A Teologia do Corpo são ensinamentos proferidos pelo saudoso Papa João Paulo II; é um conjunto de 129 catequeses que dizem respeito ao amor humano.
Nós nos voltamos para o dom extraordinário da Santa Missa, na qual Deus se entrega por nós. O que a Eucaristia tem a ver com o matrimônio? O Papa João Paulo II viu com clareza a existência de um nexo, uma ligação entre a comunhão que vivemos na Eucaristia e no ato conjugal, unindo ambos.
Nas 129 catequeses, o Papa João Paulo II nos fala de 2 uniões: O casamento de Adão e Eva, no livro de Gênesis. E as núpcias do Cordeiro, no livro do Apocalipse, no casamento em que Deus se une à humanidade.
Hoje os casamentos duram pouco, pois logo se deterioram em função da cobrança. Qual é a cobrança no casamento? A felicidade; o casamento está mal porque essa cobrança é injusta. Ninguém é capaz de fazer o outro feliz; fomos feitos para Deus.
Santo Agostinho nos recorda: "O coração é inquieto até que se encontre em Deus." Na terra, somos como uma pessoa que viajou à noite toda, coloca a cabeça de um lado e de outro sem ter como repousá- la. A vida neste mundo é uma viagem, na qual nós não temos onde repousar a cabeça. Não podemos transformar o outro no porto seguro, pois somos companheiros de viagem.
Papa João Paulo explica que, antes da vinda de Jesus, o matrimônio era uma espécie de sacramento da criação. O homem e a mulher ajudam nesta criação, no ventre da mulher acontece o milagre de criar do nada a alma do ser humano [com a graça do Espírito Santo]. A Igreja não é contra o sexo; ela aprecia tanto a sexualidade e dá tanto valor a isso que lhe dá um valor sagrado. Por sua natureza, o sexo tem algo de divino, mas isso ainda não é o suficiente para torná-lo sacramento.
Não existe somente a criação, existe algo de novo que o Senhor trouxe ao mundo: A redenção, a salvação que está dentro de cada um dos sacramentos. Os sete sacramentos são para nossa salvação. O que existe de redentor no matrimônio?
"Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela […] Assim os maridos devem amar as suas mulheres, como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Certamente, ninguém jamais aborreceu a sua própria carne; ao contrário, cada qual a alimenta e a trata, como Cristo faz à sua Igreja – porque somos membros de seu corpo. Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois constituirão uma só carne (cf. Gn 2,24). Este mistério é grande, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja" (Efésios 5, 25, 28-32).
Da mesma forma que Cristo e a Igreja são só uma só carne. É importante vermos que a Eucaristia tem a ver com o matrimônio entre Cristo e Sua esposa, que é a Igreja. Portanto, a Eucaristia e o matrimônio estão ligados.
O que isso muda na vida eucarística e matrimonial? O casamento entre dois batizados é um sacramento, porque é uma participação na redenção, é salvífico porque é uma entrega. É a entrega da sua vida para fazer com que o outro chegue à felicidade, que é Jesus. Você não é a fonte da felicidade, mas deve entregar a sua vida para alcançar a felicidade, um se faz sacrifício ao outro.
O ato da união sexual entre o marido e a mulher é prazeroso, faz com que ambos fiquem satisfeitos, mas também é uma entrega. O esposo entrega o seu corpo à esposa, e ela se entrega ao esposo, é uma doação. Essa entrega em Cristo é um sacramento, não simplesmente pela criação de Adão e Eva, mas no ato da cruz.
Quando pagãos se unem no casamento participam da criação. Mas, quando batizados se unem em matrimônio eles participam da Igreja. Essa união maravilhosa de entrega mútua entre Cristo e a Igreja se torna visível na entrega pela sua esposa e pelo seu esposo.
Christopher West conta que se casou e foi para lua de mel. No dia seguinte, foram à Santa Missa, depois da noite de núpcias, ao sair da Celebração Eucarística ele disse: "Agora eu sei o significado: 'Este é meu corpo que é dado por voz'." Cristopher entregou o seu corpo à esposa, assim ele entendeu a entrega de Cristo pela Igreja.
Na Eucaristia vivemos o grande mistério em que o Esposo [Nosso Senhor Jesus Cristo] entrega o Seu Corpo pela Esposa [Igreja]. O esposo dá tudo o que é por amor. O matrimônio é uma "cruz", pois é uma entrega de amor. O mundo perdeu a noção do amor, ele não é subjetivo e pessoal.
Quando os namorados se unem sexualmente, muitos criticam a Igreja dizendo que julgamos o amor deles, mas isso não é amor, é egoísmo. Nós católicos sabemos que amor não é sentimento, mas existe um sentimento que acompanha o amor, pois o amor é uma entrega e não é um sentimento subjetivo. Pois, você pode se sentir bem tomando um veneno, como as drogas. O mundo moderno quer “viajar” no amor, quer se sentir bem, mas o sentimento pode ser gostoso e profundamente egoísta.
O sexo é uma entrega total, o corpo fala, pois é uma linguagem. Se uma pessoa diz: "Eu te amo" – com os lábios cerrados e com gestos negativos – você vai acreditar no corpo ou na palavra dela? O corpo, na relação sexual entre marido e mulher, diz: "O meu corpo é todo seu". Mas quando o sexo está no namoro não há entrega total; quando cada um vai para sua casa é uma mentira. Somente no matrimônio, na entrega para sempre, que ocorre a entrega total, isso é redentor, sacramento que Jesus nos revelou na cruz.
Recebemos o sacramento da santa comunhão, o Corpo do Esposo [Jesus], que se entregou totalmente à Igreja. Os padres são celibatários para serem sinal do Cristo, o Esposo que se entrega para a Igreja. "Tomai e comei, isto é meu Corpo que é entregue por vós", nos diz Cristo. O padre também é o esposo que se entrega à Igreja. Por isso, quando olhamos para o matrimônio, entendemos a Eucaristia.
Você vive uma crise conjugal? Olhe para a cruz no sacrifício do calvário e peça a Deus a força de se entregar, em derramar o sangue pelo (a) seu (sua) esposo (a) e filhos.
A Eucaristia é o sinal do amor, de entrega total. No início, temos o matrimônio de Adão e Eva, depois, sacramento da Eucaristia :"[…] Felizes os convidados para a ceia das núpcias do Cordeiro […]" (cf. Apocalipse 19,9).
A Ceia do Senhor é a festa do casamento, anunciada no Apocalipse, que é o Cordeiro imolado unido à Sua Igreja.
Papa Bento XVI disse: "O amor ágape deve buscar forças no amor erótico", ou seja, no amor que temos. Ao desejar Deus, podemos usar nossos afetos. O amor não é só sentimento, mas ele se expressa no desejo.
A adoração a Jesus Eucarístico tem o sentido de mostrar para o Senhor o quanto queremos comungá-Lo. "Senhor, a minha alma tem sede de vós, como a esposa deseja o seu amado."
Transcrição e adaptação: Thaís Capucho
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