WebTVCN transmitiu Beatificação de Madre Rita Amada de Jesus em 28 de maio, direto de Fátima Portugal na Sé de Viseu.
A Missa solene da Beatificação foi presidida pelo cardeal Dom José Saraiva Martins.
Tratava-se da segunda beatificação cuja celebração se realizou em Portugal.
Biografia da futura Beata portuguesa
Madre Rita Amada de Jesus nasceu em Viseu, Portugal onde também faleceu. Tal facto levou a que o seu Processo de Canonização aqui tenha sido aberto e decorrido. A primeira Sessão Pública e Solene teve lugar no Seminário Maior, no dia 4 de Dezembro de 1991.
Decorreu ainda em mais três Tribunais Rogatoriais. Depois de tudo formalizado realizou-se a Sessão de Clausura de forma Solene Pública no dia a 23 de Outubro de 1994. Em seguida havia que levar a Roma as Actas do Processo relativo a esta bela alma que viu a luz do dia a 5 de Março de 1848 e partiu para o Pai a 7 de Janeiro de 1913.
Se postular qualquer Causa é sempre um trabalho difícil, este de Madre Rita tornou-se para mim uma realidade ao mesmo tempo gratificante. Aprendi muito com esta Serva de Deus que desde criança sempre se revelou muito piedosa.
Madre Rita, desde muito cedo deu conta dos maus tratos que faziam não só às crianças como aos adolescentes da sua idade. Isso a levou a inquietar-se com a sorte de muitas. Tudo isto me foi servindo de motivação e ajudou a renunciar ao longo do Processo a muitas coisas que gostaria fazer nos meus tempos livres. Madre Rita era ainda adolescente quando descobriu a que a Deus a chamava para ser missio-nária principalmente na Diocese de Viseu. À medida que ia crescendo foi percebendo que a vocação é sempre resposta ao Amor e, mais tarde, estendeu o seu apostolado a outras Dioceses de Portugal e também fora dele. Era profundamente intuitiva e via com muita clareza que os problemas das famílias do Concelho de Viseu eram os mesmos de tantos outros lugares do globo. Assim, foi alargamento os seus horizontes. Pessoa altamente destemida, corajosa e audaz, não esteve com meias medidas e tomou a sério o convite de Jesus "Vem e segue-Me".
Fazer como Jesus
Tinha apenas dezoito anos de idade quando decidiu fazer como Jesus. Andava de aldeia em aldeia em busca das pessoas de vida menos exemplar, homens e mulheres e fazia tudo "para que Deus Nosso Senhor as convertesse". Este pormenor, por ser tão interessante, haveria que ser tratado já na investigação prévia e necessária para depois ser introdução no Processo, o Nihil Obstat, que foi pedido a Roma em Agosto de 1991 e chegou a 2 de Setembro. Também era preciso situar todo o seu apostolado no tempo, isto é, nos finais do Século XIX. Em Portugal, davam-se então os primeiros passos em matéria de educação.
Sabe-se que a "primeira lei do ensino" em Portugal saiu no ano em nasceu Madre Rita. O seu apostolado situa-se num tempo em que o mesmo estava confiado a uma Junta Nacional. As meninas, essas não deviam estudar, pois se soubessem ler e escrever "gastavam o tempo a escrever aos namorados". Por isso deviam ocupar-se das lides da casa e quando muito aprenderiam a tocar piano.
Assumir a responsabilidade de um apro-fundamento da vida de alguém que teve a coragem de desafiar os políticos do seu tempo para elevar a dignidade da mulher, era para mim grande desafio. Além disso, Madre Rita foi natural da minha Diocese de Viseu. Descobrir porque pensaria ela de maneira tão diferente do que julgavam tantos do seu tempo, seria quase impossível.
Recordo que nesta altura me interroguei bastante e dizia para mim própria:
Porque terá pensado em mim a Superiora Geral das Irmãs de Jesus Maria José para me convidar a assumir os destinos deste Processo de Canonização, se as coisas me parecem tão complicadas? E a resposta vinha sempre da fé: Darei o limite, pensava; O resto deixo para Nosso Senhor, Ele que resolva. Algumas vezes o desânimo bateu à porta, porque um trabalho desta natureza levado em simultâneo com muitas outras ocupações profissionais era pesado. Contudo, lá ia remetendo para os Corações de Jesus Maria e José, pois era assim que Madre Rita fazia. Se me tinha comprometido havia que seguir-lhe os passos.
Virtudes heróicas
Enfim, com grande esforço os anos foram passando e o Processo avançava a bom ritmo. A feitura da Positio Super Virtutibus foi um trabalho muito aturado e delicado. As várias pequenas teses sobre os temas e especialmente o das virtudes, além de uma biografia documentada haveriam de comprovar o exercício das Virtudes Heróicas da Serva de Deus que no dia 28 de Maio veremos subir à "Glória de Bernini".
Recordo que quando a 13 de Maio de 2003 o Congresso dos Teólogos concluía que Madre Rita exercera as Virtudes Teologais e Humanas em grau heróico, mais não haveria que agradecer a Deus. Tornou-se um dia inesquecível, este em que Sua Eminência o Senhor Cardeal José Saraiva Martins presidia às Cerimónias de Fátima. Aguardava-se a saída do Decreto de Heroicidade, cuja Leitura viria a realizar-se no dia 20 de Dezembro desse ano.
Mais um passo e o Processo de Madre Rita não iria parar aqui. Tinha acontecido um suposto milagre. Haveria que ser constituído um novo tribunal para ser introduzido o chamado Processo "Super Miro". Neste caso, tudo haveria que decorrer no Tribunal da Diocese de Franca, Estado de S. Paulo.
Após um estudo prévio do caso seguiu-se a Sessão de Abertura no dia 27 de Julho de 1998 e a de Clausura no dia 13 de Agosto de 1998. Feita a formalização e respectiva tradução integral, as Actas puderam ser entregues e depois abertas em Roma no dia 7 de Janeiro de 1999. Seguia-se um novo trabalho, a feitura da Positio Super Miro, para ali ser entregue, ficar em lista de espera com vista à discussão por parte dos Médicos. Era uma nova fase, tempo de muita ansiedade e expectativa. Esta fase da Discussão em Congresso dos Peritos Médicos é muitíssimo delicada e rigorosa. No caso de Madre Rita houve resultado positivo, seguindo-se novos Congressos, o primeiro foi o dos Teólogos e a seguir o dos Cardeais. Submetendo-se pouco depois tudo ao parecer do Santo Padre o Papa João Paulo II, este propôs Madre Rita para Solene Beatificação no dia 20 de Dezembro de 2004. Novo momento em que era impossível esconder a emoção pelo bom resultado.
Tanto quanto podíamos fomos informando as Irmãs do Instituto Jesus Maria José para que todas estivessem em comunhão com o nosso trabalho e o da Congregação para as Causas dos Santos. Por tudo louvamos o Senhor, porque hoje que estamos apenas a escassos dias da Solene Beatificação e não podemos esconder a alegria de vermos cortada aquela que a primeira fase da meta, a Canoni-zação.
Modelo de santidade
Madre Rita é para mim a grande mulher da esperança. Sobressai e brilha na Igreja em tempos muito conturbados e de grande perseguição. A actualidade da sua mensagem é evidente, quando as famílias carecem de muitas almas fortes e destemidas, capazes de denunciar toda a espécie de mal que escraviza e avilta a pessoa humana.
A vida de Madre Rita oferece a todos a possibilidade de profunda análise das capacidades e limites pessoais, torna-se uma luz a iluminar os caminhos da vocação, não apenas de consagração mas também à vocação maternal ou laical.
A sua vocação a todos serve de incentivo e modelo. Do seu apostolado sobressai uma alma cheia de Deus e de zelo pela salvação das pessoas, com particular inclinação para as crianças e jovens, com vista à boa formação das famílias e sob o lema da Trindade Terrena-Jesus Maria José!
Madre Rita é hoje um farol que continua a brilhar e ilumina os nossos caminhos. A sua vida e exemplo de santidade é luz que se desprende de quem deseja imitar fielmente Jesus Cristo; é chispa que se desprende de Deus, fazendo bem aos irmãos, é luz que não se esconde debaixo do alqueire, é exemplo tão forte que ainda hoje continua a motivar outras jovens a entregarem-se em total doação a Deus e aos irmãos.
Ir. Maria Madalena Frade da Costa, Postuladora da Causa
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