Os leigos são sujeitos de evangelização e não apenas objeto
Neste sábado, dia 22 de outubro, memória de São João Paulo II e por ocasião do Acampamento “Pastoral da Sobriedade” na Canção Nova, Dom Antônio Tourinho refletiu na homilia da Santa Missa sobre o papel da Pastoral da Sobriedade, sobretudo neste Ano da Misericórdia, bem como sobre a temática da evangelização, tomando por base a reflexão do Concílio Vaticano II sobre o papel do leigo como sujeito da evangelização.
Confira a reflexão contida na homilia proferida:
Em nome da Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil (CNBB), gostaria de agradecer a vocês da Pastoral da Sobriedade pelo trabalho imenso realizado. Diga-se de passagem que a Pastoral da Sobriedade é uma Pastoral Social da Igreja Católica.
Hoje nós celebramos a memória de São João Paulo II. Falar de João Paulo II é também falar do Concílio Vaticano II. Este Concílio, cujos primeiros passos de execução couberam ao Papa Paulo VI, foi amplamente desenvolvido no pontificado de João Paulo II. Hoje a Igreja, graças ao Concílio e ao incentivo de João Paulo II, pode afirmar que os leigos são sujeitos de evangelização e não apenas objetos/destinatários da evangelização.
Há uma diferença muito grande entre o sujeito e o objeto de evangelização. O objeto é aquele foco, onde a evangelização deve chegar, deve mirar, mas o sujeito da evangelização é, verdadeiramente, o evangelizador. O sujeito é aquele que vai como missionário, que se sacrifica, que morre se preciso for, para que o Evangelho chegue a todos os lugares.
Pastorais sociais da Igreja
Este ano, nós, Bispos do Brasil, oferecemos a todos aqueles que formam a Igreja do Brasil um presente. Convido a todos que fazem parte da Pastoral da Sobriedade a terem como instrumento de cabeceira o documento n.º 105 da CNBB: “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade.” É um documento que fala da importância e a figura do leigo na Igreja e na sociedade.
Falando da importância do leigos, o documento cita as pastorais sociais, incluindo a Pastoral da Sobriedade. A nossa pastoral está em consonância com a Igreja do Brasil, nós não estamos separados. Somos Igreja e somos assumidos pela Igreja.
Toda e qualquer pastoral social deve ter uma dimensão sócio-transformadora, ou seja, ter como objetivo a transformação da sociedade, proporcionar às pessoas a saída de situações de morte, para situações de vida. Todos nós somos vocacionados à vida. Jesus no Evangelho de João, capítulo 10,10 afirma: “Eu vim para que todos tenham vida”.
Neste Ano Santo da Misericórdia podemos recordar: é nisto que consiste a autêntica misericórdia, ou seja, em se comprometer com a transformação do estado de miséria alheia, para uma condição de vida e vida em abundância. É neste processo que a Pastoral da Sobriedade deve pensar e agir. É assim que precisamos, como pastoral social, agir para que, de fato, sejamos Igreja no Brasil e agradarmos ao coração do Senhor Jesus.
Entendemos por pastoral social a solicitude de toda a Igreja para as questões sociais. No nosso caso, trata-se de uma sensibilidade que deve estar presente em cada diocese, em cada comunidade, em cada paróquia.
O apelo do papa
O Papa Francisco está pedindo que o Ano da Misericórdia não termine sem que, em cada Igreja Particular, se pratique obras de misericórdias que marquem para sempre aquela Diocese. Devemos ir muito além, pois a Pastoral da Sobriedade tem um cunho preventivo. Deve estar inserida na catequese, nos grupos juvenis, na liturgia, nas iniciativas ecumênicas, nas comunidades eclesiais de base, nos movimentos, enfim deve se preocupar em colaborar com toda a ação evangelizadora da Igreja.
Torna-se necessário que seja uma Pastoral articulada, voltada para diferentes grupos. Lembremo-nos que hoje a dependência não escolhe classes de pessoas. Não escolhe classe A, B,C, D ou E. Hoje todas as classes e qualquer tipo de família têm sofrido e sendo atingidas com os problemas das drogas.
Por isso, comecei a homilia falando que nós, Bispos, afirmamos que vocês leigos não são objetos/destinatários, mas sujeitos de evangelização. E como sujeitos devem arregaçar as mangas, pegar no arado e não olhar para trás, porque Deus tem pressa. Deus tem pressa para que seu povo seja atingido por Seu amor, porque o demônio também tem pressa de destruir as pessoas. Vence quem for mais rápido, vence quem tem um exército mais rápido.
Olhem o Evangelho de hoje (Lc 13,1-9). É uma narrativa onde Jesus procura figos numa figueira muito bonita, mas percebe que ela era estéril, não dava frutos. Para que serve uma árvore frutífera, mas que não cumpre com a sua função?
Não sejamos preguiçosos no ministério que o Senhor nos confiou. Cristão preguiçosos nos ministérios recebidos são pedras de tropeço que não proporcionam o avanço do Reino de Deus. São figueiras estéreis que tomam o lugar de outras árvores frutíferas. Tomemos cuidado para que, quando o Senhor voltar, não queira nos cortar. Da árvore cortada, o seu tronco só serve para virar lenha, para se colocar fogo.
Então peçamos a graça a Deus de multiplicar os nossos grupos de Pastoral da Sobriedade neste grande Brasil, para que muitas pessoas sofridas, flageladas, sucumbidas pelas drogas, possam ter vida e vida plena.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!
Transcrição e adaptação: Adailton Batista
Colaboração: Tarciana Matos
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