Cruz: loucura de amor

Pela Cruz chegaremos ao Céu

Os cristãos (os que verdadeiramente amam a Jesus Cristo que morreu na Cruz) desde o tempo dos apóstolos já se reuniam. Antigamente, acontecia que as cidades eram todas cercadas de muros e, quando vinha um grande número de peregrinos a uma cidade, não cabiam todos dentro da cidade.

Então, era necessário formar acampamentos fora dos muros. Desse modo, o acampamento que estava ao lado da cidade era a “paróquia”, o acampamento de peregrinos. Graças a Deus, Ele nos chamou para estarmos “acampados” neste mundo, nós não temos morada definitiva neste mundo, nossa casa está lá no Céu.

E ,você, que está na barraca acampado, você está vivendo uma experiência espiritual de Deus. É assim nossa vida no mundo, marcada pelo desconforto de não estarmos em casa. Mas, um dia passa esse tempo de acampamento aqui na terra e nós vamos para a casa do nosso Pai, no Céu.

Hoje, gostaríamos de dar um passo a mais no capítulo 6 de Efésios: A armadura do cristão. Refletiremos a nossa luta contra o mau. Para vivermos essa luta contra as consequências do pecado, precisamos estar consciente de que estamos em luta. Eu costumo dizer assim: “Eu não sou um homem, sou um campo de batalha”.

Apesar de ser padre, de cuidar das coisas de Deus, estou em batalha. O pecado deixou em nós muitas consequências, deixou em nós uma mentalidade que não reconhece em Deus um amigo. Por causa do pecado nós começamos a ter medo de Deus.

O livro do Gênesis nos relata que Deus descia ao paraíso e ficava passeando com o homem. Mas, o pecado fez com que o homem fizesse do seu amigo um inimigo, pois a gente só se esconde daquilo que temos medo.

Deus nos desconcerta a todo tempo 

 
O demônio nos dá dinheiro, fama, nos dá o prazer da comida, da bebida e do sexo. Vai parecendo que Deus é aquele que proíbe tudo o que é bom e parece que Ele é um desmancha prazeres. Olhamos para a Cruz e “aquilo” nos causa angústia. Até nós, cristãos, estamos nos tornando inimigos da Cruz.

Todo mundo só quer falar do sucesso, por exemplo, aquela igreja que é “de ir mais cedo pro inferno”, como diz o Nelsinho Correa. Enxergam o erro no outro para servir de espelho, a lógica deles é: Deus não quer a doença, o sofrimento e o mal, se você está na dor é porque você está de braços dados com o demônio, você precisa voltar para Deus e dar o seu tudo para Deus.

Você materializa a sua fé, se você vender a sua casa por dez mil, Deus vai te dar trinta mil. Pagar o dízimo sobre todas as coisas, você dá tudo o que você tem e, se caso essa matemática falhar, a culpa é sua e nunca do pastor, você é que não teve fé.

Mas, esse deus é tão lógico que ele não pode ser Deus, porque Deus não cabe dentro dos nossos esquemas, o Deus verdadeiro nos desconcerta todo o tempo.

Deus não cabe nos meus esquemas mentais

Deus não é irracional não, Ele é de uma racionalidade muito maior do que a minha. Um famoso filósofo, Jean Ghiton, escreveu o livro: “Meu testamento filosófico”, ele narra de forma romanceada a sua morte. Ele que está lá no seu apartamento, agonizando na cama, e na hora da morte quem vem nos visitar é o diabo. A última provação na hora da morte é o diabo perguntando a razão da nossa fé.

Ele conta no romance que o secretário dele foi abrir a porta e quando ele abriu era o diabo, que se identificou e o secretário desmaiou. O diabo entrou de paletó e gravata, todo arrumadinho, e foi até o pé da cama e perguntou: Jan Ghiton por que você crê em Deus? E ele diz uma coisa que parece estranha, mas que é extraordinária: “Eu creio em Deus porque é difícil crer n’Ele”.

Como assim? Pergunta o diabo. E ele responde: “Porque todas as vezes que eu penso que eu prendi Deus, que eu aprisionei Deus nos meus esquemas mentais, Deus me surpreende me desconcerta e escapa”. Eis aí um testemunho de um grande filósofo do século XX: Deus não cabe nos meus esquemas mentais.

Quando fugimos da Cruz nós corremos para os braços da morte

E quem foge da Cruz é o diabo. Jesus diz: “Se quer me seguir tome a sua cruz e siga-me”. Vamos para o calvário, mas também teremos a manhã da ressurreição.

Imagine a desproporção entre a sua mente e a de Deus. Vamos ser sinceros conosco: tem coisa mais sem lógica do que a morte do padre Léo? Ele estava no auge, então, a sua morte não cabe na nossa cabeça. Mas, saibam que se Deus quis assim, é porque lá no Céu ele está fazendo muito mais do que estava fazendo aqui.

Deus, certas horas, não entra na nossa cabeça. É porque um Deus que caiba na nossa cabeça não é Divino, pois se cabe na minha cabeça eu o domino. Como é possível imaginar um cristianismo sem Cruz. Essa sempre foi a Igreja Católica que vive a cruz.

A Cruz é loucura para o mundo. Eu prego Cristo crucificado. Os evangélicos não têm coragem de colocar o Cristo na Cruz, porque não quer saber da Cruz, então começa um paganismo, igreja administrada como se fossem supermercados. Igrejas que começam a fazer a sua pregação a partir de ibope, a partir daquilo que você quer ouvir.

Se você está doente, lute vá a um médico, mas saiba que, às vezes, a dor é inevitável. Mas lute, espere e aproveite para transformar a dor em salvação.

Não fujamos da Cruz, ela é necessária à vida de todo cristão

A primeira batalha que você tem que vencer é dentro de você mesmo, para não fugir da Cruz. Nós, católicos, estamos muitas vezes sendo inimigos da Cruz. Cuidado! Pois assim nos tornamos amigo daquele que foge da Cruz. Não murmure, deixe Deus te amassar, Ele te amassa com o pé, Ele está provando a sua fé.

Em janeiro em 2007 fez dez anos que eu me converti, mas eu já era padre há cinco anos. Eu estava sofrendo muitas calúnias no meu ministério, coisa que todo mundo tem, mas o extraordinário foi a graça de Deus. E eu perguntava: “Meu Deus, por que esse sofrimento?”.

Deus começou a me mostrar que eu não podia mais fugir da Cruz. “Quem quiser se salvar, se perderá. Quem se perder por amor a Mim, se salvará”.

Eu não estou dizendo para você aceitar a injustiça, mas como ela é inevitável ela “bate à porta” da sua casa. Deus não permitiria os males, se deles não pudesse tirar um bem muito maior. Jesus viveu no Horto das Oliveiras e não foi fácil, Ele transpirou sangue, mas Ele ressuscitou! 


Transcrição e adaptação: Célia Grego


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