“Três dias depois, celebravam-se bodas em Caná da Galileia, e achava-se ali a mãe de Jesus. Também foram convidados Jesus e os seus discípulos. Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: Eles já não têm vinho. Respondeu-lhe Jesus: Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou. Disse, então, sua mãe aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser” (João 2,1-5)
Maria disse aos servos na Bodas de Caná: “Fazei tudo o que ele vos disser!”. Se, em algum momento da nossa vida, faltou alegria, Maria nos ajuda a encontrar a verdadeira alegria.
Na Exaltação da Santa Cruz, Maria diz: “Fazei tudo que Ele vos disser”. O Papa Francisco na Evangelii Gaudium diz: ” Fazer tudo com a alegria”. No Evangelho de São João está escrito: “Enchei as talhas!”. Para que consigamos encher uma talha, antes ela precisa estar vazia de si. Alguém quer, de fato, deixar-se mover pela Palavra de Deus? O pecado nos faz insuficientes e, muitas vezes, estamos cheios de nós mesmos.
O Papa emérito Bento XVI enfatizou: “O ser humano não errou quando quis ser como Deus, mas o ser humano errou quando quis ser Deus sem Deus”.
Um irmão me disse o seguinte: “Padre, depois que eu comecei a participar do grupo de autoajuda da Pastoral da Sobriedade, percebi que o vício que eu tenho não é apenas devido ao alcoolismo, mas sim que ele vem dos pecados que eu trago. Tenho muito defeitos de caráter que preciso vencer”. Percebi quão bem estava fazendo àquele homem a Pastoral da Sobriedade.
Vemos, nessa passagem, que os servos obedeceram a Virgem Maria e aquela água foi transformada em vinho. Que, em nosso coração, também possamos escutar hoje: “Fazei tudo que Ele vos disser!”. Quando escutamos a Jesus, somos libertos de todos os vícios.
Ontem, antes da Santa Missa das quinze horas, um jovem de vinte oito anos me procurou em prantos, dizendo: “Padre, eu quero deixar o vício das drogas e do alcoolismo. Eu quero, mas não tenho forças! Eu não quero perder o meu filho e a minha esposa!”. Eu citei aquela passagem de São Paulo: “Quando sou fraco é que sou forte”. E disse que era preciso que ele se abrisse e rendesse a Jesus Cristo, pois o Senhor o ajudaria a não perder o filho e a esposa. Deus é bom! Deus quer e Ele pode nos curar!
Quem quer seguir Jesus deve tomar a sua cruz e segui-Lo. Não é fácil, mas Ele vai agir.
Dom Irineu nos fala: “O mal está muito bem organizado. Precisamos nos organizar também!”. A cruz é sinal de salvação. Jesus nos dá a vida por intermédio da Sua Morte. Devemos agradecer ao “sim” do Dom Irineu, pois graças a ele temos a Pastoral da Sobriedade.
Maria é um exemplo de “sim” para nós. Ela não disse “sim” somente no dia da anunciação, mas em todos os seus dias ela o disse. Nossa Senhora foi à casa de sua prima Isabel ajudá-la, se colocou a serviço levando no ventre o seu Filho. Quando Maria nos visita ela traz Jesus consigo.
A Igreja não é uma ONG, ela é mãe! Nós somos convidados a gerar Jesus na vida das pessoas. Nós somos convidados a ver as pessoas como filhas amadas de Deus. Assim como Maria foi ao encontro da prima, o Papa Francisco também nos convida a irmos ao encontro das pessoas. Com Maria, façamos tudo o que Cristo nos disser.
Eu gosto muito da Carta de São Paulo aos Filipenses, na qual somos convidados a ter os mesmos sentimentos de Jesus. O Senhor procura a quem normalmente a sociedade despreza. Somos convidados a levar aos pés de Cristo aqueles que são desprezados pela sociedade.
Jesus derramou Seu Sangue, porque Ele não se acomodou, mas entregou a vida por nós. Resgatou cada ser humano com Seu Sangue. O céu é fazer os outros felizes.
Quem encontra Jesus tem coragem de amar. Quem encontra Jesus tem coragem de doar a própria vida ao próximo. Quando nós fazemos uma experiência com Cristo profunda, o que desejamos é espalhar essa graça aos outros. É fácil amar aquele que se apresenta todo dócil; a Pastoral da Sobriedade ama a quem mais sofre. Ama a quem mais perece.
No canto do Magnificat, Maria nos dá o exemplo de humildade: “[…] porque olhou para sua pobre serva”. Ninguém pode dizer que Maria não foi humilde. Nossa Senhora foi a primeira a reconhecer a sua pequenez, por isso ela faz tão bem a nós que somos Igreja.
O Papa Francisco nos convida a voltarmos às nossas fragilidades e reconhecer Cristo como Senhor, destacando que precisamos ter um cuidado maior com as fragilidades do ser humano.
Aquele que experimentou na sua vida o amor de Deus, precisa aprender a compartilhar com as pessoas esse amor. O meu diretor espiritual certa vez me disse: “Em suas orações você deve rezar pedindo a Jesus que, no sorriso do seu pai, você veja o sorriso de Deus”. Eu estava rezando e comecei a cantar: “Cura, Senhor, onde dói”. E Jesus me levou a uma experiência muito forte e disse ao meu coração: “Eu estava e estou contigo”. Se você sofre algum vício de dependência, tenha essa certeza no seu coração, pois o Senhor também lhe diz: “Eu estava e estou contigo”.
Como Maria coloquemo-nos a serviço dos que precisam.
Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio