Curando as memórias afetivas

Diácono João Carlos e Maria Luiza

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João Carlos e Maria Luíza. Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

O primeiro passo para receber a cura das memórias afetivas é identificar uma dificuldade que você quer trabalhar na sua vida em Deus

Eu sou Maria Luíza, e este é meu esposo, João Carlos. Somos psicólogos. Somos mineiros de Ipatinga. Estamos aqui por causa deste livro: ‘A cura das minhas memórias’, onde contamos nossa experiência com a Canção Nova e com nossos irmãos de comunidade.

Talvez você pense que as pessoas desta comunidade não tenham problemas, mas nós os temos e buscamos ajuda.

O primeiro passo para receber a cura é identificar uma dificuldade que você quer trabalhar na sua vida. O que é dificuldade? É uma situação específica na sua vida, que tem atrapalhado os outros ou você mesmo, como carência, solidão, transtorno compulsivo, vontade de morrer, medo ou dificuldades vividas no casamento. Um comportamento que você precisa melhorar e, talvez, nem saiba de onde surgiu. Alguns comportamentos dificultam nossos relacionamentos e a forma como entendemos este mundo. Às vezes, percebemos a dificuldade, mas a maioria delas não são percebidas por nós; e quem vai dar o nome às nossas dificuldades são aqueles que estão próximos a nós. Há pessoas que trazem uma tristeza profunda, outras se acham superior a todos. Há pessoas que se irritam fácil ou são muito perfeccionistas.

João Carlos: Os problemas que você está vivendo não surgiram agora. Na maioria das vezes, eles já existiam, já têm raízes em sua história.

Maria Luíza: A memória é um dos pontos que vamos abordar nesta pregação. O que é memória? É uma capacidade dada ao ser humano no sistema nervoso central. Temos vários tipos de memória, e cada momento da nossa vida está arquivado. A memória emocional é o sentimento que você teve quando foi largado pelo seu pai ou pela sua mãe, por exemplo. Algumas memórias estão tão guardadinhas no cérebro que parecem esquecidas, mas, em algum momento, elas podem ser ativadas. Como pessoas que dizem: “Eu era tão feliz!”, e a partir de uma situação você se entristece. O que aconteceu foi que alguma situação fez com que você se recordasse do passado e o trouxesse à tona.

Vamos supor que eu chegue em casa e o João Carlos diga: “O que você fez hoje?”. Mas fala de forma rude. A partir daí, esse jeito bruto que ele respondeu me faz lembrar de uma situação que meu pai teve com minha mãe. É a memória ativa. Por isso, precisamos nos conhecer. Criamos a partir desta memória que temos armazenada. Por exemplo: “Homem não manda em mim. Eles são todos iguais”. Ou seja, estas memórias que trazemos, muitas vezes, nos fazem criar conceitos.

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Fiéis participam da Quinta-Feira de adoração na Canção Nova. Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

João Carlos: Existem memórias mais antigas ainda, recordações remotas que guardamos em nós. Por exemplo: O casal já chega querendo separar e diz: “Eu não aguento olhar para a cara dele (a)”. Eu começo pedindo para a pessoa contar a sua história, e logo ela já fala que o pai também era separado. Daí, percebemos que ela está querendo repetir a mesma coisa que o pai e a mãe fizeram. Se você for mais fundo na história dessa pessoa, vai perceber que os tios e os avôs fizeram isso.

Maria Luíza: Há casos em que a pessoa chega e fala assim: “Vim aqui falar do meu marido, que é um ‘cachorro’”. Eu já penso que ele é um monstro. Então, o marido chega e começa a falar doce, e eu vou vendo que ele não é tão ruim assim. Ao dar continuidade à conversa, percebo que o conceito que a esposa já tinha dos homens são terríveis pela sua história, e ela os estava transferindo ao marido. Precisamos curar esta memória dolorida, dramática, para tocarmos na graça de ser filhos de Deus e podermos decidir as nossas escolhas hoje.

João Carlos: Não temos somente memória negativas. Temos memórias felizes. Quando a dor é muito grande, nós esquecemos muitas coisas ruins. Se não tivéssemos as memórias boas, não estaríamos aqui.

Maria Luíza: As memórias influenciam nossos pensamentos, os conceitos que temos das pessoas, da vida, do mundo e do futuro. As memórias influenciam nossos sentimentos e comportamento.

João Carlos: As memórias podem vir dos nossos ancestrais, das nossas famílias, do momento da concepção da gestação, do nascimento, pode vir da nossa infância, adolescência ou fase adulta. O comportamento que vivo hoje não é isolado, mas tem uma influência no que vivi no passado. Precisamos entender o que está acontecendo conosco. A partir de hoje, você vai começar a entender a sua vida, e ela não vai mais levar você, mas você é quem vai levá-la para Deus. Para o cristão não existe isso: “Deixo a vida me levar”. A partir do momento que Deus nos deu a vida, ela é nossa; precisamos assumi-la e dar a ela uma direção.

Maria Luíza: Algumas pessoas acham que ser curado é tirar a memória da cabeça. Não! A memória sempre vai existir dentro de você.

João Carlos: Curar-se não é eliminar a memória. Você vai evocá-la, mas ela terá um significado diferente. Deus pode arrancá-la de você se Ele quiser, mas o que estamos fazendo aqui é ajudá-lo a ressignificar a sua vida. Dar outro significado é pensar diferente.

Maria Luíza: Repense agora: qual é o seu problema? O que você tem para resolver? O que, na sua história, está mobilizando você a este comportamento? Deus pode curá-lo.

João Carlos: Meu pai, quando era solteiro, dizia: “Eu era fogoso”. Isso significa que ele ficava no meio dos bordéis, tornou-se uma pessoa promíscua. E meu pai foi deixando o seu legado para os seus descendentes, assim como meu bisavô deixou para ele, pois fazia a mesma coisa. No entanto, meu pai recebeu uma graça muito grande. Quando ele se casou com minha mãe, pediu que Nossa Senhora abençoasse o casamento deles. A partir dali, ele ressignificou sua vida.

É importante rezarmos pelos nossos antepassados, colocá-los no coração de Deus. Quando você faz memória no Senhor, já está fazendo o processo de cura.

Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio.

Adquira esta pregação: (012) 3186-2600

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