A esperança exorciza em nosso coração a tristeza e o abatimento
É um privilégio para todos nós podermos viver este acampamento de oração neste tempo do Advento. Nós, como Igreja de Cristo Vivo e Ressuscitado, devemos viver esta espera. O Natal do Salvador é a celebração do Verbo Encarnado, que foi concebido no ventre da Virgem Maria. Celebrar o Natal é permitir que o Senhor restaure as nossas vidas. E como é importante este tempo de preparação!
Ontem, eu pude acompanhar a homilia que o padre Roger Luís fez na abertura do acampamento, na qual ele falava diretamente sobre a vinda gloriosa do Senhor. O tempo do Advento, além de nos preparar para receber o Natal do Senhor, é um tempo no qual a Igreja recorda que Jesus veio pela primeira vez em humildade e que virá na segunda vez de forma definitiva e gloriosa. Por isso, propomos este evento: “Preparai o Caminho”.
A Igreja, desde as origens, vive esta expectativa de preparar a humanidade, todo homem e toda mulher, para acolher o Senhor que um dia virá em glória. Por ocasião da sua primeira vinda, Jesus já estabeleceu o Reino de Deus, porém, Ele mesmo prometeu que, um dia, a humanidade seria tomada novamente por reino de amor, de paz, justiça e da verdadeira fraternidade: o Reino de Deus, no qual todo o mal será banido da face da Terra. No dia glorioso do Senhor, Deus será tudo em todos. Uma vez que nós somos a Igreja, que vive na expectativa do Senhor que vem, somos convidados a ser o povo da esperança.
Sempre faço questão de dizer que o dia glorioso do Senhor não será o fim do mundo no sentido da destruição de todas as coisas. O que compreendemos, com a ajuda da Sagrada Escritura, é que o dia glorioso do Senhor será um dia de transformação de todas as coisas. A criação passará por uma transformação, como afirma São Paulo na Carta aos Romanos no capítulo 8. Por isso, não podemos, de modo algum, achar que o dia glorioso do Senhor será o fim do mundo e destruição de todas as coisas. O que será destruído será o mal, o pecado. Isso, sim, será banido definitivamente da face da Terra e dos corações humanos.
É por isso que nós, Igreja, devemos aguardar a vinda do Senhor com esperança e não com medo. Existe uma jaculatória que o povo cristão gosta muito de professar: “A minha confiança está no nome do Senhor, que fez o céu e a terra”. Esta jaculátoria vem do Salmo 145(146). A esperança é este maravilhoso dom de Deus. É o cumprimento da promessa de Deus. Quando Jesus estava entre os discípulos pregando a Palavra de Deus, Ele deixou bem claro que, na Sua vinda gloriosa no dia do Senhor, estabelecerá o Reino de Deus de forma plena. Nós precisamos ser o povo da esperança e confiar no cumprimento da promessa de Deus. Na vinda gloriosa de Cristo todas as coisas serão transformadas! Nós trazemos, no coração, muitos anseios e desejos de felicidade. Quantos desejos de paz e prosperidade. Este desejo é genuinamente humano e bonito, porque existe no coração de cada um esse impulso e motivação de felicidade, concedidos a nós por Deus. Desejamos felicidade não somente para nós, mas para os outros também. É por isso que a Igreja não se cansa de clamar: maranathá! Vem, Senhor Jesus!
Na Sagrada Escritura a vinda do Senhor também é refletida durante um casamento, como as núpcias do Cordeiro. E nós trazemos este desejo de viver eternamente com Deus. Principalmente quando nós somos afligidos por dificuldades. Quantos anseios de liberdade e felicidade nós trazemos no coração! A Igreja também vive este anseio: Maranathá! Vem, Senhor Jesus! Como é bom nos prepararmos para o casamento! A Igreja vive esta preparação e busca crescer em santidade e embelezar o mundo com as virtudes e santidade, aguardando o Seu Esposo.
Devemos, como Igreja, viver a expectativa do Senhor que vem com esperança, com santidade, para nos prepararmos para as núpcias do Cordeiro. Esse mesmo Deus, que fez o céu e a terra, fará céus novos e uma terra nova. A Carta de São Pedro fala deste dia.
Como está escrito no Catecismo da Igreja Católica, dos números 1038 a 1049, nós precisamos viver, cada vez mais, a conversão. Deus nos oferece este tempo favorável de salvação para nos convertemos. Precisamos ter uma vida comprometida com Deus. O dia do Senhor deve ser para nós um apelo à conversão. Esperar o dia do Senhor não significa cruzar os braços. Não, pelo contrário! A verdadeira esperança cristã nos motiva à conversão, ao santo temor de Deus e ao compromisso com a justiça de Deus. Eu compararia a esperança com a gasolina que colocamos no automóvel, que é responsável pela energia e força para ele funcionar. Assim é a esperança cristã; não é um simples otimismo.
A esperança de um novo céu e uma terra me compromete a ser uma pessoa melhor. Certamente, todos nós ficamos indignados quando assistimos aos noticiários e percebemos a manifestação de tanta maldade e corrupção. A sociedade, de modo geral, elege os nossos representantes, pessoas do poder público, nas quais nós colocamos a nossa esperança para uma sociedade melhor, mais fraterna, que deem mais atenção aos pobres. Ao vermos as notícias, muitas vezes somos tomados pelo desânimo e pela tristeza. E cada vez mais brota no coração das pessoas este desejo de céus novos e terra nova.
Nós precisamos resgatar a virtude da esperança. A esperança exorciza em nosso coração a tristeza e o abatimento. Como nós precisamos de esperança! Não podemos deixar que a corrupção do mundo e a imoralidade nos deixem abatidos e criem em nosso interior o desânimo. Nós vivemos em uma sociedade tão comprometida com o pecado, que nós discípulos de Jesus podemos cair na tentação de olhar só para aquilo que é mau e errado. E desse modo não conseguir publicar as maravilhas de Deus, uma vez que nossos olhares estão voltados para as coisas corruptas. Precisamos ser combatentes na esperança para exorcizar não somente do nosso coração, mas das nossas famílias também esse olhar. A esperança combate a preguiça.
O compromisso do amor e da fidelidade é exigente. Não simplesmente porque você é tentado à indelidade, mas ser fiel no amor com uma pessoa que dá trabalho não é fácil. Necessitamos da esperança para termos a graça de suportar os projetos bonitos da vida. É Cristo que nos anima na esperança. A vitória d’Ele na cruz é a certeza de que Ele nos dá a vitória, porque Ele venceu a morte. Diante da cruz, a esperança não nos decepciona, mas nos motiva a sermos fiéis na esperança do Senhor, na expectativa de uma terra nova e um novo céu. Dediquemos estes dias para a oração. Uma das formas de cultivarmos a esperança é ser esperança para os outros.
“A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos como nossa felicidade o Reino dos Céus e a Vida Eterna, pondo nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não em nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo” (CIC § 1817).
Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio.