Irmãos, escutem o que declara o Espírito Santo. Se hoje você ouvir a voz do Senhor, vá atras d'Ele. Ouça a voz de Deus e a obedeça. Da infidelidade à voz de Deus surge a ingratidão. Não deixe que a infidelidade do povo, sobre a qual a Carta de Hebreus fala, se repita em você.
A infidelidade é um risco constante. O tempo comum traz para nós essa perspectiva da graça, no qual somos chamados a morrer para o pecado e a ressuscitar para a vida. Damos esses passos para não nos afastarmos do Deus vivo. Precisamos ser filhos da graça, não da desgraça.
Nós podemos passar por muitas experiências duras na nossa vida, como o leproso do Evangelho, mas temos de permitir que o consolo divino vá curando o nosso coração. Essa permissão faltou no coração do povo relatado na liturgia desta quinta-feira.
Deus pode nos consolar a todo instante, mas se eu não O acolher ainda permanecerei com as atitudes do passado. Permita, hoje, que o consolo de Deus alcance o seu coração de tal forma que o seu passado não tenha mais poder de governar o seu presente. Que ele seja verdadeiramente passado, que você seja livre pela graça divina.
Muitos passam a vida tentando esquecer o passado e não aprendem com ele. Sofrem por uma coisa que não pode ser mudada. Não permitimos que o consolo divino nos atinja. Sem fé é impossível agradar a Deus, é nela que conseguimos nos desvencilhar do passado, vencer essa crise interna, essa crise do coração. É lá, no interior da sua alma, que essa crise se inicia.
Não sejam ingratos, pois as obras de Deus estão perante os seus olhos, mas você precisa vê-las. O coração endurecido cai na incredulidade, se distancia dos irmãos e do Deus vivo. Não saber ler, com clareza, a presença operante de Deus na sua vida é o maior risco. A graça está ali esperando que você abra o coração, esperando docilidade e permissão.
Diga: “Penetra o meu coração, Senhor, com o seu consolo divino. Eu quero ser modelado por Ti, meu Deus”. A Carta aos Hebreus diz: “Animai-vos uns aos outros”. Quantas vezes nós fazemos o contrário? A grande dificuldade de quem vive na obediência é ser animado pelos irmãos. Há muito o que encontrar, basta que nós queiramos.
Quem se desvia do coração, jamais encontra descanso. O coração desviado está anestesiado pelo pecado, por isso, precisamos que as escamas que estão em nossos olhos caiam hoje.
Não recuse o dom de Deus. Os padres da Igreja têm uma visão muito profunda sobre essa passagem do Evangelho. A lepra é um símbolo forte e profundo que revela o que o pecado faz em nós. O leproso diz a Jesus: “Se queres, tem o poder de curar-me”.
A Bíblia nos mostra em várias passagens que a vida de quem era leproso era bem complicada. Imagine como eles sofriam. Existem pessoas que no hoje da sua vida fazem essa experiência de ser uma chaga vivente na família, no trabalho, no meio dos amigos… A pessoa traz uma tristeza tão profunda que se torna uma chaga que caminha.
Se você se sente assim, eu o convoco, pelo poder de Deus, a pedir a unção que levou esse leproso a se lançar aos pés de Jesus. Lance-se! Aquilo que você celebra na sua vida define a sua história. Este leproso, quando deu o passo de se jogar aos pés do Senhor, tomou a decisão de não mais ficar longe das pessoas que ele amava. Ele quis mudar de vida.
Se você permanecer celebrando as suas feridas e as suas dores, nunca sairá delas, elas irão vencer você momento a momento. E, além disso, você nunca irá saber o que é experimentar o consolo do Senhor. Celebre a graça que Deus dá a você de se lançar a Ele.
Todos nós somos, de alguma forma, leprosos. Trazemos uma ferida, uma chaga, sofremos por algo não cicatrizado na memória. Eu desejo, do fundo do meu coração, que você faça a experiência com o consolo divino. Deixe de celebrar as mazelas da sua vida e passe a celebrar o Cristo, a beleza do ser família.
Você que se sente verdadeiramente um leproso, é agora o momento. Se ouvir a voz do Senhor, não endureça o seu coração. Não basta que nós sejamos bons, é necessário que pratiquemos o bem. Se você quer ajudar uma pessoa não a acuse, a ame. Só o amor pode efetuar uma obra transformadora no coração. Amém!
Transcrição e adaptação: Ariane Fonseca