Às vezes, precisamos dizer a Deus que não está fácil carregar a cruz. Quer saber a medida certa para você estar no discipulado? Quando está difícil de carregar a cruz.
Na Liturgia de hoje, vimos que o profeta Jeremias estava lamuriando-se, ele que havia sido seduzido por Deus. Por mais que o profeta estivesse murmurando ou reclamando, dentro dele havia o amor de Deus que o seduziu. Para Jeremias não estava nada fácil. O contexto do livro de Jeremias é terrível, pois ele passava por grandes conflitos, mas mesmo assim ele diz: “Seduziste-me, Senhor, e deixei-me seduzir; foste mais forte, tiveste mais poder. Tornei-me alvo de irrisão o dia inteiro, todos zombam de mim” (Jeremias 20,7).
O silêncio de Deus dói. Se há algo que nos faz sofrer na vida e que nos faz questionar é o silêncio de Deus. Rezar não é arrancar algo de Deus, mas se colocar na predisposição daquilo que Deus tem para nós.
Quantas vezes passamos pela mesma dificuldade que Jeremias passou, de não ser compreendidos pelas pessoas. Mas Deus nos compreende. Ninguém constroí um edifício espiritual de uma hora para a outra.
O silêncio de Deus é não ter as respostas que eu quero naquela hora. Deus dá as respostas. O silêncio não significa ausência. O edifício espiritual é construído aos poucos. Nós já fomos seduzidos por Deus, mas onde precisamos perseverar? Todos nós somos vocacionados.
Eu fui seminarista, e todo dia é uma luta tremenda. Devemos rezar: “Senhor, que eu não perca a sedução por ti”. Em nossas fragilidades, Deus não nos despreza. Só Deus foi o Cordeiro sem mancha. Quem não se deixa seduzir por Deus, torna-se uma pessoa sem fé!
Jeremias era vocacionado. Servir a Deus é colocar-se à disposição do Senhor sem exigência. Às vezes, nos aproximamos de Jesus e começamos com as nossas exigências. Quem quer servir a Deus tem que se colocar na cruz. Não colocar exigências. Não é Deus que veio fazer a minha vontade, mas sou eu que me coloco na vontade de Deus.
Se no deserto o diabo apareceu para Jesus, ele também se disfarça daquilo que é mais mundano para nos afastar do projeto de Deus.
Os amigos de Deus sofrem mais porque o inimigo não quer nos perder. O mal se empenha para atrapalhar a comunhão de intimidade que temos com Deus. Conheço muitas pessoas que quando voltam para a Igreja e se deparam com as dificuldades, dizem: “Senhor, parece que minha vida piorou”. Mas não é Deus, é o inimigo. É hora de dizer: “Seduza-me, Senhor!”.
No Evangelho de hoje Jesus diz: “Vá embora, satanás!”. Nós também precisamos ter a coragem de dizer: “Vai embora de mim, inveja! Aparta-te de mim, omissão! Aparta-te de mim, satanás!”
São Pedro, nesse Evangelho, foi usado pelo mal porque deixou se levar pela lógica do mundo e não pela lógica de Deus. Onde está a nossa lógica? Será que não estamos nos deixando seduzir pelo mundo? Está na hora de rezar com a nossa verdade: “Senhor, não está fácil ser vocacionado!”
Jesus diz: “Se alguém quer me seguir, tome a sua cruz!” Se alguém está sem cruz, como vai seguir Jesus? As pessoas dizem que querem seguir Jesus, mas não querem sofrer, não querem renunciar a nada e muito menos confessar ou mudar de vida.
Se você está caminhando atrás de Jesus sem cruz, não é Jesus que você está seguindo. Tome a sua cruz! Alguns jovens vão para o seminário para adquirir poder, e existem até catequistas que vão para a Igreja a fim de sair de casa. Não podemos usar da Igreja para satisfazer o nosso ego.
Você está disposto a renunciar o projeto que você criou pensando que era de Deus?
Tenha a coragem de renunciar o egoísmo, renunciar os cargos da Igreja para se promover. Padre, seminarista e leigo que não se oferecem a Deus, em sacrifício, não são vocacionados. Se você quer crescer na vida espiritual, ofereça a sua vida em sacrifício. Talvez você pense: “Não tenho mais nada para oferecer”. Mas nós sempre temos dois peixes e cinco pães para oferecer. Não podemos nos mundanizar e para isso lhe dou uma direção espiritual: confesse-se pelo menos uma vez ao mês para saber se está fazendo a vontade de Deus e busque os sacramentos.
Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio