O tema de hoje é muito importante de ser abordado: a nossa mãe, a Santa Igreja Católica, aquela que é esposa de Jesus Cristo.
Papa Francisco, logo após que subiu ao pontificado, numa das primeiras missas públicas, na capela paulina, com um grupo de cardeais, levantou, na homilia, uma fala que pode nos servir, hoje, como ponto de partida para a nossa reflexão.
Dizia o Santo Padre: “É uma dicotomia absurda querer amar a Jesus sem a Igreja”. Na verdade, nessas palavras do Papa Francisco, há uma ressonância de outras palavras de um santo, Papa Paulo VI, na exortação Evangelii nuntiandi, onde ele fala dessa dicotomia que existe e é tão presente em nosso mundo atual, de pessoas que querem amar Jesus sem a mediação da Igreja. Jesus sim, Igreja não, dizem eles. Eu sigo Jesus, eu quero imitar o Seu exemplo, mas eu não preciso de Igreja, de bispos, de Papa nem de padres. Eu posso me relacionar direto com esse Jesus e segui-Lo.
Dizia, na ocasião, o Papa Paulo VI nessa exortação apostólica: convém recordar, aqui de passagem, momentos em que acontecem se nós ouvirmos, não sem mágoa, algumas pessoas, cremos que bem intencionadas, mas, com certeza, desorientadas em seu espírito, a repetir que pretendem amar a Cristo, mas sem a Igreja. Ouvir a Cristo, mas não a Igreja; ser de Cristo, mas fora da Igreja. O absurdo de uma semelhante dicotomia aparece com nitidez nesta palavra do Evangelho: “Quem vos rejeita é a mim que rejeita”. E como se poderia amar a Cristo sem amar a Igreja? Uma vez que o mais belo testemunho dado de Cristo é aquele que São Paulo exarou nesses termos: “Ele amou a Igreja, e entregou-se a si mesmo por ela”. Veja: o Papa Paulo VI está aqui comentando esse grande absurdo, como alguém pode dizer que ama a Jesus, mas não ama a Igreja, sua esposa? Se o maior exemplo dado por nosso Senhor Jesus Cristo foi o exemplo de sua entrega total, até a última gota de sangue por amor à Igreja. Meus irmãos, nós queremos pedir a graça de amarmos, cada vez mais, essa realidade que o Senhor quis escolher nessa terra para perpetuar a Sua obra de salvação. Nós nunca seremos suficientemente gratos por fazer parte da Igreja Católica. Vamos pedir a Deus que essa pequena meditação nos ajude a amar cada vez mais essa nossa família sobrenatural.
Jesus sim, Igreja não
Esse tema que os papas mencionam é muito importante nos dias de hoje, primeiramente para nós mesmos, para que tenhamos consciência da nossa pertença à Igreja, do que isso implica na nossa vida, para a nossa salvação e também para que possamos ajudar aquelas pessoas que, hoje, continuam mantendo essa afirmação: “Jesus sim, Igreja não.”
Talvez você já tenha ouvido de vários amigos uma expressão semelhante: “Eu posso ler a Bíblia sozinho, rezar sozinho, seguir Jesus, eu não preciso de homens para me conduzir”. O que dizer diante disso? É certo que, como o Papa disse, as pessoas pensam assim não exatamente por más intenções. A gente quer aqui dar o crédito das boas intenções, pois pode ser que, por algum motivo, essas pessoas pensem desse modo.
A gente vai falar agora de algum desses possíveis motivos. Aqui, eu vou ser conduzido por uma catequese do Papa São João Paulo II durante uma época das catequeses pontifícias. Ele se dedicou a fazer catequeses sobre os mistérios da Igreja, e uma dessas catequeses, concretamente a segunda delas, ele falou sobre essa dicotomia da qual o Papa Paulo VI comentava. A primeira motivação que poderemos mencionar talvez seja essa de pessoas que pensam dessa forma “Jesus sim, Igreja não”, por uma falsa imagem que elas tem da Igreja.
Ainda hoje há muita gente que só conhece a Igreja Católica por aquilo que viu na TV ou leu na internet, portanto não conhecem nada da Igreja Católica, porque o que se vê na TV, na internet, geralmente sobre a Igreja, são as notícias ruins da nossa mãe Igreja, dificilmente vê notícias boas acerca da Igreja nas grandes mídias. Portanto, essa é a ideia que acaba ficando para as pessoas, nada muito além do que aquilo que elas conhecem pela internet ou pela TV.
Esse talvez seja um exemplo que pode motivar as pessoas a pensarem: “Não quero Igreja”. Com os maus exemplos dados pela mídia, que pensam “se isso é Igreja, eu não quero para mim. Eu até admiro a figura de Jesus, as suas pregações, mas a Igreja não”. Talvez essa seja uma das motivações.
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Contra testemunho
Outra motivação que pode levar uma pessoa a pensar assim, são os defeitos das pessoas que fazem parte da Igreja. Quantas pessoas abandonaram a Igreja Católica depois de um contra testemunho que elas presenciaram no interior da Igreja? Quantas pessoas perderam a sua fé por contra testemunho que nós demos em algum momento da nossa história? Intrigas, fofocas, maledicências, tantas coisas ruins de nossa parte, de nós que somos membros da Igreja que podem fazer com que as pessoas pensem “Se a Igreja é isso, eu não quero pra mim, vou continuar seguindo Jesus aqui no meu cantinho, sozinho”.
Nós precisamos entender que Jesus, ao querer estabelecer a Igreja na Terra, escolheu homens fracos, pecadores, justamente para dizer que essa Igreja é d’Ele. Pensem só: o primeiro Papa escolhido por nosso Senhor foi um homem que negou Jesus no momento mais derradeiro da sua vida, quando Jesus mais precisou dos seus, o primeiro Papa disse: “Eu não conheço esse homem”. O primeiro Papa da Santa Igreja Católica negou o fundador dessa mesma Igreja. Outro bispo da Igreja, escolhido a dedo diretamente por Jesus, chamado de amigo por Jesus, traiu esse mesmo Senhor e, depois, em desespero, enforcou-se, tirou sua própria vida. Um bispo cometeu suicídio. Estamos falando aqui de Judas Iscariotes, um bispo da Igreja escolhido diretamente pelo Senhor, cometeu suicídio.
Será que Jesus se enganou ao escolher Pedro? Ao escolher Judas para compor o colégio dos apóstolos? Não, meus irmãos. Deus sabia o que estava fazendo; portanto, se isso aconteceu na época em que o nosso Senhor pisava historicamente em nossa terra, nada mais nos espanta no seio da Santa Igreja, pecado nenhum. Essa Igreja é de Cristo, não tenha dúvida, e Ele escolheu uma Igreja humana para mostrar que essa obra é d’Ele.
Meus irmãos, com tanta gente ruim hoje na Igreja (e me refiro a mim e a você), nós somos ruins por causa da nossa fragilidade humana, se com todo o histórico pelo qual a Igreja já passou, e Ela continua de pé, firme, é uma prova concreta das palavras do Senhor: “As portas do inferno não prevalecerão sobre ela.”
Você ainda tem dúvida?
Meus irmãos, se nós, que somos ruins e estamos dentro da Igreja não conseguimos destruí-la, quem é de fora não poderá fazer isso. Essa Igreja é de Cristo. Não tenhamos dúvida. Se a Igreja Católica não fosse obra divina, ela já teria acabado há muito tempo. Portanto, não é motivo para nós pensarmos em sair da Igreja, ou achar que ela deixa de ser de Deus quando a gente contempla, quando a gente toca as fraquezas dos homens, isso em todos os níveis, em nossa paróquia, em nossas comunidades, a gente encontrar a fraqueza humana, e isso não depõe em nada contra o valor da nossa Igreja. Pelo contrário, isso reafirma: essa Igreja é de Deus. Se não o fosse, já teria acabado há muito tempo, como vários impérios que estão hoje em ruínas.
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::Jovem, faça um encontro com pessoal com Deus
Um terceiro motivo que poderia levar alguém a pensar em viver um cristianismo sem a Igreja é essa busca de um contato exclusivamente pessoal com Deus, sem nenhuma mediação humana, algo um pouco orgulhoso e soberbo. Eu me relaciono diretamente com Deus, eu não preciso de homens, de sacramentos, não preciso ir à missa ou ouvir conselhos de padres, de bispos, eu me relaciono diretamente com Jesus. Essas pessoas que têm essa pretensão de um cristianismo vivido isoladamente, à margem dos demais, se esquecem que fazem parte da pedagogia de Deus, e assim foi toda a obra de salvação. Faz parte da pedagogia de Deus revelar-se por meio de mediações humanas, Deus se revela ao homem servindo-se do próprio homem. Deus não fala simplesmente ao interior do coração humano, Ele escolhe mediações para que a Sua mensagem alcance cada coração.
Quem olha para a Igreja Católica sem uma visão sobrenatural, como faz a grande mídia, nunca chegará a entender o que ela realmente é. E para a nossa desgraça, muitos católicos ainda enxergam a Igreja como uma mera instituição humana. A Igreja é algo que abarca muito mais do que a nossa limitada compreensão.
Transcrição e adaptação: Rebeca Astuti.