Em meu segundo livro, que será lançando no Hosana Brasil deste ano, trabalho sobre o tema da felicidade, pois acredito que Deus tenha me dado uma vocação filosófica.
Fico pensando nas pessoas que são tristes e vendo o sofrimento delas. Muitas vezes, choro e pergunto a Deus: “Por que sofremos se somos criados para a felicidade?”. Respondo: muitos de nós não são felizes, porque não sabem lidar com as frustrações que vão colecionando ao longo dos anos. Felicidade não é ausência de sofrimentos, pois está ligada à sabedoria. O que vai definir nossas vidas são as atitudes que devemos ter diante dos sofrimentos.
Busquemos a cura dos afetos e das emoções, pois sem ela ninguém pode construir a felicidade, pois ela depende desse processo subjetivo de como organizo o meu interior. Muitos de nós acham que podem se esquecer do que viveram, mas nós sabemos que nem sempre esquecer quer dizer curar. É preciso adentrar no universo interior, pois tudo em nós precisa ser tocado pela graça de Deus. Não sejamos, portanto, escravos da nossa história!
Há pessoas inseguras, mas a nossa essência não é assim! Deus não nos criou medrosos, e Ele quer nos curar de todos os complexos. As circunstâncias que permeiam a nossa história podem nos influenciar, mas não podem ser determinantes.
João Guimarães Rosa, um poeta mineiro, dizia: “Odiar um pessoa pela vida toda é dedicar a vida toda a esta pessoa”. Para que o processo de cura interior aconteça, é preciso retirarmos todo o entulho que se alojou dentro de nós com o passar dos dias e dos anos: o acumulo das feridas, a equação das frustrações, os apegos e mesquinharias, as dependências afetivas etc. Sem retirar todo este conteúdo (entulho) de nosso coração (interior), não poderá haver uma verdadeira cura e felicidade!
Quantas vezes, não valorizamos as nossas histórias e achamos que a história do outro é melhor do que a nossa! Há pessoas, que, durante toda a sua vida, vão juntando feridas do passado. Não existe cura interior sem uma santa rebeldia. Devemos nos rebelar contra as dependências afetivas e sobre o que nos aprisionam.
Irmãos, Deus o criou para ser feliz e não para viver de migalhas afetivas ou daquilo que as pessoas lhe oferecem ou não. Quantas desculpas você vai arranjar para não ser feliz? Há pessoas que me procuram e dizem que precisam de sucesso para serem felizes ou ainda ter um bom emprego. “Ao contrário do que muitas pessoas dizem, é a felicidade que nos leva ao sucesso”, disse um psicóloga americana.
Outro estudo aponta que as pessoas mais felizes vivem por mais tempo. Isso é o que a ciência nos ensina. Deus quer que, não obstante, paremos nos sofrimentos, mas criemos um cultura de felicidade. O sofrimento não pode ser um fator que determina nossas atitudes, mas, de um jeito maduro, possamos enxergar as decepções como uma oportunidade de mudança.
“Vós me ensinais vosso caminho para a vida; junto a vós, felicidade sem limites, delícia eterna e alegria ao vosso lado!” (Salmo 15)
É Deus quem nos ensina o caminho para a vida, para a cura interior e para uma verdadeira felicidade. Juntos d’Ele e guiados por Sua voz, construiremos uma felicidade sem limites, ou seja, verdadeira! Ele quer no ensinar o caminho para conquistarmos um concreta cultura da felicidade em nossa história.
Jesus, em Seu Evangelho, fala sobre as crianças e nos ensina a olhar para elas. Em Mateus 19,14b, Ele disse: “Porque delas é o Reino dos céus”. Essa categoria, “Reino dos Céus”, é hoje para nós o símbolo de uma felicidade plena (que começa aqui e se plenifica na eternidade): elas (crianças) são para nós um modelo na conquista da verdadeira felicidade, precisaremos nelas nos espelhar em tal processo de construção: “é preciso ser como crianças para entrar no Reino dos céus…” (cf. Mt 18,3). Sejamos como as crianças para alcançarmos a felicidade.
A sinceridade de uma criança é umas das características que devemos nos pautar; é uma sinceridade, inocentemente, querendo ajudar os outros. Outra postura das crianças é não guardar mágoas no coração; e a terceira característica delas é a simplicidade. Ninguém pode ser feliz se viver complicando a vida. Mário Quintana dizia: “A felicidade é algo simples. Tenhamos cuidado, pois ela pode passar em nossa vida sem que a percebamos”. Muitas vezes, eu e você vamos complicando tudo o que acontece conosco e procuramos compensar o vazio espiritual acumulando riquezas. Existem sofrimentos que doem muito, mas não fiquemos presos ao que já passou.
Transcrição e adaptação: Luana Oliveira