A Medida do Serviço é o Amor

Padre Anderson CN
Foto: Robson Siqueira
Em Lucas 4,38-39: “Saindo Jesus da sinagoga, entrou na casa de Pedro. A sogra de Pedro estava com febre alta; e pediram-lhe por ela. Inclinando-se sobre ela, ordenou ele à febre, e a febre deixou-a. Ela levantou-se imediatamente e pôs-se a servi-los.” Naquele tempo, as mulheres eram tidas como inferiores, e além de mulher velha; doente. Esta mulher deve ter passado por situações desumanas por ser inferior, e não participante do alto escalão da sociedade como eram os homens. Além de todas as situações, era tida como uma ocupante de espaço, chegando a desejar a morte para ela. Muitas vezes pensamos assim, querendo que o nosso pai e nossa mãe por serem autoridades em nossa vida durante a nossa juventude, chegando a pensar que sou dono de mim mesmo, que posso tomar conta de mim mesmo, e vamos descartando àqueles que são autoridade em nossa vida.

Maior que o desamor, do que o ódio é a indiferença! E a indiferença nos corrói por dentro. Quando pedimos a Deus para que possamos amar, é preciso antes dar o primeiro passo, não esperando a iniciativa vinda de Deus. A sogra de Pedro estava sofrendo com muita febre, mas intercederam a Jesus por ela, pois acreditaram que Deus podia realizar algo na vida daquela mulher. Devemos também acreditar! E, quando o nosso coração está cheio de mágoas, rancor, em nós acontece uma coisa natural; colocamos uma pedra que pode ser o tempo, a indiferença, o meu esquecimento, e com o passar do tempo vamos descuidando e a pedra cai. Eu preciso sair de mim para ir de encontro com a pessoa, não sendo falso, mas aproximando-me, pois, o Amor de Cristo nos uniu, descartando em falar que ela não tem jeito, desconfiando dela, mas, pelo contrário, ver o que Deus pode fazer nela e por ela. Depois deste processo de aproximação, é deixar-se fazer com que tudo se ajeite. O querer aproximar-se, ainda não é o perdão, mas a iniciativa para a cura!

Jesus inclinou-se sobre a sogra de Pedro, precisando ele rebaixar-se, descer, sendo presença, precisando estar junto, sendo companheiro com aquela mulher, precisando abaixar-se, e, muitas vezes precisamos a penas de uma presença amiga. Como temos quase 7 bilhões de pessoas no mundo, nunca se viu o ser humano tão sozinho; causando depressão; é síndrome disso, é síndrome daquilo… Precisamos acolher a presença de Jesus em um processo de intimidade. Não podemos nos aproximar de Deus por causa da Cura no exterior, tampouco da interior. Não podemos aproximar-nos de Deus por causa das coisas que Deus pode nos dar e fazer por nós, e em nós.

Eu vou ser curado para servir e quando nos aproximamos de Deus, e sentamos no banco da igreja, no grupo de oração, dizendo: “Senhor, estou aqui, me cura!” Ou quantas curas proclamam no grupo de oração, e não me vês aqui! Esperando de braços cruzados a iniciativa de Deus! Não é assim! É servindo que vou ser curado, tenho que sair de mim mesmo, crescer na minha intimidade com Deus, assim como o primeiro encontro com Jesus. Temos coragem de pregar em praça pública, falar do evangelho, tentar converter os protestantes que são seus vizinhos. E, quando não começar a ver Deus nas coisas; no ar, nas plantas, no vento, na natureza, no cantar dos pássaros, chegando a pensar que Deus não está mais presente. Quando não observo isso, não vejo mais Deus em minha vida, duvidando da presença Dele em minha vida, perguntando; “Cadê Deus? Onde ele foi? Não está mais comigo?”.

Ele está ao nosso lado, buscando você que é filho, filha, e não como marionetes; pulando para lá e para cá. Não! Não é isso que ele quer! Ele quer que você seja livre, tendo com ele intimidade, dando até mesmo o livre arbítrio para negá-lo. Essa intimidade com Deus, gera em nós; serviço, envio. E tem pessoas que se aproximam de nós para contar problemas, olhando somente para eles. É o nosso querer ser íntimo de Deus, estar com ele que, faz-nos alcançar a cura, através da missão, do serviço. A intimidade com Deus gera em nós; a missão pois, é na missão que Deus está próximo das pessoas, é na missão que vou sentindo que Deus age no meu próximo. A medida da missão; é o amor. A medida do Amor; é amar, sem medida! Às vezes pensamos que amar é sentimento, mas não é! Amar o pai e a mãe é fácil, mas amar aquele que não nos ama é difícil, pois, a medida do serviço; é amor. Amar não é sentimento, é ir de encontro ao outro! É buscar as coisas do alto, é buscar estar na presença de Deus, dando ao outro aquilo que ele merece, devendo dar para ele Deus. O outro vai receber Deus, quando ele perceber o meu esforço para levar Deus para ele.

 


O querer aproximar-se, ainda não é o perdão, mas a iniciativa para a cura!
Foto: Robson Siqueira

Tem pessoas que são do tipo; não gosto de falar mal, não é minha intenção falar mal, pois, participo do grupo de oração, rezo as 1000 Ave-Marias, tenho uma vida de oração, no entanto, só sento para falar da vida do outro. Já viu um cachorro comer vomito do outro? É ‘igualzinho’! Só sabe jogar vomito para outros comerem, pois o cachorro vem joga, outro passa, cheira, come ou ainda; vem um cachorro e mija. Passa outro, cheira, lambe, e mija, fazendo o mesmo. E é assim que se reconhecem, é o instinto canino. Tem pessoas que são assim; coloco o meu jaleco de Ministro da Eucaristia, fazendo procissão de entrada, subindo ao altar e ficando com as ‘mãozinhas’ juntas, parecendo um anjinho caído do céu. Isso porque quer ser reconhecido, ter status, mostrar o que está fazendo! E quanto àquela mulher, ela foi curada e logo depois começou a servir. Ninguém pediu! Ninguém precisou falar nada! Ela foi e se colocou a serviço.

É como a mulher em casa, passou o dia inteiro lavando, passando, arrumando a casa, dá ‘aquele brinco’ na casa, como minha irmã sempre diz; deu ‘aquela geral’. O homem chega cansado, enfrentou trânsito, senta no sofá, pega o controle, tira o sapato e fica de meia, deixando ‘aquele’ chulé, não percebendo que a mulher fez tudo isso! Querendo ela ser reconhecida, mas o marido nem percebeu. A mesma coisa quando o homem traz alguma coisa, já pensando ‘naquilo’ ou no começo quando os dois comem juntos no mesmo prato e depois de um tempo ela diz: “Vai pegar o seu prato!” Ou quando ele traz alguma coisa ‘especial’ que ela gosta de comer, e simplesmente ela olha e diz: “Ah! Isso?”, ou ainda quando fazemos algo no emprego para agradar o chefe, deixando à vista dele e quando ele chega, passa e não vê. Lógico, está fazendo para ser visto, ser reconhecido, para que os outros possam elogiar. E deve ser ao contrário; fazer por Amor! Deus não quer tornar ninguém alienado, e para que Ele possa fazer a parte dele, precisamos dar o primeiro passo. E, se fico esperando sentado, ouvindo, não manifestando, não falando nada, estando como aquela mulher prostrada na cama, ele não age!

Jesus já se aproximou de você, já se inclinou sobre ti, não chamando os capacitados, mas capacitando os escolhidos, e você o é. Não há aquele que seja discípulo, sem ser missionário! É preciso estar a serviço! É no meu relacionamento com Deus, e Deus no meu relacionamento com os outros! Não é ficar esperando alguém chegar e dizer: “coitadinho!” Bem feito! Se, está passando por esta situação, a culpa é sua! Discordo da frase: “Servimos a Deus no amor ou na dor!” Pois se venho servir a Deus na dor, logo que a dor passar, abandono a Deus! Vejo que é no amor que está o serviço e quanto tempo a sogra de Pedro ficou esperando, sendo que febre naquele tempo era toda a doença que acamava uma pessoa! O envio a ser missionário é: no casamento, na família… Como a sogra de Pedro, somos curados e enviados a servir! Ele nos quer pessoas curadas para servir!

Transcrição: Rogério Viana

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