Sinceridade e verdade, primeira gota para a cura interior

“Vivemos no mundo das coisas fáceis. Apesar de habitarmos um imenso deserto, acreditamos nas soluções baratas e imediatas que a Nova Era nos apresenta. A maioria das pessoas busca saídas rápidas e cômodas para seus problemas. É a cultura do instantâneo.

Achamos que nossas tribulações interiores, as marcas que ficaram no coração, podem se resolver na mesma velocidade da internet, da telefonia móvel ou da eficácia de um forno de micro-ondas. Além da velocidade na solução dos problemas, aspiramos pela lei do menor esforço.

Queremos tudo entregue na porta de nossa casa. Achamos que existe também uma cura interior em domicílio ou com a eficiência de um computador portátil e a segurança rápida de um elevador. Não queremos subir os degraus…

É impressionante o número de livros de autoajuda que garantem com absoluta segurança que, se você cumprir rigorosamente o programa apresentado em dez ou 20 lições, ao final você se transformará numa pessoa irresistível.

O milagre da autoajuda promete criar pessoas sem nenhum problema, capazes de conquistar o mundo, de arrumar o melhor emprego, de vencer a solidão, de emagrecer sem nenhum esforço, e ainda conquistar aquela pessoa almejada desde muito tempo. Que pena! Pelo número de livros vendidos, percebe-se o quanto de gente está atrás dessas soluções imediatas.

Tudo que oferece solução imediata cria, na certa, problemas maiores e mais terríveis a longo prazo. A solução imediata deveria também se chamar “problema sério a longo prazo” e até mesmo “pelo resto da vida”. Por isso, quando lhe ensinarem o caminho para um lugar onde alguém prometa resolver todos os seus problemas, grave bem o itinerário e tenha a coragem de seguir na direção contrária. Fuja desses milagreiros. A trilha da cura não passa por esses caminhos. Nem perto.

"Precisamos admitir nossas fraquezas, especialmente o fato de não conseguirmos mais controlar nossas aparências".
Foto: Arquivo CN

Um dos grandes perigos das soluções imediatas, marca registrada da ação do encardido, é que a pessoa, como não consegue solucionar os problemas, acaba mascarando-os. Com isso cria-se o padrão da artificialidade, no qual tudo que a pessoa faz é para a manutenção das aparências. Só que os problemas continuam crescendo e se fortalecendo por debaixo das máscaras. Essa é a causa da firmeza com que Jesus condenou toda forma de hipocrisia.

[…] Escondemos as feridas e as coisas negativas do passado. Não queremos reconhecer ou admitir. Temos medo da repressão e da discriminação. Com isso vivemos lutando para salvar as aparências. A primeira gota que precisamos deixar cair em nosso coração é a gota da sinceridade e da verdade. Precisamos admitir nossas fraquezas, especialmente o fato de não conseguirmos mais controlar nossas aparências.

Esse passo é fundamental para tudo em nossa vida, principalmente para os problemas sérios que temos de resolver. Esse é o primeiro passo para ajudar alguém a se libertar da dependência química, por exemplo. Esse é o primeiro grande passo, a gota fundamental, para a cura interior.

Antes de mais nada, para experimentar a graça da cura interior, necessitamos reconhecer que somos dependentes de nós mesmos, de pessoas, de nosso passado e de nossos traumas. Percebemos isso tendo a coragem de tomar nossa vida nas mãos, sem medo e sem condenação. Percebemos sinais de necessidade de cura quando nos descobrimos inseguros diante da vida.

"A cura interior é fruto de uma certeza: não importa o que você esteja vivendo ou o que esteja enfrentando, é possível encontrar a paz dentro de seu coração".
Foto: Arquivo CN

[…] A cura interior depende mais da soma constante e permanente de decisões corretas do que de uma fórmula milagrosa. A cura interior é fruto de uma certeza: não importa o que você esteja vivendo ou o que esteja enfrentando, é possível encontrar a paz dentro de seu coração. A paz é, em primeiro lugar, uma decisão interior que independe das situações exteriores. O exterior passa a ser um estímulo”.

(Trecho retirado do livro "Gotas de cura interior", do saudoso padre Léo Pereira, SCJ).




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