Amadurecendo com o sofrimento

“Quando encaramos a dor de forma positiva e desafiadora, ela nos faz amadurecer”

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Eliana Sá e Ricardo Sá. Foto: Arquivo/cancaonova.com

Ricardo Sá: Nós sofremos por causa do pecado, pois foi ele que gerou o sofrimento no mundo, de todas as maneiras: em nosso temperamento, na saúde e tantos outros sentimentos que trazemos (Gênesis). Nós adoecemos por causa do pecado.

Do seu lado pode estar alguém que sofre e você nem saiba. Eu conheci a Eliana quando ela tinha 18 anos e chegava à Canção Nova. Fizemos um longo tempo de caminho de namoro, um tempo de conhecimento que fazemos em nossa comunidade. Nessa época, monsenhor Jonas Abib nos orientou. Logo depois, noivamos e casamos. Neste ano, fazemos 24 anos de casados. O grande sofrimento que vivemos nesse tempo foi o câncer da Eliana.

Para não deixar minha esposa sozinha, eu ia ao médico com ela. Precisava mostrar que a amava mesmo ela passando por um momento tão difícil.

Eliana Sá: O Ricardo teve uma atitude muito importante na minha enfermidade. Assim que o médico nos informou do câncer, naquela época, o Ricardo perguntou: “Meu amor, como você está?”. Muitas vezes, nós vemos o outro sofrendo e não lhe fazemos essa pergunta, não lhe damos a oportunidade de se expressar. Em meio à dor, não temos dimensão de tudo o que estamos passando, mas quando o outro se interessa e nos dá a oportunidade de nos expressarmos, passamos por esse momento com mais facilidade. Tal atitude nos faz perceber que não estamos sozinhos.

Ricardo Sá: É preciso que haja entre o casal tempo para que um pergunte ao outro: “Como você vai?”. Parece simples, mas, às vezes, na prática não damos tempo para o outro responder. Feliz a mulher que tem um marido que pergunta a ela: “Minha esposa, como você está?”. Diga: “Eu vou ouvir você até o fim, mesmo que eu não entenda seus sofrimentos!”, porque há sofrimentos que não entendemos. O importante é o outro ver que você está com ele, que a sua dor lhe interessa.

Quando alguém sofre, muitas vezes não entendemos sua dor. Quando a Eliana passou pela doença, ela engordou e sofreu muito. Logo depois, teve várias depressões. Pensei que nunca mais eu a veria de volta. De fato, ela de volta como era antes eu não teria mais, porque ela amadureceu depois que passou pelo sofrimento. Hoje, eu digo a ela: “Você não é a mulher que escolhi, mas a mulher que escolho todos os dias”.

Eliana Sá: Quem vive essa realidade de enfrentar a enfermidade do outro tem de tentar compreendê-lo. Com o passar do tempo, não mudamos  só fisicamente, mas na maneira de agir e falar. Quando encaramos a dor de forma positiva e desafiadora, ela nos faz amadurecer. É tão bom podermos olhar para o outro e dizer: “Que bom! Mesmo diante dos desafios e das dores, você me escolheu!”. Isso dá ao nosso relacionamento a oportunidade de suportar as dores. Quando casamos, não imaginamos quais seriam os desafios e as dores que enfrentaríamos.

Na época em que os casamos, eu sempre via o Ricardo lutando pelo seu pai com muito amor e perdão. O Ricardo Sá sempre confiou na conversão do pai dele e sempre teve iniciativas de rezar por ele. Certo dia, estávamos voltando de viagem, e o pai do Ricardo tinha dado um tiro no peito. Foi um sofrimento que jamais esperávamos. Foi muito duro viver aquele momento. E o que fazer naquela hora de sofrimento? O que falar ou não falar? Acima de tudo, eu senti que o Ricardo precisava da minha presença ao lado dele. Não conseguimos entender por que Deus permite que passemos por tantos sofrimentos, mas, nesses momento de dor, percebi que a minha presença ao lado dele era muito importante; não por que sou esposa, mas porque eu o amo e queria estar com ele. Por mais que eu tentasse entendê-lo, eu não conseguiria imaginar sua dor de filho.

Ricardo Sá: Não tem como o seu colega de trabalho saber mais do seu sofrimento do que a sua esposa, ou vice-versa. Precisamos dividir com alguém as nossas dores. Não escondam o sofrimento um do outro. A grande tentação é esconder-se do outro.

Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio. 

Adquira esta pregação pelo telefone: (012)3186-2600

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