Curar a ferida emocional da culpa

Padre Adriano Zandoná

Curar a ferida emocional e utilizar o sentimento de culpa a seu favor

Quem escreve um livro ou grava um CD, à medida que vai cantando ou pregando, também vai tendo uma nova experiência com o que gravou ou escreveu.

Em 2016, fizemos o relançamento do Livro “ Cura-se para ser feliz”, ao qual eu acrescentei mais um capítulo ao reeditar e revisar. Já era um livro que falava das feridas emocionais, da cura dos afetos e das emoções, com orações pela cura de cada ferida emocional. E, ao reler o livro, fiz uma experiência muito profunda, pois não é só quem lê que precisa de cura, mas eu também preciso. A cada dia, eu me convenço mais de que, sem resolvermos aquilo que está dentro de nós, nunca vamos conseguir ser felizes de verdade.

Tenho encontrado pessoas que acham que o defeito está sempre fora, é sempre do outro. Meus irmãos, se vocês não resolverem o que precisa ser resolvido dentro de vocês, não adianta, não há pessoa no mundo que vai fazê-los feliz.

A liberdade começa no coração

Você não tem de arranjar alguém para ser feliz, mas ser feliz para arranjar alguém, porque o dia que a sua felicidade depender de outra pessoa, já começou errado! Você precisa ser resolvido para arranjar alguém. E eu quero lançar para você esse pressuposto: É possível melhorar, é preciso progredir, sim! Às vezes, acostumamo-nos a ser carentes, complicados, mas não podemos ser assim. Em Jo 10,10 está escrito: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”. Mas o que quer dizer abundância? Quer dizer maturidade, crescimento, felicidade em todas as áreas da vida. Você pode trocar tudo, mas se não mudar o seu coração por um novo, curado, o problema vai aparecer de novo e ainda pior. Não adianta mudar o que está fora, mude o que está dentro.

Muitos de nós temos dificuldades de perceber as nossas fraquezas e feridas. Às vezes, a ferida está tão enraizada, que a pessoa não consegue diferenciar quem é ela e quem é o trauma. Ela começa a achar que o trauma é ela e ela é o trauma, ou seja, aquela ferida está tão enraizada, que a pessoa não consegue mais diferenciá-la.

Às vezes, alguém diz para mim: “Padre, eu sou uma pessoa carente e ciumenta”. A primeira coisa que eu lhe respondo é: “Você pode estar carente, mas não é uma pessoa carente, porque Deus não a criou assim. Você não é os seus defeitos nem é aquilo que as pessoas o caracterizaram.

Todos nós temos necessidade de cura

Há pessoas que não conseguem conviver com a própria solidão, porque têm o coração bagunçado. Se você não é capaz de conviver com sua própria solidão, não conseguirá conviver bem com ninguém. Não vai ser feliz em um relacionamento, porque vai fazer do outro uma muleta. É preciso reconhecer onde estão suas escravidões, pois quem não consegue identificar as próprias escravidões torna-se refém e escravo a vida inteira, achando que é livre. E a pior forma de escravidão é aquele que é escravo, achando que é livre! Será que você não tem a honestidade de perceber que precisa de cura em suas emoções? É preciso reconhecer onde está a sua própria escuridão.

Gêneses do sentimento de culpa

A culpa faz o ser humano se sentir indigno e mal. Se você não trabalha os sentimento de culpa, ele pode voltar-se contra você e transformar-se inconscientemente em um processo de autossabotagem, que não o deixa desenvolver e crescer na vida em vários aspectos.
Como nasce os sentimento de culpa? Ele pode nascer em uma circunstância concreta, por exemplo, um erro que você cometeu contra si mesmo, contra sua família, contra Deus. Mas esse sentimento é mais fácil de lidar, porque o sentimento irracional é bem mais difícil, pois, geralmente, nasce na infância. A criança não tem filtro moral para diferenciar uma coisa da outra. Tudo que chega à criança por parte dos pais, ela acaba internalizando como verdade. O sentimento de culpa prostra a pessoa!

Geralmente, os pais usam três argumentos para convencer uma criança: culpa, medo e crítica. Cuidado como você educa as crianças!

-Culpa: “Você é a pior criança! Olha como as outras são educadas!”. E a criança já internaliza: “Eu sou ruim”. A culpa passa a ser para a criança uma frustração, um impacto emocional;
-Medo: “Não faz isso, menino, porque Deus o castiga”. Em vez de conversar com a criança, coloca medo nela;
-Crítica: “Como você é burra!” Menina, arruma esse cabelo”. Pais, vocês precisam educar as crianças com inteligência, com sabedoria.

As feridas que não são curadas crescem conosco. A culpa acaba sendo uma frustração, causada pela distância entre aquilo que achamos que deveria ter sido e aquilo que foi. É o impacto emocional realizado pela frustração de você não ser aquilo que achava que deveria ser. A culpa não vem de Deus, mas de uma autoacusação, e o demônio é o acusador.

Inteligência emocional

Não podemos julgar os erros do passado com o conhecimento que temos hoje. Como uma mulher que cometeu um aborto, por exemplo. A culpa gera tristeza e sobrecarga o emocional; já o arrependimento gera conversão e aprendizado. A culpa nos prostra; o arrependimento nos faz caminhar, ir para frente!

O jeito como você lida com os sentimentos de culpa que existem dentro de você vão determinar se o seu desenvolvimento emocional é saudável ou não.

Quando você se sente culpado, acaba tendo uma cobrança excessiva, que gera perfeccionismo, o qual faz com que você não descanse e acabe desenvolvendo doenças emocionais.

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É preciso olhar para dentro de você!

É preciso que você tenha um diálogo interno com si mesmo, pois se você não se perdoar, ninguém será capaz de perdoar você. Deus quer curá-lo de dentro para fora, porque a felicidade só acontece quando a pessoa é curada interiormente.

Transcrição e adaptação: Claudia Lima

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