Nós estamos no 4º Domingo do Advento, e é por isso que nós cantamos repetidamente, no canto de resposta, da 1ª leitura: “O Rei da glória é o Senhor Onipotente, abri as portas para que ele possa entrar”. Sim, porque daqui a alguns dias estaremos celebrando o Natal e, então, é preciso abrir as portas para Ele entrar.
O foco do Evangelho hoje está voltado para São José. Ele não foi apenas o pai adotivo de Jesus, mas esteve envolvido no plano de Deus para a nossa salvação, como um escolhido.
Maria foi para a casa de Isabel e, quando ela volta, já está com sinais evidentes da gravidez. Ele [José] não era bobo, percebeu que Maria estava grávida. Naquela época, José devia estar com os seus 30 anos, não era aquele homem velho como algumas gravuras retratam. Daí a grande interrogação: “O que aconteceu?”.
José e Maria estavam naquela primeira fase do casamento, porque, para o povo judeu, ele é dividido em duas partes. Na primeira etapa os noivos já se casavam, mas não habitavam juntos. E é nessa etapa que Nossa Senhora fica grávida, portanto, já estavam casados. A lei de Moisés mandava que, nesses casos, ela fosse apedrejada, e a grande virtude de José é que ele não a entrega para a lei e resolve dispensá-la secretamente. É justamente nessa hora que o anjo do Senhor revela a ele, em sonho, o plano de Deus a respeito de Maria e do Filho que ela carrega em seu ventre.
Meu irmão, aqui está, nas palavras do anjo a José, a grande realidade do Natal: “Ele será chamado pelo nome de ‘Emanuel’, que significa: ‘Deus está conosco’”.
Claro, Jesus está presente de forma muito especial na Eucaristia, mas Ele também está presente onde nós estamos. Não é só na liturgia, pois você pode dizer que Jesus está em sua casa, Jesus está pessoalmente onde estamos porque assim diz a Palavra, que Ele é o “Deus conosco”.
Portanto, passe você o que passar, em todos os momentos de sua vida, é Ele que lhe dá forças, é Ele quem o levanta. Não sei as ‘noites escuras’ pelas quais você passou, mas olhando para trás você pode constatar: “Foi Deus que venceu por mim”.
Eu vivi isso, eu passei uma tribulação delongada, foram anos. Graças a Deus eu sabia que Ele estava comigo, eu pedia, eu suplicava. E hoje eu posso dizer: o Senhor me libertou! Eu estou em plena força. E é por isso que quero consagrar toda minha vida ao Senhor, para levar o batismo no Espírito Santo às pessoas, levar às pessoas para o caminho da santidade. Eu estou bem porque Ele está comigo, mas também quando eu não estava bem Ele esteve comigo.
Agora nesta quarta-feira que passou, meu cunhado faleceu. Foram anos de batalha contra uma doença e ele estava muito frágil. Chegou até a fazer um transplante de fígado, mas ele estava fraco demais e não aguentou. Minha irmã estava com ele dia e noite, nas idas e vindas para a UTI. E por que ela superou este tempo todo? Porque Jesus estava com ela e com toda a família. Eu ficava me perguntando “Como ela conseguiu ficar, assim, ao lado do marido o tempo todo?” Foi Jesus quem a sustentou. Foi justamente quando eles completaram 31 anos de casados, por volta das 7 horas da manhã, que ele faleceu. Você imagina a dor da minha irmã e a dor dos filhos. Como eles se sustentaram? Porque Jesus estava com cada um deles.
Eu estou dizendo isso sobre a minha família, mas tome posse para a sua vida também. Jesus não está só lá no céu ou na Eucaristia, não. Ele está com você principalmente nos momentos mais difíceis. O Senhor está junto de você, lado a lado.
Esta é a grande verdade, este é o nosso Natal. É preciso viver o Natal e o vivermos bem, pois acreditamos num Cristo vivo, que está conosco no festejo do Natal, senta-se conosco na mesa da ceia, está na hora da distribuição dos presentes, mas é preciso que este Natal se perpetue em todos os momentos de nossa vida.
O final do Evangelho nos diz que José fez exatamente o que o anjo lhe havia ordenado. Nós vemos aqui a fé de São José. É totalmente diferente a vida com fé e uma vida sem fé. Não digo da fé de acreditar em alguma coisa, não. Digo da fé em um Deus, que está vivo, uma fé que se joga nos braços Senhor sem medo e sem receio. Uma fé que se lança mesmo sem entender o que está acontecendo.
Daí vem a segunda coisa, que é justamente o fato de ele aceitar Maria como sua esposa. Falamos, então, da obediência de José, que teve de largar todo o seu futuro e a possibilidade de ter muitos filhos, porque, desde que entendeu quem era aquela Criança, que Maria carregava em seu ventre, ele nunca mais tocou nela, ou seja, a sua vida foi dedicada inteiramente a Maria e a Jesus. O convite para cada um de nós, neste fim de Advento, é que vivamos a obediência e a fé, para que invistamos toda a nossa vida nas coisas de Deus onde Ele nos colocar.
Transcrição e adaptação: Daniel Machado