Como nós vemos nos quatro Evangelhos, os quatros escritores obedecem aquilo que é escolhido por Deus. É o Evangelho visto de quatros pontos de vista diferentes.
Um escritor era discípulo de São Pedro, portanto, temos a experiência de São Pedro no Evangelho de São Marcos. O outro foi escrito pelo discípulo de São Paulo, tivemos a experiência de São Paulo através de Lucas; mas os outros dois foram escritos pelos próprios evangelistas: São João, o discípulo que Jesus mais amava, e São Mateus, que era chamado assim porque cuidava do dinheiro.
O Evangelho de hoje conta a conversão de São Mateus de uma maneira bem breve. Um dia quando ele estava sentado no local onde trabalhava, na coletoria de impostos, Jesus disse para ele uma palavra: “Siga-me”. Por isso o nome inicial para os cristãos era seguidores. Mateus deixou seu balcão [de trabalho] e seguiu Jesus. Você pode até pensar que essa é a história de conversão mais curta que há, mas é apenas o resumo de uma experiência muito longa. Mateus já tinha ouvido, bastante, Jesus pregar no templo, e via como Ele cuidava dos pobres e doentes. No seu coração, ele já tinha se tornado discípulo, mas não tinha coragem de dar os passos por medo dos romanos e também por medo de Jesus não o aceitar. Bastava uma única palavra de Jesus para que ele fosse discípulo, pois em sua mente e coração ele já tinha se tornado um, só precisa de uma palavra de aprovação. E foi isso que Jesus fez.
O povo daquela época não acreditava que um homem como Mateus pudesse mudar de vida; é por isso que eles falaram para os discípulos de Jesus: “Vejam o que mestre de vocês está fazendo, ele nem sabe que Mateus é um pecador”. Mas Jesus deu a Boa Nova: “Os que estão saudáveis não precisam de médicos e sim os doentes. Aqueles que se acham santos não precisam de Deus para mudar de vida, mas os pecadores é que precisam de Deus para mudar de vida”.
Os judeus apenas acreditavam no Antigo Testamento, por essa razão Jesus pediu que eles o lessem para ver o que Deus dizia a respeito disso: “Eu não quero seu sacrifício, o que Eu quero é compaixão e misericórdia” (Oséias 6,6). Então Jesus diz: “Eu não vim para os justos, mas para os pecadores, para chamá-los ao arrependimento” (Lucas 5, 32).
Isso é âmago do Evangelho, Jesus veio acima de tudo para nos dizer que qualquer que seja nossa vida de pecado, Ele está ávido para nos perdoar.
Havia um livro no meu seminário que se chamava “Santos para os pecadores”, o qual narrava a história de uma lista de pecadores que se tornaram grandes santos. Vocês têm de compreender que eles tiveram de mudar de vida para serem santos. É isso que Jesus veio fazer e a Igreja está fazendo.
Maria Madalena era a maior pecadora no tempo de Jesus. Era uma prostituta que ficava de cidade em cidade com os soldados romanos. O nome Maria Madalena significava "Maria prostituta". O Evangelho nos fala da sua conversão, que ela lavou os pés de Jesus com lágrimas e os secou com os cabelos. O Senhor foi criticado por isso, mas Ele disse: “Ela teve muitos pecados perdoados porque ela muito amou, porque ela me amou muito ela foi muito perdoada” (Lucas 7, 47). O que Jesus quer de nós é muito amor. Aqueles que amam muito a Deus recebem muito perdão. Jesus a escolheu para ser a primeira mulher a anunciar a ressurreição.
São Francisco Xavier era um aluno muito inteligente e tinha objetivo de se tornar um professor famoso. Santo Inácio de Loyola olhou para ele e percebeu que havia alguém na França que poderia fazer o seu trabalho, e ensinou a ele esta passagem bíblica: “De que vale ao homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma” (Marcos 8, 36). Esses versículos mudaram a vida de Francisco, ele veio pelo Sul da África depois Índia, e foi em primeiro lugar onde eu moro (melhor cidade da Índia). E eu sou um descendente daqueles que foram convertidos pela colonização portuguesa e se não fosse Francisco Xavier eu não estaria na Canção Nova agora. A igreja onde eu fui batizado foi inspirada por Francisco Xavier. E todos esses frutos na região de Bombaim são de Portugal.
Ouça: Padre Rufus fala dos ensinamentos de Santo Inácio de Loyola
Como hoje celebramos São Mateus, Deus está nos dizendo que não há limites para que Ele possa operar uma obra nova. Deus pode usar pessoas como Maria Madalena e São Paulo para mudar o mundo.
Precisamos prestar atenção na primeira leitura de hoje (Efésios 4,1-7.11-13), este livro nos diz o que a Igreja deve ser e fazer. Você não pode mudar o mundo apenas com planos, a única maneira de mudá-lo é tornando-se um outro Jesus.
E o que significa ser um outro Jesus? E primeiro lugar, devemos lembrar que somos uma única família. Porque temos um Deus que é nosso Pai. Quando nós viemos para participar de um encontro deixamos nossas famílias, mas aqui formamos outra família. O Concílio Vaticano diz que temos um único Deus, então, somos filhos do mesmo Pai, formamos uma só família, somos todos irmãos e irmãs. Em segundo lugar, devemos nos recordar que somos batizados em uma única fé, somos batizados em Jesus Cristo, portanto, somos um único corpo. Todas as partes do seu corpo são você. Nada é tão único como o corpo humano, e nós somos um único corpo de Cristo. Em terceiro lugar, devemos recordar que fomos batizados por um único Espírito, o Espírito de Jesus, um dom de Deus, e porque temos um único Espírito em nós, nós mostramos uns para os outros a forma de se comportar. Quando vocês falam, todos falam da Palavra de Deus. Quando vocês olham uns para os outros devem se olhar do mesmo jeito, expressando alegria.
O cardeal, que ajudou a promover a RCC (Renovação Carismática Católica), falou no Concílio Vaticano a respeito desse moviemnto eclesial. Ele sempre me perguntava: "Quando você encontrou Jesus?" Na verdade, queria me perguntar como encontrei Jesus de uma forma tão pessoal. Ele tinha a certeza de que os cristãos do mundo inteiro tinham alegria em seus olhos. A alegria cristã é sinal do Espírito Santo.
São Paulo dizia que nada pode nos dividir. Você pode ter diferentes dons, pregações, curas, mas nada pode nos dividir. Certa vez, quando eu fui a um retiro nos Estados Unidos, fiquei na casa de um homem muito rico; e ele disse que tinha de ir mais cedo para o grupo de oração porque era responsável por organizar as cadeiras. Era um homem rico, mas tinha esse ministério: organizar cadeiras. Não deixe que os dons os divida!
São Paulo disse que tudo mais não tem importância, a não ser uma coisa: que todas as pessoas reconheçam em nós Jesus Cristo. Por isso, ele diz: “Eu vivo, mas não sou eu quem vive, é Jesus quem vive em mim” (Gálatas 2, 20).
Transcrição e edição: Willieny Isaias
Áudios: Célia Grego
Fotos: Renan Felix
(12) 3186-2600