pobre, então juntávamos o dinheiro para comprar um carro para cada irmão; e isso é belo, assim nós aprendemos a repartir.

Mazinho: Este é um exercício da partilha para juntos alcançarmos algumas coisas mais rápido. Não é dar o seu salário para o outro, mas ajudar o outro naquilo que sozinho seria muito mais demorado.

Hoje vemos nas famílias um desejo desenfreado de ter coisas, ter carro, computador, e isso exige muito, e os pais acabam trabalhando de seis a meia noite e aí não tem tempo para Deus. Isso só enfraquece a família.

A sociedade está doente, porque a família está doente. Se nós temos a missão de levar nossos filhos para Deus, então nós cristãos precisamos passar os nossos valores para os nossos filhos, e nunca é tarde para começar. É buscar os valores da nossa fé. Os nossos jovens estão cada vez mais nas drogas, na prostituição, e nossas famílias dilaceradas.

Eu fico inconformado quando vemos estes programas de televisão chamados de ‘SOS babá’, e o que mostra é que o primeiro problema está nos pais.

Jesus quando veio não aboliu a lei, e sim acrescentou. Por isso não devemos deixar os valores dos nossos pais, mas sim acrescentar. Então, antes mesmo de virmos para a Canção Nova, já selecionávamos tudo, não assistíamos novelas ou qualquer tipo de filme. Nós dormíamos rezando o rosário, e são coisas pequenas que fazem uma grande diferença.

Abram as portas da sua casa para os amigos dos seus filhos. Junte-se a eles, conheçam o que eles pensam, passem valores para eles. Ainda que sua casa fique ao avesso, mas deixe que os amigos dos seus filhos frequentem a sua casa, no outro dia você limpa. A sua casa vai passar e a família tem que permanecer.

Precisamos ter momentos juntos, rezar o terço juntos, ir à Missa, nas reuniões da catequese e da escola. E quando os pais não vão às reuniões os filhos não se sentem importantes.

Nós pais precisamos elogiar nossos filhos em suas conquistas e ajudá-los em suas dificuldades. Pais, precisamos aprender a pedir perdão aos filhos quando erramos.

Nossas filhas nos formam a cada dia, mas se a gente fica só na posição de autoritarismo, não aprendemos a ser um pai e uma mãe melhores.

Transcrição e adaptação: Célia Grego

 


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