“A família é um mistério de Deus”, foi com esse ensinamento que padre Fabrício Leitão abriu o Acampamento para Famílias, que aconteceu na sede da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP), de 3 a 7 de setembro.
O sacerdote afirmou em sua homilia que a família é um mistério, um dom de Deus, e que não se pode falar desse tema [família] sem referência à Igreja e a Cristo. “Somos administradores de um ministério de Deus; eu não posso fazer com minha família o que eu quero, pois é um mistério do Senhor”, enfatizou.
Para explicar e se aprofundar no verdadeiro sentido da família, o evento contou com a participação do professor Felipe Aquino, que, embasado na Palavra de Deus e documentos da Igreja, recordou que quando Deus uniu Adão e Eva – o primeiro casal criado por Ele – disse: “Crescei e multiplicai-vos” (cf. Gn 1,28). Segundo o pregador é isso o que o Todo-poderoso quer da família, que ela cresça, que os cônjuges se ajudem mutuamente para que os dois sejam melhores, mais pacientes e bondosos um para com o outro, que tenham mais fé e se multipliquem. “A beleza do casamento é construir o outro. Amar não é querer alguém pronto, mas é construir alguém a quem você ama, que você escolheu”, concluiu.
O casal de missionários da Comunidade Canção Nova Néia e Dunga testemunharam, de forma simples, como foi a decisão de se unirem e como vivem a graça de serem família. Afirmaram quão importante é os filhos perceberem que existe amor entre os pais, vendo-os trocando carinho, e sobretudo, o quão importante é a família ter Deus como seu centro e passar os verdadeiros valores cristãos para os filhos.
Júlio e Adelita, também missionários da Canção Nova, ao partilharem a questão da adoção de crianças afirmaram: “Adotar um filho não é questão de fazer caridade, mas sim, de completar uma família; um filho adotivo completa a nossa família”.
Sobre a educação dos filhos padre Fabrício declarou que “o melhor método de educação é o exemplo dos pais”. E interrogou os genitores perguntando-lhes quais os exemplos eles têm dado aos filhos. “Não cobrem dos seus filhos o que vocês não têm coragem de fazer”, exortou-os.
Para concluir o segundo dia do encontro, Luzia Santiago conduziu um momento de adoração ao Santíssimo Sacramento, no qual os casais puderam rezar clamando a Deus a cura e a libertação interior. O casal Ana Elisa Silva e Manuel Silva, da cidade de Três Corações (MG), afirmou: “Quantos medos que trazíamos como consequência do nosso passado mal curado, mas Deus nos curou".
Ao trazer os ensinamentos da Igreja aos casais, o pregador e escritor Felipe Aquino relatou que o Papa Paulo VI dizia que o "casal humano é a nascente da vida", por isso o sentido do casamento é gerar vida, gerar os futuros habitantes do céu. E afirmou que “o ato fundante da vida é o ato de amor de seus pais no momento conjugal, a Igreja não quer que as crianças sejam geradas em uma proveta, em um laboratório, por um médico, por um bioquímico, a criança tem o direito de ser gerada por seus pais”. Para concluir, o professor recordou que a Igreja Católica entende o sofrimento dos casais que não conseguem ter filhos e apoia os tratamentos médicos possíveis para gerarem filhos, mas não aceita a inseminação artificial. Destacou também que a Igreja recomenda – para casais que não podem ter filhos – a adoção ou a prestação de serviço a crianças abandonadas. “O Papa João Paulo II fala que o ato de educar é a continuidade do ato de gerar”, enfatizou.
“Nada melhor, para ensinar os filhos, do que dar exemplos”, é nisso que o casal da Canção Nova Mazinho e Celiane acredita. Eles testemunharam que para aprender a lidar dar com os filhos é preciso conhecer a Sagrada Escritura, o Catecismo da Igreja Católica, ir à Santa Missa com eles e gerar neles o senso de responsabilidade, justiça, honestidade e fé.
Padre Fabrício salientou, em sua pregação, que o grande manual de uma família feliz chama-se Sagrada Escritura. “A Palavra de Deus nos ensina que temos de ser lentos para falar, porque quem é lento para falar gasta tempo para preparar o que vai dizer, pensa no que vai dizer; e prontos para ouvir, pois temos dois ouvidos para ouvir o dobro daquilo que a gente fala”. O sacerdote recordou que para a construção de uma família feliz é necessário diálogo e perdão. E que só no amor e com disposição para servir o outro o casal vai preparar o caminho para a felicidade.
Padre Paulo Ricardo, sacerdote de Cuiabá (MT), explicou que a família precisa ter Jesus como centro. “Se você deixa Jesus no centro do relacionamento da sua casa, você perceberá que seu marido não é fonte de felicidade, mas um companheiro que, junto com você, carregará a cruz para chegarem à vida eterna”, exemplificou.
O sacerdote de Cuiabá disse ainda que “as pessoas que não têm fé tentam encontrar nesta vida a felicidade perfeita e encontram a “azia da alma”: a desilusão”, e que a experiência do tédio é importante por nos revelar que esta vida não sacia o coração humano. Afirmou também que quem cobra a felicidade que o cônjuge não pode dar deve lhe pedir perdão, pois “quem quiser preencher a sua alma com o casamento terá tédio, azia”.
Padre Paulo abordou também a pornografia, dizendo que, para combatê-la, não é preciso eliminar as imagens do planeta; mas que a cura desse vício está na iconografia, ou seja, transformar a imagem em uma janela para Deus. “É importante nós entendermos que o nosso corpo é um ícone que nos abre para o céu ou um ídolo que nos prende a esta terra”. O sacerdote apresentou critérios para se esta [imagem] se tornar um ícone destacando o exemplo das roupas. “Até onde pode ir o decote, até onde pode ir a manga, até onde pode ir o comprimento da saia?” Questionou as mulheres dizendo que é um ataque para a alma do homem quando elas não se vestem bem. E alertou os pais sobre a importância de educarem as crianças para o valor do corpo, porque o que tem valor não pode ser exposto. Recordou também que, antes, a atitude de fazer do corpo um objeto de desejo era algo só de mulheres, mas que agora também os homens estão indo para as academias para ficarem "bombados" e a todo custo produzir um corpo que seja objeto de desejo. “Nós não somos objeto, nós não precisamos descer a esse nível! Devemos dar o devido valor a nós mesmos”, exortou. E instrui que o homem tem que descobrir a alma feminina: “Se você vai se casar aprenda uma coisa: existe no homem uma tara de querer só olhar para o corpo da mulher e ignorar a alma, mas o corpo muda, a alma fica”.
O casal Jimmy e Benedita, também missionários da Canção Nova, partilharam que a missão dos pais é fecundar na casa a vontade de Deus, plantar o amor de Deus no coração dos filhos. “Quando uma família vive a imagem e semelhança de Deus, da Sagrada Família, ela não se frustra”, testemunhou Jimmy.
“Jesus amou e se entregou à Igreja, morreu na cruz por Sua Esposa, portanto, a Igreja é livre! Por isso o amor do homem e da mulher tem de ser livre também”, ensinou padre Paulo Ricardo, enfatizando que o amor de Jesus Cristo pela Igreja é livre, total, fiel e fecundo e que essas características do amor de Cristo devem moldar o casamento. “Se você quer viver o sexo, mas não quer viver essa realidade [as quatro características do amor de Cristo] de alguma forma, você está pecando”, exortou.
Sobre o divórcio ele declarou que as pessoas que se divorciam e se casam novamente não são excomungadas, mas não podem receber a comunhão. E orientou, se for o caso, que procurem um tribunal eclesial que julgue se o casamento delas existiu ou não. Mas se elas não têm condições de provar que o casamento delas foi nulo, então, é necessário que unam o seu sofrimento ao de Cristo na Cruz.
Padre Paulo entrou também na questão do aborto afirmando que “a Igreja Católica não vai negociar o aborto”. “As mulheres que fazem isso cometem um crime terrível contra seu filho e contra si mesmas. Ninguém tem o direito de se autodestruir. Ninguém tem esse direito. Que Deus afaste o nosso Brasil desse fantasma”, pronunciou.
No último dia do Acampamento para Famílias, padre Paulo ressaltou que é preciso educar os jovens para a vida eterna. “Olhando para a juventude aqui do Brasil, nós vemos que tanto o rapaz quanto a moça, já no início da vida, estão envelhecidos, já possuem um coração envelhecido porque não sonham mais. O grande culpado da infelicidade dos jovens é o materialismo, e o nosso país é um país com uma raiz profundamente materialista. Materialista é a pessoa que acha que o mundo material é mais importante que o espiritual”. Contudo, o sacerdote apresentou a solução para tamanho problema dizendo: “Nós precisamos ensinar os nossos jovens para algo grandioso, precisamos ensinar a eles que são chamados a viver a vida eterna com Deus, porque somente assim nós teremos vida, saúde e firmeza na nossa fé”.
O casal Paulo Lourenço e Mara, membros consagrados de Aliança da Canção Nova, testemunharam que Deus cuida da necessidade dos casais e ensinaram que o segredo para uma vida feliz é: “Jesus nos diz 'Buscai em primeiro lugar o Reino do Céu e a sua justiça, e tudo mais lhe será dado por acréscimo'”.
Foram cinco dias de ensinamentos dedicados à família, todos finalizados com a celebração da Santa Missa com padre Paulo Ricardo e padre Fabrício.
Padre Paulo, na última homilia do encontro, recordou-nos da existência do inferno, denunciando que existem pregadores que não querem falar do inferno; falam que Deus é amor e misericórdia e questionam como poderia existir o inferno. Mas isso é: “Isso é artimanha do diabo, transformar a confiança em Deus em presunção, ou seja, a pessoa não leva a sério suas responsabilidades porque tem a presunção de que será perdoada”. O sacerdote concluiu exortando o cristão a odiar o pecado, com as seguintes palavras: “Não adianta dizermos que amamos a Deus se não odiarmos os nossos pecados para sermos do Senhor!”