No caminho ia imaginando a alta tecnologia que estaria presente, ali, na Avenida Morumbi, para fazer o trabalho pesado e, já contava na volta, passar no Juca Alemão e pegar o almoço. Como me enganei!
Havia sim, um caminhão com um guindaste instalado na carroceria, mas já de saída deu pra ver que a altura do equipamento excedia a do vão por onde as peças deveriam passar. Também deu para perceber que se tratava de uma empresa de família, que trabalha de forma artesanal. Todo aquele majestoso conjunto de peças, cada uma, fruto de uma única pedra, havia sido entalhado pelas mãos de hábeis artesãos, cujo metier passa de pai para filho.
Utilizando-se de materiais toscos e improvisados e de muita experiência no manejo das mega peças, aqueles homens simples foram fazendo com que a pia batismal, com 2,5t chegasse ao batistério; o altar com 5 t chegasse ao centro do presbitério, depois de galgar dois pequenos lances de escadas e atravessar a nave, sem danificar o piso central, recentemente trocado; e assim, a cadeira principal, o ambão, os bancos laterais, o pedestal do círio pascal, deslizaram por sobre roletes de ferro acionados por alavancas manuais e postaram-se em seus lugares, imponentes, mas parecendo pequenos ante a grandiosidade da arte sacra das paredes, pintada por Padre Lázaro.
O serviço que começou por volta das 11 horas da quinta-feira, chegou ao término nos albores da aurora da sexta-feira, por volta das 5h, com os trabalhadores extenuados, mas sem ter perdido a tranqüilidade no trato com aquelas obras de arte. Lá estive até às 18h e em vez de levar o almoço, levei para casa o jantar.
Mas levei muito mais. Levei a satisfação de ter sido um dos poucos a presenciar, e a única a registrar a história sendo construída.
Com o novo visual, a igreja Sagrado Coração de Jesus é hoje, umas das mais bonitas, senão a mais bonita de toda a Diocese de Santo Amaro, constituindo-se num patrimônio de fé, tradição e arte, que esta geração de paroquianos, liderada por Monsenhor Joaquim Henrique Camargo, deixa como legado aos que virão, pois como disse padre Ednaldo: “um trabalho desses resistirá até o final dos tempos”.
Matéria enviada por Lidia Walder, de São Paulo (SP)