Na cruz com Maria, a mãe da misericórdia

É preciso permanecer na cruz com Maria a mãe da misericórdia

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Padre Joãozinho. Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Padre Joãozinho: Pe. Joãozinho

Chegou a hora de meditarmos, refletirmos sobre os mistérios dolorosos na vida dos músicos. Parece que não tem. Mas, tem sim! A gente olha a produção feita pela Canção Nova e olhamos pra vocês. Olhamos para a Celina, para a Cidinha e tantos outros. Achamos que eles não têm cruz. Mas, tem sim! Abra comigo sua bíblia.

E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria mulher de Clopas, e Maria Madalena. Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa. Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede. Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de vinagre uma esponja, e, pondo-a num hissopo, lha chegaram à boca. E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. Foram, pois, os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que como ele fora crucificado. Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas. Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. E aquele que o viu testificou, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que é verdade o que diz, para que também vós o creiais. Porque isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: Nenhum dos seus ossos será quebrado. E outra vez diz a Escritura: Verão aquele que traspassaram” (Jo 19,25-37).

“Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa. Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir plenamente a Escritura, disse: Tenho sede. Havia ali um vaso cheio de vinagre. Os soldados encheram de vinagre uma esponja e, fixando-a numa vara de hissopo, chegaram-lhe à boca. Havendo Jesus tomado do vinagre, disse: Tudo está consumado. Inclinou a cabeça e rendeu o espírito. Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram crucificados. Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água. O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais. Assim se cumpriu a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado (Ex 12,46). E diz em outra parte a Escritura: Olharão para aquele que transpassaram (Zc 12,10)”

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Músicos participam do Acampamento. Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Drama

Esse texto de Maria junto à Cruz me leva a meditar sobre três questões: drama, entrega e coração aberto

O Drama é o seguinte: na hora na luz vem muita gente e te aplaude. Mas, na hora da cruz são poucos. Quem é que estava aos pés da cruz? Nenhum dos que estavam no show da luz! Então, quem eram esses que ficaram? Quem é que ficou nos mistérios dolorosos? Aquele que Jesus tinha uma relação verdadeira. Não ficaram os fãs. Nem os discípulos ficaram. Ficaram os amigos. Ficaram, sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, Maria Madalena e João. João tinha um olhar místico. João não estava vendo a Cruz, estava vendo a Luz. Ele lembrou de Moisés tocando na rocha e jorrando água. João teve olhos místicos para ver na Cruz, a Glória. João tinha um olhar para ver para além da noite do show. Na dor se esconde o amor. Jesus não nos salvou multiplicando pães, Ele nos salvou na Cruz, no fracasso. Então, tinha um João que viu Jesus ser transpassado e tinha Maria. Eu imagino o que Maria ficou pensando ao ver Jesus pregado na Cruz. Maria ficou olhando para as cinco chagas de Jesus. Reparando em Jesus, que ela tanto cuidou quando criança como toda mãe cuida do seu filho. Eu fiquei pensando quais são as cinco chagas de Jesus para o músico. E, escolhi algumas, teriam mais, no entanto escolhi cinco.

Primeira chaga: as dores que o musico vive
Cantar e tocar dói. Quando começamos a tocar violão, os dedos doem. Eu imagino aquele músico que não é aceito na sua paróquia, aquele músico que não é aceito dentro da sua própria casa. Tem gente que cantou aqui ontem passando por depressão. Tem aquele aqui que gravou o CD e ninguém comprou e para chegar aqui ele veio de carona. Isso é uma dor gente: a pessoa que canta, toca e compõe bem, mas não consegue sustentar a sua casa. Essa é só a primeira chaga: as dores do músico que doem em Cristo.

Segunda chaga: os limites
Por exemplo, os limites da sexualidade a flor da pele. Nós somos evangelizadores do prazer e o nosso ministério excita as pessoas. E isso é algo extremamente derrapante. Muitas vezes, o ministro de música é tentado por Satanás que diz: “não tem problema, Deus está preocupado com suas dores, vai lá”. E quando você cai o inimigo diz: “você se masturbou! Vai pra casa! Você não é digno de evangelizar!”. A segunda chaga na vida dos músicos são esses limites. E existem outros limites, você pode meditá-los.

A terceira chaga: os vícios
Muitas vezes, o músico fica viciado na música, ele está tão viciado que ele não ministra mais, ele faz show, mas não consegue ministrar. É diferente você tocar e cantar exibindo a sua voz do que você ser transparente como Bento XVI disse: “A Igreja não procura tornar-se atraente, mas deve ser transparente para Jesus Cristo”. Ao ponto de, ao olhar para você, as pessoas verem Jesus. O importante é o nome de Jesus, não o nosso nome. Como disse João Batista: “que Ele cresça e eu diminua”. O ministério de música vai se tornando a ocasião para a pessoa se viciar.

A quarta chaga:  a tentação
Ministro de música está à frente, por isso é muito tentado. O ministro de música é alvo da tentação. Nós não pedimos livrai-nos da tentação, pedimos não nos deixeis cair em tentação.

Quinta chaga: o pecado
Sobre esse não vou falar, nós não temos pecado! É claro que temos pecado! Existe um aparelho que quando o violão está desafinado nós colocamos ao lado e ficamos tocando corda por corda: “tam, tam, tam”, até afinarmos. Quando confessamos é como que nos afinássemos. Essas são as cinco chagas.

A entrega

A entrega: “mulher, eis ai o teu filho. Filho, eis ai a tua mãe” (Jo 19, 26-27). A gente pode dizer para Maria: “tamu junto!”. Se a gente está com Maria, então sim: está tranquilo, está favorável! Aliás, isso era o salmo de ontem, como o povo copia a bíblia e não paga os direitos autorais.

Coração aberto

O coração aberto – João ao lado de Maria a cutucava dizendo: “está entendendo Mãe?” E Maria: “mais ou menos João”. Ele responde: “A água é o batismo e o sangue é a Eucaristia”. Permito-me usar as palavras do Papa Francisco na Misericordiae Vultus: “O pensamento volta-se agora para a Mãe da Misericórdia. A doçura do seu olhar nos acompanhe neste Ano Santo, para podermos todos nós redescobrir a alegria da ternura de Deus. Ninguém, como Maria, conheceu a profundidade do mistério de Deus feito homem. Na sua vida, tudo foi plasmado pela presença da misericórdia feita carne. A Mãe do Crucificado Ressuscitado entrou no santuário da misericórdia divina, porque participou intimamente no mistério do seu amor”.

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Dunga. Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com


Dunga:
 Enquanto eu percebia o Padre Joãozinho pregando, fui me lembrando de Paulo. No capítulo 6, 12 de Coríntios ele diz: “tudo lhe é permitido, mas nem tudo lhe convém”. Essa primeira parte da frase era algo que era vivido entre os gregos, na cidade de Corinto. Na cultura grega o que você faria com o teu corpo não interferia na tua alma. Por isso eles usavam a expressam: “tudo me é permitido”. Eu digo pra você: “você não tem um corpo, você é um corpo”. Paulo dizia: “olha, estão dizendo por aí que tudo lhe é permitido, mas espera, nem tudo lhe convém”. O Padre Joãozinho elencou as chagas e é bem verdade. Alguns chegam em casa e vão para o quarto ou banheiro e já começam a dizer: “Deus, eu tentei cantar com a alma e com o corpo, mas não deu!”. E você usa outra frase de Paulo que diz: “Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero”(Rm 7,19). Deus estava comigo quando eu deitei com uma prostituta, quando enrolei o último cigarro de maconha. Deus estava comigo! Pra mim e pra você ele continua a dizer: “vai em paz, a tua fé te salvou! Quando nos afastamos de Deus, dá uma saudade d’Ele. Dá ou não dá? Aquele sentimento de arrependimento que vem as lágrimas e você diz: “Jesus!”. Com essas palavras eu quero regar o que o Padre já disse. Dói em ver que todos nos veem como super heróis, mas a gente se vê como um prato de bosta. Dói ser bosta! Leva-se tempo pra entender que Deus transforma bosta, esterco, em adubo. Não vou mandar você chamar a pessoa do seu lado de bosta, mas vou pedir para que você chame de adubo. Olha pra pessoa e diz: “Oi adubo! Para eles, do mundão, tudo é permitido. Mas, para nós nem tudo, nos convém”.

Transcrição e adaptação: Fernanda Soares

Adquira essa palestra pelo (12) 3186-2600

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